jornal impresso enviado por Ilma Fontes
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Eduardo Waack escreve sobre os 25 Anos
do jornal O Capital
do jornal O Capital
editado por Ilma Fontes
Ilma
Fontes é figura legendária da literatura nacional, da nordestinidade e do
jornalismo alternativo. Mulher tão forte quanto bela, partiu corações e fez
muitos intelectuais reverem opiniões, embalados pela clareza de sua presença
iluminada e rara. Não é figura fácil, defende suas posturas com a mesma firmeza
com que acolhe amigos oriundos dos quatro cantos do planeta. Tenho o enorme
prazer de conhecê-la há quase 25 anos, quando um dia recebi em minha casa, no
final de 1991, um exemplar de O Capital. Meses antes, amigos comuns residentes
em Pernambuco lhe entregaram a edição nº 9 de O Boêmio, jornal por mim editado.
Era um tempo em que as pessoas se escreviam longas cartas, que o correio postal
entregava e eram aguardadas com verdadeira ansiedade. Não havia internet e nem
telefones celulares, que diluem os afetos e afastam os seres, dando a falsa
impressão que nos une a todos numa aldeia global. O mundo digitalizado sufocou
os afetos e esfriou os carinhos. Com o mesmo carinho recebi cada uma das 251
edições de O Capital que Ilma gentilmente me enviou mensalmente.
A alegria
contagia toda a família, pois este valente jornal tem lugar cativo em minha
residência, em cima do balcão que une a cozinha à sala. Sempre existe um
exemplar de O Capital à disposição de quem chega em casa e tê-lo à mostra me
faz tanto bem quanto a felicidade de respirar sem precisar pagar. Ler Ilma é
saber e sentir que estamos vivos e atuantes. Por suas páginas passaram
aplaudidos nomes da cena cultural brasileira e pequenos grandes segredos
tornaram-se públicos. Ilma vai até as últimas conseqüências para honrar seus
compromissos e posição. Exemplar cronista, ela deixa o nome de Sergipe, e em
especial sua querida Aracaju, em evidência no atlas nacional. Lembro-me das
colunas de Newman Sucupira e Mano Melo, dos poemas de Ane Walsh, Maria Cristina
Gama e Djanira Pio, da fresca elegância de Araripe Coutinho, ousado como o
perfume de flores silvestres. Lembro-me de Rosemberg Filho e Lapi, viajo com
Henry Jaepelt e Márcia Guimarães. E sou leitor assíduo dos 24 Comentários de
Jorge Domingos. Ilma é nossa grande mãe, nossa mestra, irmã e musa inspiradora.
Aonde ela vai, vamos todos nós. Seus editoriais reunidos são literatura da
melhor qualidade. E assim seguimos esta batalha num intenso intercâmbio. Somos
resistentes ao ordinário, o que fazemos é cultura popular independente e
evolucionária. O destino nos uniu. Como me disse certa vez na Universidade de
São Paulo o poeta concretista Augusto de Campos, referindo-se a Haroldo, somos
irmãos siamesmos. A primeira edição de nossos jornais foi publicada em 26 de
junho de 1991, no mesmo dia mês e ano. O Capital para mim é referência
obrigatória, é tendência, vanguarda e história. Ele me guia como um pastor
conduz suas ovelhas. Procuro dialogar com O Capital e resolver os enigmas por
Ilma propostos. E tenho em mente uma certeza: enquanto existir O Capital e Ilma
Fontes, eu sigo editando O Boêmio. Um dia sei que não estaremos mais aqui.
Porém, fizemos a nossa parte, estamos fazendo, acertando e errando, da melhor
maneira possível. Ilma é a serena lua cheia que cruza os céus da poesia e
ilumina os apaixonados na longa noite latino-americana. Ilma Fontes sou eu. Eu
sou Ilma Fontes.
- Eduardo Waack
O CAPITAL
JORNAL DE RESISTÊNCIA AO ORDINÁRIO
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O Capital - A/C Ilma Fontes
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telefone: (79) 9989-2829 - Ilma Fontes
Comentários
achei muito interessante saber mais sobre os enigmas propostos pelo Jornal O Capital, e como o editor d'O Boêmio - Eduardo Waack - tenta solucionar estes enigmas ao longo de situações de sua caminhada intelectual e literária.
Dá vontade de assinar e / ou conhecer mais do Capital. Literatura Instigante, Alternativa e de boa qualidade - eis o nosso Brasil oculto (ou a amostra) .
Apenas compartilhando as ideias que consideramos salutares e interessantes é que conseguiremos evoluir a mentalidade da sociedade; e partir para novos debates e para a prática de novas posturas.