Alameda de amigos mortos:
chamam-me para navegar no barco
das parcas.
manhã com cheiro de maresia,
flor retorcida do cerrado,
morangos na cesta.
e tudo continuará.
outro café, outro domingo, outro menino,
e todo vento da memória já passou.
alameda de amigos mortos:
nauta, navio encalhado, casco, gosto de sal,
gaivota, porto, garrafa ao mar, bilhete.
alameda de amigos mortos:
além de mim, além do pó.
alguém fecha meus olhos,
após o momento derradeiro.
nada mais pode ser compensado:
fui apenas memória,
náufrago na minha pátria soberana: o exílio.
Emanuel Medeiros Vieira
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Adalberto de Melo Trindade