trabalhos enviados pelos autores
“Os ricos enriquecem, os pobres empobrecem.
E os outros, os remediados, vão ficando sem remédio”
(Mia Couto)
Para os “rapazes” de 1945 (do final da
guerra) e para os que vieram depois (ou antes)
Não é viagem,
mas clausura.
Não é mar – eis
o cerrado.
Não é real –
apenas um sonho.
O país dos anos
jovens ficou na memória.
Claro: a
juventude é um sopro – como a vida.
Há flores sim, e
alguma risada.
Não é velhice?
Sim – é velhice.
Os ossos querem falar, gritar.
“Nós fomos, nós andamos, nós rimos, nós
sonhamos, nos existimos um dia”.
Ninguém escuta.
Retiro fotos de
alguns álbuns já amarelecidos.
Mas elas
resistem: nos sonhos (contra o oblívio).
Quando atravessar
a ponte – a Terceira Margem do Rio – queria que assim fosse: um sorriso de
gratidão – como um abraço apertado entre dois amigos que não se vêem há muito
tempo.
Dever cumprido?
Nunca saberei.
(Salvador, julho
de 2015)
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