A Ed. Costelas Felinas e o Clube de Poetas do Litoral em parceria realizam o concurso Cardápio Poético.
O concurso é aberto a todos os interessados do Brasil ou do exterior (desde que escritos em língua portuguesa).
NÃO HÁ TAXA DE INSCRIÇÃO -
INSCREVA SEU POEMA PARA O MÊS DE SETEMBRO/2014
INSCREVA SEU POEMA PARA O MÊS DE SETEMBRO/2014
maiores informações: cacbvv@gmail.com
COMO FUNCIONA:
O concurso inicia em novembro de 2013 e termina em novembro de 2014 -
SELEÇÃO:
Serão escolhidos 02 poemas por mês - O poeta selecionado poderá participar quantas vezes quiser durante o ano.
PREMIAÇÃO:
COMO PARTICIPAR: ATENÇÃO
TEMA E ESTILO: LIVRES - (não precisa ser inédito)
- cada poeta poderá participar até com 02 poemas
- o poema deverá ter no máximo 15 linhas/versos -
- os poemas enviados para o concurso não serão retirados depois
- NÃO USAR PSEUDÔNIMO - (somente nome verdadeiro ou literário)
- caso contrário será desclassificado pelos jurados.
- deixe seu poema como comentário logo abaixo - inscrição até dia 26/09/2014.
ATENÇÃO: - seu poema não é postado na hora. Confira sua participação olhando mais tarde seu poema no comentário.
PARA VER OS POETAS SELECIONADOS DOS MESES ANTERIORES - clique Aqui
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Comentários
E quando tudo dá errado,
resta-me ser feliz assim mesmo.
Ficar triste pra quê?
Amanhã é um novo dia, com chuva
ou com sol, amanhã é um novo dia.
A vida prega peças, mas nós somos protagonistas,
e podemos fazer muito bem essa peça.
Ficar triste pra quê?
Se amanhã, tudo pode mudar.
E se não mudar?
Ficar triste pra quê?
A felicidade chega quando menos se espera.
- E se não chegar?
Eu prefiro acreditar que ela vai chegar!
Janiele Marinho
A felicidade é breve, meu amor
eu vivo lhe dizendo isto
a flor que me deste
caiu, já murchou
a mão que me envolveste
inteira, fragmentou
você ouviu bem, meu amor
o tempo e sua memória
doce e amarga
envolto com a intensidade
que exige a vida
ontem saliva
hoje soluço
você falou bem, meu amor
viver e amar
é guardar uma caixa de conchas
Adriane Lima
Para além da pele
Alguns homens buscam costas desnudas...
Outros, a entrega d'alma, sem medos.
Afinal, a melhor flor não se desfaz da pele:
ela está eternizada no corpo que a suporta,
confortando, e dando alento,
àqueles que têm o prazer de a despetalar.
Sem que se arranque nada, nenhuma pétala,
a corola não se esfacela...
Surgem declarações, apenas, segredadas...
E um amor que flui, saboroso,
ao sabor vermelho das encenações.
Nijair Araújo Pinto
Crato-CE, 9 de agosto de 2014.
22h22min
.:.
Padrão cultural
A: – Nove vezes oito?
B: – É...
A: – Vou facilitar pra você... Oito vezes nove?
B: – Setenta e quatro? Risos.
(Eles estão sendo filmados).
A: – Quantos centímetros tem um metro?
C: – É...
A: – Quantos dias tem um ano bissexto?
C: – Tomei todas hoje, bicho! Risos.
(Eles estão sendo filmados).
A: – O que você faz?
B: – Sou famosa. Já fui capa de revista, não lembra?
A: – E você o que faz?
C: – Sou famoso, rapaz!
A: – Sou o anônimo...
Nijair Araújo Pinto
Hoje escrevo versos tristes,
Na vã esperança de que um dia valham à pena...
Ou, quem sabe, que sejam lidos
Por um coração que os entenda.
Espero que os meus versos sejam,
Não só lidos, mas escutados,
Por uma alma bondosa e compreensiva,
Que entenda o que eu entendo
Sobre o real sentido desta vida.
Um dia, quem sabe,
Após mais esta fase dolorida,
Espero fazer lindos versos de amor.
Que a tristeza seja apenas memórias do passado,
E que ninguém mais duvide da minha dor.
Raniery Dantas de Abrantes
ranieryabrantes@yahoo.com.br
teu discurso maquilado
solta flatos
e dói-nos o osso
rosa ramos
Na rua o menino
Tão pequenino
Pedindo pão
Meu Deus, que susto!
Que mundo injusto
Que gente tão grande
E sem coração
Que sofrimento
Não tem cabimento
Pobre criança ao desalento
Sem ter solução
Hoje criança nessa situação
Amanhã um adulto
De arma na mão!
Jussára C Godinho
Quando minh’alma se aquieta
E tudo desanima
Como um grito de alerta
Chega, inunda e ilumina
Como uma porta entreaberta
Entra aquela música divina
E me reporta
E como asas me transporta
Abre meu coração de menina
Chego ao céu, sinto uma estrela
Que me ensina, me anima
Oh! Música Divina, alento da alma
Luz, ar, alimento
Traz tanta paz e me acalma...
Jussara C. Godinho
Não gosto,
Não quero,
Não vou,
...É só o fim.
Ontem eu vivi como hoje,
Pensei no blasfemo do destino.
E as trapalhadas que eu vivi.
Pensei, a despedida chegou.
Fim, igual á morte...
Palavra até então irônica...
Ditas por mim.
Despeço-me com um abraço,
Com um desejo de retorno,
E com um gozo no sucesso
Que um dia encontrara.
Renan Junior
16/03/2000
http://sitedepoesias.com/poetas/RENAN+JUNIOR
O coração é fétido,
É injusto, querendo sempre saindo do susto.
A realidade da corrupção humana,
Tanto dos valores como do sentimento.
Torna a vaidade, a miséria e o descontentamento
Coisas normais no nosso cotidiano.
Renan Junior
20/07/2009
http://sitedepoesias.com/poetas/RENAN+JUNIOR
descrevo o meu gênesis,
o meu começo, o início de tudo.
introduzo meus versos repletos de luz!
e no meu próprio éden desconhecido
crio meu fabuloso jardim, cheio de árvores...
mas são árvores do conhecimento, minhas poesias.
reinvento palavras, descrevo sentimentos!
mergulho num rio sereno,
mas com cuidado para não me afogar.
o conhecimento é vasto e creio em sua infinitude,
por isso não mergulho no fundo do rio...
porque ainda não aprendi a nadar,
porque há sempre algo a se aprender,
porque o conhecimento é vasto e infinito!
Antonio Félix da Silva Neto
União, Piauí
Todos os dias aquele menino corria pelas ruas
Com os seus pés despidos.
E vendo a lua cantar ao seu ouvido
Paro pra pensar...
Sinto no peito lamentos distintos
E assim vou caminhando entristecido
Com passos flébeis
Pois aquele pequeno menino
De apenas três anos de vida
Deus levara para a eternidade
E tudo por causa de uma bactéria.
Restara-me agora somente a saudade
E esta solidão que me devora
Agora tornou-se minha melhor amiga.
Antonio Félix da Silva Neto
União, Piauí
Sou apenas isso e você já sabe quem sou.
Não me empresto, mas presto pra um amor.
Me arrisco e risco o Sol que a chuva apagou.
Acabou o riso, meu livro se desmanchou
e não fui poeta, nessa vida, nessa ida, eu apenas fui iludido.
Me canso e já não corro, não existe pressa.
Me atiro no morro e caio no muro de pé como um gato morto.
E sinto o vento; meu vento, meu vento, MEU VENTO, me vejo.
Me esqueço. Já não sei mais quem sou.
Me escondo, me culpo e choro e fumo.
E dentro do meu muro, eu sussurro: Meu amor.
Sou livro e tenho palavras que ninguém mais usou.
Nicole Dantas da Silva
Papel.
Meu papel.
Sou de pedra fina, capaz de se quebrar fácil, fácil.
Mais não quebro. Estou aqui inteiramente despedaçada e inteira.
Estou aqui reconstruindo meus pedaços, estou construindo.
Me construindo. Estou rindo-rindo e indo. Estou só.
Desfaleço rápido, rápido.
Não sei bem pra onde ir, mas estou indo e rindo-rindo-rindo.
Papel, meu papel.
Me deixe ser igual a ti.
Se eu for rasgada, serei colada, mas se sou pedra e alguém me quebra - já não serei mais nada.
Papel.
Meu papel.
Ser pedra não é pra mim.
Nicole Dantas da Silva
À beira de um rio,
toda inquietação deixe.
E mergulhe, num desvario,
para bailar com os peixes.
(Edweine Loureiro – Saitama/ Japão)
Ossos dos meus ossos
Carne da minha carne
Esta foi a exclamação!
O brado de Adão.
Mulher agora existe
Para ajudá-lo a viver melhor...
Mas o pecado entrou no mundo
Criando a destruição.
O que era perfeito e belo
Jaz em meio à escuridão.
Por uma mulher – Eva – veio o erro...
Por outra – Maria – a Salvação (Jesus)
Deus faz certas todas às coisas
Não importa a situação.
Leandro Martins de Jesus
Infância:
Tomar café
Na casa da tia.
Velhice:
Tardes sem fé,
Xícara vazia.
(geraldo trombin)
Como estancar
a queda d’água
se há cataratas
nos meus olhos?
(geraldo trombin)
no cume
meus pés
cobertos de formigas
trabalhadeiras
eu sou vagabunda
como a onda
que crepita
lá embaixo
pés, mel, dissolução do corpo
no ato do alto.
Vivian de Moraes
04/09/2014
Meu pensamento voa sem asas
Vai longe
Me leva nos braços
Chego ao destino
Encontro a mim mesma
Ainda me procurando
Ainda pairando
E nesse achar e não achar
O mais importante é voar
Sabrina Dalbelo
Coisa ruim é assim
Tal qual água suja
Enche tudo de rusga
Entorta e enferruja
Ter boas toalhas para secar
Ter calma no olhar
É bom antes respirar
Senão ela vai contaminar
Deixe a água ruim passar
Você nem vai lembrar
Coisa ruim cria intriga
Água ruim cria mofo
Para as duas, a solução é LUZ
Sabrina Dalbelo
"Parece até vanguarda
Falar de amor
Querer só o simples
A simplicidade coberta do que é amar
Sentir é tão complexo assim?
Para mim é tão simples
Mas os que complicam me levam na dança
No quanto é complicado amar
Só quero um sorriso sincero
Um dizer que me proteja
Desse mundo sem amor
Só quero um abraço profundo
Uns braços de alma teu
Meu bem, não esqueça do amor." — Erick Fernandes Ramos
Um minuto, uma hora, um dia.
O tempo devagar ou apressado,
Na nossa vida passa rápido.
E nunca se faz de rogado.
Por isso a hora de ser feliz é agora,
Não ontem, nem meio dia.
Mas nesse instante, no alvorecer de um novo dia.
Se ontem não foi feliz,
Esqueça e tente de novo.
O momento é agora,
Para você fazer um renovo.
Amor Fatal
Ele vem e me beija,
Possui-me e me domina.
Acorrenta-me e me atormenta com seu jeito de menino.
Mas ele é másculo e forte,
Virial e ardente.
Penetra-me até a alma.
Ele me queima levemente.
Quero-o para sempre.
Mas sei que é ilusão.
Ele me ama hoje,
Mas amanha vai machucar meu coração.
Não importa, não tem jeito.
Já estou arrebatada.
Quando ele me toca ou me olha,
Sinto-me desgastada.
De dentro de mim ele suga,
Minha energia vital,
Para depois me dizer adeus.
Ai que triste amor fatal!!!
Às escuras procuro, à luz do dia,
Um limite que faça a dissenção
Entre o louco oponente da razão
E o doutor que produz filosofia.
Entre quem arquiteta a poesia,
No seu plano utópico e majestoso,
E o simples sujeito mentiroso,
Que na mente tem mundo magistral,
Transformando esta fuga ao surreal,
Num eterno viver misterioso.
Paulo Gracino
De uma rua escura e silenciosa
Sai marchando, promissor, o demente
Do mais intenso pico de prazer
O louco saciado e sorridente
Penetra a casa como a uma mulher
Toma o banheiro como a uma criança
A água quente de arrombar os poros
Varrendo hemácias alheias em dança
Desfruta dos sabores decorridos
E suspira de um modo muito lento
Na calmaria vivem gritos de dor
E gemidos de contentamento
(Wlange Keindé)
Na superfície, o mundo era tão simples que eu dormia
Mas de fato, a balbúrdia em mim ainda chamava
Liberdade, vento
E o movimento de uma garota com cabelos dizendo oi e tchau para a cintura a cada passo de balé
(Wlange Keindé)
***********
AMOR ENTRE MÃE E FILHO (A) S
Quero sentir,
Que esse sentimento...
De amor entre você
Filho que chorava
E me chamava de mãe,
Que se transformou em sonho
E hoje tudo foi levado ao vento...
Transformando em uma triste lembrança,
De uma fatalidade do destino,
Onde arrancou meu amado filho de mim...
Que levou embora seu sorriso para sempre,
E se calou como uma saudade
De uma partida estúpida deixando marcas
Presentes entre a realidade e o imaginário
De uma mãe que se cala na dor da perda.
Viviane Balau
*****************
Tolos
Como os planos
Prefiro ser cigano
Cheio de mistérios
Em um falso engano
Nobre
Como a sorte
Sem sul ou norte
Acordo
É tudo
Marcelo Ignácio
Divã do pensamento
(Marlin Balbuena Bremm)
Na solidão de mim
coloco-me a meditar...
e por telepatia,
o convido a se sentar.
Neste momento,
no divã do pensamento
é que tudo acontece.
Nossos corpos se completam,
nossas almas se enternecem.
Pelas ondas do pensamento,
nos amamos loucamente
e nas curvas do tempo
eu me encontrei.
Naquela rua de terra eu passo devagar;
não pelos buracos, ou pedras no caminho,
passo devagar, devagarinho;
na esperança de te escutar,
numa canção ou num gemidinho;
que me chama com carinho
e por 10 segundos eu posso parar.
Josenildo Ceará
Por que me chamam de poeta?
O verdadeiro poeta tem sensibilidade
abre o coração e escuta teus segredos
te faz sonhar sem sair da realidade
de forma sutil, não usa os dedos.
Eu sou apenas um rabiscador
que se perdeu por aí no tempo
que não soube brindar o amor
pelos anos lacrado por dentro.
Portanto não me chame de poeta
porque nunca desenhei a vida
nunca tive uma sintonia completa
nem com você, minha preferida.
Josenildo Ceará.
Pode chegar setembro,
venha de mansinho, amenizando as dores,
apareça sorrindo, reavivando os amores,
traga suas cores, desabroche suas flores,
desperte nossa paixão, reaqueça nosso coração,
aproveite o ensejo e nos embriague de desejo.
Maria do Carmo Guimarães Rodrigues
As duras, brutalizam.
As suaves, acariciam.
As frias, enrijecem.
As gentis, aquecem.
As grosseiras, machucam.
As divertidas, animam.
Podem surpreender.
Podem entristecer.
Às vezes temerosas.
Às vezes bondosas,
mas sempre poderosas.
Guardo só as que me são caras,
num lugar especial, dentro do peito.
As que ofendem ou menosprezam,
ah!, essas, não me dizem respeito.
Maria do Carmo Guimarães Rodrigues
“Mesmo a Lua no esplendor de suas sete faces, não se compara ao espetáculo épico que cinco segundos do teu sorriso proporciona e nele eu caio, cativo e vivo e tão somente em balbucios o chamo de brilho intenso. Assim de um sorriso se faz alegria e desta alegria um poeta se inspira e por mais distante que seja a musa, ele poetiza em versos simples, que a beleza é capaz de encantar, elevar qualquer espanto e que o fulgor daquele belo rosto sem compreensão fez dela musa, e dele coração.”
Robert William
Amores, dores e pavores
Providos de almas tolas, regados por pobres de sentimentos
No cume da sua felicidade tornam cheios de angustia
Povos pobres de fé
Que sem motivação se reduz ao pó
E deixa prevalecer em sua garganta um nó.
Sentimentos nulos de prazer elevam seres ao ápice
Da incerteza humana, onde seu consolo é tolo de idéias e sem opinião!
Quem sabe de amor levante a mão...
Porém não diga besteira, pois existe em risco um coração
E se for dizer ou cantar, faça o mais rápido possível
Raízes de outra vida, luzes de outro sol
Trouxeram-me a tona, lembranças (...) de quando feliz eu fui.
Antes de ser tolo, sofrer de angústia e chorar de dores
E implorar por amores.
Recordei-me de como era bom sentir prazer.
Amores, dores e pavores, de um ex- poeta que sobre tudo escreveu
Que nunca se intimidou!
Porém desde cedo chorou
Só deixou de herança sua memória, minha vida, quatro estrofes de uma historia.
Aprendi em vida que sofrer faz parte e que amar é uma arte,
Que se pode ser feliz e também ser enganado, pode sim ser inocente e ser julgado
Porém a mais brilhante das lições aprendi poetizando...
Que viver é por auto... Estar amando.
Robert William
Fecho meus olhos,
E caminho sem medos...
Viajo por lugares
Belos e sem fim...
Entrego meu espírito,
Para contemplar o seu.
Acredito nessa luz
Que reflete em minha pele.
Sinto a suave brisa que
Acarinha meu rosto,
De perfume delicado que
Recende minha alma.
Sua doce voz
A contar histórias
De sonhos impossíveis...
Mas porque tocas assim meu coração
Se nada tenho a oferecer-lhe?
Senão..., o prazer de estar em sua companhia.
Carlos Vitor dos Santos Mailart.'.
A pedra que sustenta
Sua casa... Seus passos... E seu Templo...,
Guarda em si o silêncio dos sábios.
Emana uma “Luz” que;
Por mais que me esforce sequer consigo por vezes iluminar
Meu próprio caminho.
Na sua grandiosidade,
Revela a força que jamais tive...
Desenha sua beleza maior,
Através das mãos daqueles que verdadeiramente
A amam.
Carlos Vitor dos Santos Mailart.'.
Engenheiros
no meu cérebro - cantam,
constroem ideias
de alvenaria,
são mais de mil
duendes travessos,
que se recusam
a trabalhar de dia,
e não há
nenhum suspense,
eles estão no hall
onde reside a alegria,
dentro do todo,
mas numa caixa vazia,
e se você reparar
não são nocivos!
Apenas engenheiros
fabricando a melodia,
a qual se distende
em castelos,
por sob as linhas
da caligrafia,
engenheiros da lua - de Urano
e edificadores,
da própria poesia!
Edison Gil
Temos que queimar os livros,
todos!
inalar a fumaça que sai dos livros
— e talvez sabê-los...
[André Foltran]
Meus pássaros não param de morrer.
Esta manhã dois corpos recolhi
: um na esquina onde te perdi,
outro à janela em que me vi perder.
Duas rasas covas ternamente abri,
pois cada morto é parte do meu ser,
e como eu não soubesse o que dizer
um epitáfio a cada um escrevi.
Ao meu primeiro pássaro: Aqui jaz
um amador que, por perder uma asa,
dormita, agora, em ninhos abissais.
E ao meu segundo pássaro: Aqui jaz
a pomba branca que fugiu de casa
e não retorna nunca, nunca mais...
[André Foltran]
Acende
Caldeira
Aquece
Esquenta
Ferve
Transborda
Queima
Ama
Grita
Silencia
LUCY COELHO
Não sei de onde brota
Tantas palavras na minha mente
Me sinto embriagada
De emoções que não defino.
Meu coração é um oceano
Cheio de poesias
E não sei nadar.
Meu salva vidas é um lápis
Minha boia é uma folha.
Lucy Coelho
O telefone toca, toca,
vibra, você atende logo,
como sempre.
É uma ligação a cobrar.
Você deixa entrar:
pode ser algo sério,
uma fatura vencida,
algum óbito, acidente,
um problema na família etc.
- Te amo! Tchau!!
E você fica a ver navios...
*
Antonio Cabral Filho - Rj
Haviam dois papéis
sobrepostos na mesa
e ambos eu ganhei
o do politico que confiei
e o de trouxa que me tornei.
No entanto
sem alternativas
e como bom brasileiro (?)
vou engolindo estes mesmos
(os papeis)
por inteiro.
(Que papelão)
- Levindo Último
Um bom
momento
vivido
não deixa dúvidas
apenas
saudade.
Levindo Último.
Sou uma pedra
Sou uma flor perdida em um vale,
Sou um diamante no seu estado bruto,
Me colhe e me lapida,
Me tire do vale,
Me faz sua joia.
Não deixa a flor do vale
Morrer de sede,
De sede de você.
Não deixa a pedra perdida,
A pedra perdida,
Perdida por você.
Lucy Coelho
**********************
Perdão, de fato.
A liberdade é questionável,
O certo é controverso,
O verdadeiro é fictício,
A realidade é utopista.
De quando em quando
Tudo que olho é duvidoso,
Salvo o perdão,
Pois este
Sendo tão desumana a humanidade
Só o mendiga o deveras humilde
E só o concede quem, de fato, possui amor.
(Suely Alves)
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Ah, essa dor!
Qual a dor mais forte?
A do parto, dizem.
Mas, nego-me em concordar.
A dor do conceber é impetuosa, bem sei,
Todavia junto a ela nasce a febril alegria do gerar.
Como taxá-la como a mais forte
Quando se sofre a dor do “não”?
Dói o ego, a alma, aquele órgão pulsante que denominaram coração.
Essa dor
Do não pode, não abrace, não beije, do não vou, não venha, não quero,
Do não posso ser, não posso ter, não... Ah! Esse predominante “NÃO”
Pode parecer-te aberrante, a minha opinião.
Mas é a minha.
Enfim,
A dor do “não” me foi maior que a do parir!
(Suely Alves)
Fascina-me
as suas cavernas,
ainda que em caos,
são eternas!
Até então refeitas,
porém, modernas.
Fascina-me
o teu âmbito
de estar unido
e de estar só,
de ser pedra
e de ser pó.
Fascina-me
o teu jeito
esculturado
e mal feito!
Sem forma,
porém, perfeito.
Fascina-me
a sua arte
de rejuvenescer
durantes os anos,
profano,
as leis e Urano.
Edison Gil
Nota: Miranda é uma das luas de Urano, que cientistas acreditam ter se reconstruído de suas próprias partes.
Muito, muito difícil competir contigo.
Admiro tua criatividade e construção.
Sabrina Dalbelo
Repúdio engrossado em tachos de barro
Vertido em pesar, melaço de si
Em seivas agrestes do chão de piçarro
Goteja, mascavo, o travo do fim
Eduardo Ozorio
Roncou o vermelho possante
Dez graus na escala Richter
Rabeou de cauda
Empanou o povo
Se atirou no todo
Avistou o azul diamante
Metros e metros consomem os segundos
Mostrou-se no espelho
- Vai, desgraçado!
E o beijo ensopado.
Eduardo Ozorio
Se um dia voltares
Como receber-te?
Após longa espera
O que dizer?
Ainda sorrirei
Ou chorarei?
Diante de ti
Continuarei a querer-te?
(Laila de Mauro)
a lua mergulhava no perequê-açu
a morena descalça balançando os negros cabelos
a maré tomando as ruas de pedra
ciranda rodando explodindo o coração
ignorando conselhos de família
e culpas recitadas nos provérbios
dias de paixão
as canções embalando
os corpos suados
eclipsando no luar
o ardor incendiando a cidade
então morreríamos em paz.
Flávio Machado
tenho a memória das coisas perdidas
frasco de desodorante
chave na porta
hora de tomar remédio
luz acesa
televisão ligada
horário do trem
abraço de ninguém
para rostos sem nome
para nomes sem rostos
esqueço os poemas que não escrevi
retorno à casa da infância
sem remorso pelo assassinato dos pardais.
Flávio Machado
Você voltou, enfim!
Por que a ausência tão longa? Por veneta?
Deixar de vê-la linda desse jeito foi tão ruim!
Marca logo, de novo, na cama, minha silhueta.
Se eu abria, ansioso, a minha janela
e você, minha rainha da noite,
não entrava, graciosa, por ela,
a solidão me abatia em sofrido açoite.
Desculpe o que eu fiz.
Nem sei o que foi, mas, enfim,
faça-me bem feliz.
Não me deixes mais, assim.
Mario Rezende
Uma flor balançando ao vento,
enfeitando a primavera
cheia de aromas e cores
que convidam os insetinhos
a distribuir o seu amor,
é como uma boca de mulher,
macia, suave e aveludada;
fresca, atraente e dissimulada,
que conquista com todo jeito
o objeto que atiça o seu desejo.
Mario Rezende
**************
CRACOLÂNDIA
Nunca vejo canto de rua
Como lugar pra descanso
Hoje se tornou casa sua
Só de vê-lo ali me canso.
Por lugar seguem destinos
De deparar com o frio olhar
Gera imagem, desatinos
Por nele flagelo encontrar.
A mente vira semblante
E sem descaso impassível
Vejo ali algum instante.
Eu sinto o ego com desprazer
Por viciado naquele nível
Onde sofre e diz ter prazer.
Autor: Emílio Soares da Costa
****************
Nasci em berço de ouro
que mais tarde virou prata,
aos poucos foi-se o tesouro...
Hoje, meu berço é de lata!
A culpa foi que o futuro
me enganou sem renitencia,
fiquei em cima do muro
com a minha consciência.
Aprendi que a humanidade
não caminha, é encaminhada,
não segue sempre a verdade...
Pois a verdade...É camuflada!
Dalva de Araujo
Esbulho os teus crimes, perdoo sem poder e permaneço um tanto caviloso, temporário, mas tripudio logo de manhã.
Após o beijo da madrugada sinto-me num festim dum inferno certo, bom inferno, e ambos vivíamos lá. Quando tenho a tua pressa,
quando a paz é numa tarde/noite derrubando maldades e silêncios, comigo, ali, regozijo, ali tranco-me na infinitude e amanheço sem medo do mundo.
O que é o hoje sem teus olhos indômitos como o mais selvagem dos cavalos , e manso como os cães recém solitários.
E todas as razões eu desconheço. Mas, se há, numa esquina a tua presença renovada, conheço mais um amor que trará outro de novo,
mas noutro instante eu logo esquecerei, assim levarei até o fim, e o amor nunca tem fim. Mas desconcerto numa saudade que nunca vivi,
mas conserto os olhos quebrados para o coração deitar no campo abissal. Se afogar e ultrapassar o mal. Exorcizar as chamas verdes. Temer.
Incerteza carece de belos versos, a incerteza carece de tudo, mas permanece como princípio, como divindade. Como lágrimas que escorrem lâminas,
crônicas saturadas, escorrem, sobem, assombram e são ainda lágrimas, são águas como a do mar, mas são cortes, são céus e dores.
Incerteza navega, incerteza revigora a certeza. Vou e nunca voltarei. Talvez, seja apenas incerteza o que abrange o meu olhar, que desmonta o dia para noite, talvez seja certeza demais o que me consome.
Talvez seja o teu olhar o meu inferno interno que preciso para aquecer à tarde, à noite e de manhã saudade.
-Diego Fernandes da Cruz
Uma sombra sem ação - encostou como uma sombração.
Tua epiderme esquivava antigamente ao som da psicodelia breve,
Agora, teu sorriso, rasga o meu numa lembrança recente como neve
que derrete e não perde sua credibilidade e inspiração.
Volto todo dia para casa após lembrar que estou sem casa.
Meu perdão pede para perder um pouco do costume de errar,
E teus olhos vidrados, embutidos, empilhados ficam a inteiriçar
minha dor - mas agora quebra a flexibilidade cultuada na tua asa.
E, hoje, sinto uma bença de capoeira, estou esperando
uma lógica para poder entender, talvez, esquecer.
Esperar uma prece dos céus do inferno que faça apetecer
o véu que cobre o meu espectro emburrado de tanta tolice, amargurado.
Diego Fernandes da Cruz
Adição (primeiro encontro)...
Somam-se os corpos nos ensejos em busca do prazer total,
Aumentando os desejos que contemplam um casal.
Subtração (namoro)...
Subtraem-se as tristezas que se repelem entre si,
Diminuindo as incertezas diferenciadas em ti.
Multiplicação (família)...
E do fruto deste amor multiplicam seus filhos,
Que crescem no calor construindo seus trilhos.
Divisão (educação)...
Mas tudo isso será impossível se não houver a divisão,
Compartilhando amor disponível, a fórmula básica de um coração.
Amadeu Bispo de Oliveira
...20 horas 31 minutos 20 segundos...
Tique-taque, tique-taque, tique-taque, tique-taque, tique-taque,
Tique-taque, tique-taque, tique-taque, tique-taque, tique-taque,
Tique-taque, tique-taque, tique-taque, tique-taque, tique-taque,
Tique-taque, tique-taque, tique-taque, tique-taque, tique-taque,
...20 horas 32 minutos 00 segundo...
Autor: Amadeu Bispo de Oliveira
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Das Horas
Esqueçam-se das horas,
Do tempo que nos perpassa
Como a mágoa que nos aflora.
Esqueçam-se das horas,
Da conversa à toa jogada fora
Como a ironia que nos devora.
Esqueçam-se das horas,
Do circuito nunca feito
Sem um “talvez” ou um mais “embora”.
Esqueçam-se das horas...
Magda Duarte.
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Réplicas do Povo
A base sustenta o topo na cadeia monetária
Uma prisão sem muros e meios condicionados
Num paradoxo de equilíbrio de pobres e de ricos
São pilares conspiratórios da oculta irmandade
Liberdade, igualdade e a tal fraternidade
Inversas por divisas, expressas por desordens
Condensadas por valores imorais
Contadas por mestres dissimulados
Opostas às leis universais
É o poder em regime de vigilância
A privacidade no controle do grande irmão
Que nega a Verdade e estimula a violência
Transformando a realidade numa grande ilusão.
Marcelo Moreira
Salvador - BA
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Glorioso Despertar
Desligue a tela da visão
E abra a janela da Alma
O Coração
Marcelo Moreira
Salvador- BA
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Desejo da Noite
Nada a fazer
Senão ouvir os cães uivarem,
O gato na calçada
Entregar uma tristeza,
Ver a beleza da lua repousar
Enquanto a sociedade só quer descansar.
Um medo vem me perturbar,
O sono quer me chacoalhar
Mas aí o dia passou,
Tudo acabou,
Quero apenas o fim da dor;
E o desejo da noite
É morrer afogada
Nas estrelas da esperança.
Gabriela Claudino
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Poesia Hedonista
À primeira vista
A poesia é simplista,
Mas seu cerne é hedonista:
Busca em cada olhar
Que lhe percorre
Uma emoção nova,
A dispendiosa alegria de sentir;
E ela, que revela a alma do autor,
Só procura propor
Ou lágrima, ou riso,
Mas sempre o definitivo
Desejo de ler e reler.
Gabriela Claudino
O sol se põe trazendo recordações
reflete um rio dourado de sentimentos
ali as saudades não são só lamentos
trazem consigo a nostalgia em divagações.
Confissões da cidade de nossa vivência
das ruas cantadas de forma profana
também tão amadas por nosso Quintana
virando alimento à nossa inocência.
Com o tempo aprendemos a valorizar
e vem como dádiva, como presente
cada momento de um despertar.
De repente o medo de nossa ausência
nos traz a certeza acesa da chama:
Quisera mais tempo no Porto que clama.
(Rudi Caldeira)
O sol se põe trazendo recordações
reflete um rio dourado de sentimentos
ali as saudades não são só lamentos
trazem consigo a nostalgia em divagações.
Confissões da cidade de nossa vivência
das ruas cantadas de forma profana
também tão amadas por nosso Quintana
virando alimento à nossa inocência.
Com o tempo aprendemos a valorizar
e vem como dádiva, como presente
cada momento de um despertar.
De repente o medo de nossa ausência
nos traz a certeza acesa da chama:
Quisera mais tempo no Porto que clama.
(Rudi Caldeira)
Que fala sem ninguém escutar...
Que aperta sem perceber...
Que dói sem fazer alarde...
Que sofre sem dar pistas...
Que chora sem lágrimas rolarem...
Que apanha apanha e não aprende a bater...
Que ama sem se esperar...
Que se apaixona sem serenata...
Que se entristece por uma pequena magoa...
Que se enche de esperança...
Que perde esperanças...
Que sempre está sozinho...
Que nunca vai te deixar sozinho
Que nas horas mais difíceis ele estará do teu lado esquerdo...
O oculto coração...
Jefferson Manoel
A mulher é música perfeita
Para os nossos corações...
Seu corpo é música, seu jeito é música
Seu sorriso é música, seus olhos são músicas
Seus desejos são músicas
Seus mistérios são músicas
A mulher é uma verdadeira orquestra musical
A mulher é a música que nos encanta
Pois quando essa musica toma conta
Do coração de um homem
Não tem jeito abala as estruturas do coração
Não tem como negar que a mulher
É a maior composição para o coração do homem...
Jefferson Manoel
Meu destino é o universo
não somente este planeta
conhecerei outro processo
e visitar cada estrela
adentrar outros planetas,
estudar novos gametas,
passear pelas galáxias
e me encantar em cada praça.
Solitário visitarei
cada casa de um amigo
seus vizinhos conhecerei.
Eu me integrando
com outras coisas, outro sol,
novo conhecimento chegando.
(Wagner de Souza)
A amarga seiva não serve de nada
e a tua imensa sombra mal abriga
o falso berço, redes de intrigas
em tua trama seca e eriçada
Nenhuma flor em ti quer ser braçada,
tornaste dos canoros, inimiga,
e as sementes negam-te a barriga
pois tua cepa é de praga tomada
Tu, de raiz às folhas és o inverno
Inútil, imponente e glacial
Mas sobrevives... do próprio inferno
E a solidez? Tão sobrenatural...
Nua de brisas ou de um colo terno
Resta sozinha, Árvore do Mal!
Cris Dakinis
A vida em seu compasso itinerante
quando floresce azul ao meu encontro,
traz devaneios que sempre demonstro
na boemia de um eterno amante.
Em meu trilhar de paixão delirante
há mil tropeços com que me defronto:
Fumo de névoas, e eis o desencontro,
sinalizando um contraponto errante.
Verso e reverso que a humanidade
procura controlar... - Desavisados!
Todo encontro leva à eternidade...
Mas desencontros foram inventados,
pois tudo dura uma efemeridade,
e os des(encaixes) são predestinados...
Cris Dakinis
a massa acrílica
monocromática
finge
incompetente espátula
amontoando
torrões a esmo
que eclodem rosas
no olhar que aguarda
a mamografia
mantra
rosa-lívido
oráculo
Deise Assumpção
Flores
Fecho os olhos e
vejo.
Fecho os olhos e
sinto.
Não minto...
de sorriso invisível
à movimentos repetitivos,
Ao jogar-se no
inconsciente
De cheiro à conspiração
não há mais que negação
do presente.
Jéssica Balisardo Coelho
*************
Voo livre
Corpo alado
Embalado pelo ar
Morro do Voturuá
Do alto um olhar
Baia de São Vicente
Renovar de energias positivas
A beleza em fúria
Da garganta do diabo
Naus naufragam
Marcelo Ignácio
*******************
Uma Sensação Matutina
Amanhecer em pedaços.
Se sentir um disfarce
Quando andar pelas ruas.
Ter, nos ombros, motivos pesados,
Nas mãos, cansadas esperas,
E pelos passos lentos,
Já não firmes, nem constantes
Seguem os pensamentos errantes,
E uma saudade alucinante de outras eras.
Magda Duarte.
A imagem estilhaçada
É parte do espelho...
É a minha face roubada
Que o espelho não restitui.
Sofrida e não cicatrizada,
Alma, que o espelho possui...
Espelho inteiro, alma quebrada.
Autora: (Poetisa Cléo Alves)
Orlândia - SP
Pousa-me aos pés, suave pena,
Carrego uma dor quase serena...
O coração tão leve leva...
Dura pena, que não pesa.
Conformada com o fim,
Tudo é brando,
Tudo, enfim!
Igual pena, vai-te voando,
Não tenha pena de mim.
Autora: (Poetisa Cléo Alves)
Orlândia - SP
Não podia ser diferente
Nossos lábios se encontraram
E no nosso olhar, só havia a gente
Eu me entreguei
Sem pudor, incoerente
Nossas mãos se encostaram
E naquele momento, só havia a gente
Eu me entreguei
Ao calor, inconsequente
E nossos corpos se encontraram
E no nosso êxtase, só havia a gente
Cristiane Abilio
nas madrugadas ásperas
sombras de prazeres passados
cinzas do verão inesquecível
à sombra sóbria que nos ultrapassa
nas madrugadas cinzas
perseguimos verões
"Perseguimos Verões", Felipe Magnus
o cassetete veste fraque
o terno é Armani
e o povo, que se dane
defesa e ataque
o som do atabaque
deve soar jamais
aos ouvidos dos generais
defesa e ataque
vendem por qualquer cheque
as almas e as terras
insólita surda guerra
muitas vidas encerra
e a dor do baque
cala no gol do craque.
"Defesa e Ataque", Felipe Magnus
Jussara Martins Rodrigues
O sol escaldante não é nada
A rua que arde não é nada
Nada é pior que o vulcão que palpita em mim
Ou a lava nas veias que teima e queima e arde
O barulho dos carros não é nada
O burburinhos das falas não é nada
O que realmente pulsa é a dor pútrida e latente
Que escapa em borbotões dos olhos injetados.
A loucura realmente não é nada
Quando tudo e nada são exatamente a mesma coisa
E eu poderia evaporar como a água deste copo transparente
Que esconde a nódoa negra que eu sou.
E agora eu pergunto: E agora?
Nada nunca e ninguém responde
O questionamento de alguém que sendo tanto nada nunca fora.
Jussara Martins Rodrigues
O paradoxo entre o existir e ser
Não é nada que não possa ser desfeito
Pois o ser se subentende acontecer
E acontecer è sempre o ser no peito
Já não existe um sem o outro, unido antagônico
Nada é sem ele ; ele é sem nada ou pode ser
E o contrário agora grita dicotômico
Frente a inexplicável essência do viver
Túrgido limbo da existência humana
Redenção que se promete e não se vê.
O que existe sem ser a nada inflama
O que é sem existir... ninguém o crê
*********
O Palhaço (Por: Fabio Rabelo)
Eu, pequenino…
diante de um palhaço
quis comprar sua graça.
Humanamente, disse-me ele
que a graça não podia vender-me,
pois era sua alma.
Mas para que eu não saísse triste
deu-me o palhaço, de graça
um punhado de risadas,
uma prece para resistir
e muita fantasia
para viver.
*******************
Tratado dos Amantes (Por: Fabio Rabelo)
Quando nos vimos
coincidimos
que teus lábios foram desenhados
para meus beijos,
teus olhos para eu navegar
e teus abraços
para meu lar.
Nos casamos naquele único encontro,
cujo assinamos um tratado:
nos reencontraríamos sempre
no anonimato dessa lembrança.
Entregai os sabores das cores
nas brincadeiras das poesias
aos vossos desejos reprimidos
das loucuras interditas
pelos laços dos vossos lábios.
Vigiai os olhares dos mares
nas valentias das vossas ausências
aos vossos pecados cometidos
das ternuras alvuras
pelos dias e noites das vossas mãos.
Almejai os odores dos amores
nas aquarelas das vidas
aos vossos corpos entremeados
das capelas adoradas
pelos apelos dos vossos pensamentos!
Danielli Rodrigues
Azul da cor do céu de brigadeiro, azul da cor da calça jeans que eu uso o dia inteiro.
Azul, azul da cor dos olhos de Chico, azul da cor do mar do Rio de Janeiro, azul da cor do jeans que eu uso o dia inteiro.
Azul, azul...quanto de A e Z tem nesse BLUE?
Azul da cor dos meus rabiscos no papel, azul da cor do Bolero de Ravel. Azul do céu, feito pincel.
Ana Helena Lopes
São Carlos/SP
Ando por aquela areia sem pressa nenhuma
Sou um alguém que quero da vida nada mais que o respiro
Respiro fundo e vejo ao fundo o azul celeste do horizonte
Que dia! Que azul imperial roubou a cena!
Quantos rebentos nasceram nesse milésimo do meu tempo?
Vejo os barcos em alto mar. Correm pra lá, velejam pra cá.
Que fome! De quê? De ter algo para fazer
Quando se está caminhando sem pressa e sem tempo
Não se sabe ao certo o que se está fazendo
O mar me coça os pés descalços
Sua água salgada agita as feridas de sangue raso
Cortes na carne, singela alma!
Nada que lhe fira demais. Ou ao menos.
Ana Helena Lopes
São Carlos/SP
E se o mar só fosse mar
Se houvesse chuva?
E se o Sol só fosse Sol
Se houvesse Lua?
E se os pássaros só voassem
Por que há o céu?
E se as abelhas só se unissem
Para fazer o mel?
E se o homem só vivesse
Para outro homem ver?
E se só caminhasse
Para onde o outro for?
E se tudo fosse por que fosse ser?
Aí sim seria porque seria amor.
Miguel Lima da Silva
A senhora não tem vergonha,
E nem pode ter.
Ela se banha no meio da rua
Em basti-dor,
E no copo que ela segura
Também cai o respeito,
Que ela engole a seco
Como se fosse o tempo,
Pois não cai
Uma gota (se-quer?!)
Das nuvens ou das pessoas.
A cidade passa despercebida
Aos olhos dela
Porque ela é desapercebida
Aos olhos da cidade.
Miguel Lima da Silva
Minha boca sente o gosto
da boca não beijada
A saliva morre e corre
Para um corpo esquecido
Que se foi, sem nunca ter ido.
Marlene Gil
TODOS VIVEM
Mesmo sem chão
Mesmo sem pão
Mesmo sem destino
TODOS FICAM
Sempre sem reação
Sempre na contramão
Sempre em desatino
Marlene Gil
****************
Labirinto
Diante de mim apenas espera
Horas se passam e nada diz
A confiança mistura-se ao silêncio
Te mostro meu interior
Entendo seu espanto
Sim! Somos longos labirintos
Sei! Há enigmas a sua frente
Mas não tenha medo
Decifra-me!
* Maíra Maia
*************
Respostas
O que há em suas reticências?
Fixo-me demoradamente em seus olhos
Esquadrinho suas falas
Levanto hipóteses
Alguma verdadeira?
Bastaria perguntar
Mas tenho medo da verdade
Alimento-me de incertezas
É preciso coragem
Esqueço tudo em seus lábios
Amanhã...
Adio as perguntas.
Maíra Maia
(Júlio B.)
Eu tomo loucura no café da manhã,
que eu me sirvo às duas da tarde,
quando eu deveria, na vida campeã,
estar no trabalho na hora covarde.
Eu cedo à fervura sem resistência,
é bem baixo meu ponto de ebulição.
E o faço sem dores na consciência,
contrariando a base da civilização.
Mas não sou louco de jogar pedra,
aprendi de cedo a esconder o jogo
pra não ser notado, mesmo penetra.
O tempo todo me atiça esse fogo
e eu gosto, eu quero, eu preciso.
Não deveria, mas não tenho juízo.
Anthurios é a sua flor
Estou me acostumando a olhar para o passado,
E vê que o passado já não é passado,
Estou me acostumando a olhar para o presente
E gostando de sentir saudade de nosso passado.
Passa muitas vezes na porta do sonho,
Sonhos como novos sonhos,
Nuvens tranqüilas
Transformando-se ao toque dos ventos.
Orações antes de dormir,
E o fechar dos olhos suave e malevolente.
A nossa cama é tão vazia sem a sua presença,
Mas o seu lugar está bem guardado.
Eriberto Henrique, Jaboatão-PE.
Muitas almas!
A velocidade é alta, mas sempre diminui,
Do mesmo modo que sempre aumenta.
Temperatura ambiente,
Aromas misturados,
E cânticos desconhecidos.
Sinto você!
Penso em você!
Preciso te sentir!
Fugir para me encontrar
E ficar quieto
Olhando o teu silêncio
Mesmo com meus olhos fechados;
Matando esse meu desejo
De amar e amar você.
Eriberto Henrique, Jaboatão-PE.
Envelhecer é saber-se.
Quando nascemos, começamos
Esse estranho processo
De ficar velho.
Descobrimos, então, que temos
partes do corpo que ignorávamos.
Porque choram,
Lamentam.
Doem
A aproximação do fim.
Não.
Eu não vi a lua,
Tampouco o sol ao nascer ou
os pingos de orvalho na flor
esquecida.
Também não vi as folhas caírem
de tanto outono
Nem a chuva escorrendo pelos dedos
afoitos da criança.
Eu não vi a lua
Como não vi seu sorriso de antes
Agora lágrimas na partida.
Eu não vi... Não vi a lua
Embora meus olhos vislumbrassem
o círculo branco
Inútil
No céu de um límpido doído
pela tristeza da
dor do adeus.
***************************
"Uni (os) Versos"
Vai... idade
Causa... (a) dor
Simples... mente
Entre... (os) tantos
Nova... mente
Washington Correa Rodrigues (Hero Rodrigues)
*******************
"Tal vez o Talvez"
Outra vez, o talvez se fez
Presente da incerteza que se tem
Outra vez, o talvez se faz
Presente na certeza que se vai
Washington Correa Rodrigues (Hero Rodrigues)
o pai reclamava a parte que se estragou do fruto
sem olhos para o viço da outra metade
e o afeto oxidava-se assim
sempre era a parte pelo todo
O pobre coitado trôpego
Fita sempre o mesmo céu
Olvida o transeunte lôbrego
Deleita em colmeia sem mel
Na alma etéreos olhos
Clamam aos vossos pés serventes
Cegos em mares de asfalto
Bentos em tonéis de aguardente
Duvida de tudo que tange
Hasteia bandeira ao céu
Por alguém que derramou sangue
Que na boca tem gosto de fel
Dyego Cortez
Dê-me licença poética
Que eu quero passar
Eu sou poeta
E não devo parar
A boca é inquieta
E as vírgulas vou ignorar
Ô, abram aspas
Pra o que eu vou falar
Por favor,
Faça minha palavra soar
Eu sou poeta, preciso ecoar
Mais licença estética
E a métrica, deixa pra lá
Eu respeito, o que quiser respeitar
Eu sou teimoso, não posso negar.
(Fred Sá Teles)
escorreguei da estrela próxima
e toquei o impossível,
observei tímido o limite do próprio infinito
acordei e tudo estava prosaico,
como numa manhã de sábado
Pedro G. Moreira
Debruçou-se
sobre o
bloco de concreto
e despejou
suas mágoas
líquidas
Pedro G. Moreira
Lembro-me daquele açude
Lá no sítio de tia Maria
Onde a água refletia
Meu rosto com plenitude
Lá estava a juventude
Que nunca mais revivi
Só me restou, por fim
A pior das crueldades
Me banhar com a saudade
Que a gente sente de si
(Jefferson Moraes)
Em tempo de tempestade, no mar,
o navio lança as âncoras
e espera passar a tormenta,
para seguir adiante ou voltar,
conforme melhor lhe assenta.
Ao porto, inseguro do retorno,
parado, impotente,
atormenta-lhe não ter notícias
da nau que partiu.
Thiago Amazonas de Melo
O mais honesto de minha parte seria mentir:
dizer que não gosto mais de ti,
que não te quero nunca mais;
para te permitir seguir em frente,
para, enfim, te deixar em paz.
Depois,
só eu continuaria preso a nós dois.
Tu poderias te esquecer de mim;
eu, nem por um dia.
Jamais te esqueceria.
Thiago Amazonas de Melo
Seja chuvisco ou chuvada
A chuva molha-me e gela
Ainda que a veja cair
Através duma janela.
Fico triste, melancólico,
Sozinho comigo só
Numa solidão de domingo
Vendo a chuva levantar pó…
(Fernando Rovira)
Seja chuvisco ou chuvada
A chuva molha-me e gela
Ainda que a veja cair
Através duma janela.
Fico triste, melancólico,
Sozinho comigo só
Numa solidão de domingo
Vendo a chuva levantar pó…
(Fernando Rovira)
Quem sou eu,
Pra negar a existência de Deus?
Tampouco sou crente
Quem sou eu,
Pra afirmar a existência de Deus?
Não sou ateia, nem crente
É algo bem diferente!
Eu falo sobre o mundo...
Uma mundana!
Uma plebeia!
Vou a nado
Por seu mar
Tentar te amar...
Vou a nada.
Onde há o riso já ouve o choro.
Se existe o choro existe sofrimento.
Se se sofre é porque se ama.
Se há amor é a prova que eu precisava.
Não deves ficar sozinha,
Envolta em suspiros, lamentações e ais.
Tens que ser só minha...
Queixou-se o vento: Aonde vais?
Alexsandro de Lima Pereira
É sim... “Tudo vale a pena!”
Pessoa, por Atena.
Herói Heitor, Tróia o crema.
Vênus inveja Helena.
N’áurea Grécia, Aurora trema;
Aquiles a flecha esprema — Crepúsculo d’uma cena...
Troianos, que lindo lema!...
Epope’a fiel — dilema,
Romance atual — cinema:
Augusta face e a pequena.
Composta então oira novena...
Hora noturna, e amena.
Soneto: arcaico poema!
Alexsandro de Lima Pereira
os seus sonhos foram roubados...
Não fui amar as mulheres pois
cuspiram em minha cara e me queimou viva...
Não fui amar as mulheres nas igrejas...
onde só falam em diabos e gritam como se alguém fosse surdo...
Não fui amar as mulheres nas dores de parto...
pois ali foram molestadas pelo vento...
Não, não fui amar as mulheres...pois me transformaram em dores e sofrimento....
ahhhhhhh....
Fui amar as mulheres sim...
Fui amar as mulheres nos sonhos, pois foi deles
que vieram as lutas para hoje termos vozes...
Fui amar as mulheres sim...pois o cuspo que deste em minha face...
transformou em ideal e forças para minhas irmãs guerreiras...
Fui amar as mulheres sim...fora das igrejas ,destruindo
o patriarcado e o moralismo machista...
Fui amar as mulheres desde que vim do ventre de minha mãe terra...
Na dor e sofrimento...sou uma MULHER...BRUXA..CURANDEIRA...ABORTEIRA...livre e selvagem...que sabota e faz da dor virar a resistencia!
(Crustaceo animalista)
Me encantam
o frio
a tristeza
a morte
pois a minha viva humanidade
não é
nem completa
nem de verdade
não é calor
ou felicidade
Viver não é não morrer
é sentir
até não poder mais
(Ricardo Costa)
"Crepúsculo d'uma cena..." é o segundo verso da estrofe.
Se a morena que eu vi ontem,
hoje não me aparecer,
vou padecer um bocado.
Na mesma hora, de campana,
empunharei uma rosa
lá na porta do mercado.
Traga ela o sorriso e os olhos
que abalaram meus sentidos,
pegaram meu coração.
Tenho pressa, não demore!
Vou ter logo com o velho,
batendo no seu portão:
por sua filha estou caído,
me conceda, meu senhor,
dessa guria a bela mão.
João Carlos Hey
Todos os dias um pássaro pousava sobre a mesa
e dizia bom dia enquanto
bicava o pão que eu colocava.
Um dia faltei com o pão.
Da janela do meu quarto
enrolada no cobertor que me protegia da gripe
vi o pássaro sobre a mesa esperando o petisco.
Quando, finalmente, lhe trouxe o pão
ele me olhou agradecido
e soltou um canto dolorido.
Compreendi que dizia
não esqueça que eu existo!
Som harmonioso, maravilhoso.
Violinos majestosos,
Flautas acariciam nossas almas.
Noite escura, notas bem acordadas
Perfuram o silêncio da madrugada.
Fiel clássico opera Fidelio.
A moça feia
atendeu o telefone
e ouviu um alô,
dito por voz que povoava seus sonhos
com o amor impossível.
Conformada com a solidão,
respondeu
é engano
e desligou rápido.
LOGO MAIS SAIRÁ O RESULTADO...