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Trajes Poéticos - TERÇA-RIMA

tipo de poema estrófico constituído por uma série de tercetos onde: o e o versos rimam entre si, a rima do verso fará par com o e o versos da estrofe seguinte, no último terceto é acrescentada uma linha cuja rima se faz com o verso da mesma estrofe.                       


Aos mestres santistas

O mar dos poetas inebria
Confunde mente e coração,
Ora é tempestade, ora calmaria

Vicente, cantou o mar-chorão!
Narciso, a alma do Porto
E Ribeiro Couto, o mar-solidão!

Santos, em tuas praias absorto
Admiro tua costa brejeira,
E a maresia traz conforto.

Humilde herdeira
De tantos admiradores.
Num passe de alcoviteira
Denuncio todos seus amores.

Clara Sznifer - cepelista
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Água, farinha e sal

Corte ao meio esse pão
e mate toda sua fome 
usando manteiga de ilusão.

Corte ao meio seu nome
e deixe no prato vazio
o sinal que ainda está com fome.

Corte ao meio esse cio
e deixe cair da língua
a saliva imunda do estio
deixando a vida à míngua. 

André Carrancas
********************************


VOLTA


Chegas qual pássaro voltando ao ninho,
descrente da vida que fez assim
tão só, tão sem amor, tão sem carinho.

Vagavas: botequim em botequim;
bebendo a mágoa, esquecido e tristonho,
nem mais vias as flores do jardim.

Agora o futuro será risonho,
pois sempre estive aqui a te esperar
alegre, qual dia te vi em sonho.

Verás toda a beleza deste mar
nas noites que serão cheias de ardor
e o Sol somente por ti vai brilhar

levando para ti o meu grande amor.

Deise Domingues Giannini - cepelista
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APAGÃO


O apagão apontou,
A casa se encolheu.
Será que sou quem restou?

Ou quem desapareceu?
Tudo se tornou escuro,
Sombras suando no breu.

Depois de brincar no muro,
Berram velas pelo chão.
Acendi olhos no escuro,

Luzes fiz na escuridão
E o amor dentro me alarga,
Acendendo a imensidão,

Enquanto a saudade amarga

Natan de Alencar

*****************************

E se...

E ele gritou:
- A poesia morreu!
Depois, sentou e chorou.
Havia de ser Irineu!
A vizinha balbuciou:
E, então, se escondeu.
Hei, você que contou!
O que procedeu,
O que o afrouxou?
- A poesia morreu!
Ele revelou.
E ali ninguém viveu.
Já ela, bateu asas e voou. 

Thais Pereira 
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Sensações


Olho para o mar,
a natureza sorri para mim,
sinto o meu mau humor acabar.

Uma flor que me atrai é o jasmim,
de alegria fico cheia,
quero continuar sempre assim.

Será que alguém já viu uma sereia?
Vale a pena acreditar nos mistérios,
pois a vida é uma grande teia.

Quero viver sem muitos critérios,
mas quero desvendar segredos
para ter pensamentos sérios
sem ter no cérebro rochedos.


Valéria Rodrigues Florenzano
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ERA, UM POBRE COITADO!

Era um homem comilão
Tinha um estomago
Grande , do tamanho d’um garrafão

Tinha por nome Tiago
E vivia angustiado
Por ser um homem gago

Na aldeia, não era rejeitado
Por apenas ser,diferente
Era, um pobre coitado!

No seu dia-a-dia era diligente
Nas suas tarefas de empresário
Ele até gostava da gente
Fosse lá qual fosse o cenário.

Ilda Pinto Almeida
*******************************
Desespero

Como a aurora que surge bela,
e se transforma nas manhãs serenas,
assim te vejo pálida gazela.

Sigo teus passos para ver apenas,
Teu vulto lânguido que me dilacera,
nas manhãs tão brancas, tão alvenas!

Sinto-me morto, isso me desespera...
Já não agüento, meiga criatura,
essa demora, de ficar à espera.

Já estou louco, cheio de amargura,
e peço a Deus que me dê boa sorte,
porque viver assim nessa tortura,
vai me levar depressa para a morte.

Marly Barduco Palma - cepelista
*********************************************
A JUSANTE

Na proa, de madrugada,
fumo um cigarro
e penso na amada...

Sim: ao passado me agarro
nas horas de solidão.
Frágil que sou: feito de barro.

Abaixo, o rio corre. Em vão:
para morrer de encontro ao mar;
afogando-me na recordação
de não ter onde aportar.

Edweine Loureiro
**************************************
Onde cantam as cotovias

- II

Onde cantam as cotovias
cantam outros passarinhos
canções de todos os dias...

Quando acordo no meu ninho
já cansado de morrer
não há sangue, nem vizinho

a quem possa recorrer.
- E esse silêncio lá fora
que não me deixa escrever!

Como eu queria ir embora,
voltar pras minhas orgias,
e me esquecer da aurora
onde cantam as cotovias...

André Foltran
**************************************
Na noite escura e sombria
Repousa uma pessoa
da caminhada do dia.

Na árvore, o morcego voa
procurando por sua presa
que está por perto, à toa.

O morcego, com certeza,
ao encontrá-la, porém,
abusa de sua esperteza
e ataca a pessoa também

Ludimar Gomes Molina - cepelista
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RUA SEM SAÍDA

Tenho observado as rugas no espelho do tempo,
os sulcos deixados no rosto pelos arados da vida
(mais nas colheitas do contratempo do que nas do passatempo).

A partida já está, pelo destino, muito bem definida:
chegando em qualquer posição (em último ou em primeiro),
não tem choro nem dúvida: uma hora vai ter despedida.

Já passou janeiro, fevereiro, novembro... ih, mais um ano inteiro!
O relógio tem pressa, não cessa a frenética corrida
do seu ponteiro, que é muito mais do que ligeiro.

Ah! Viver é fuga desesperada por uma rua sem saída.

Geraldo Trombin
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Poesia Azul

Sou o convite ao passo itinerante
e no vagar purpúreo, o passarinho
sobrevoando a aurora caminhante

Acolho a rosa, ignoro o espinho,
que o meu sereno faz chorar cristais
deitando orvalho morno de carinho

E teço rimas algo marginais
neste compasso de poeta amante
que devaneia versos irreais

Um Cavaleiro Andante ao Rocinante...
Douro a jornada livre de moinho,
trilho o percurso  largo do errante,
sou poesia azul... Sou o caminho...

Cris Dakinis (vencedora do concurso: Trajes Poéticos)

Comentários

Liliana Almeida disse…
Ilda Pinto Almeida:

"Grande , do tamanho d’um garrafão"' Adorei!

Parabéns!
Anônimo disse…
Nem sempre a embalagem mostra a beleza interior...parabens!
Cris Dakinis disse…
Ueba! Sabendo agora....!
Parabéns ao amigo Gera tb! :)
Anônimo disse…
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