Prefacial - Roberto Massoni
ENTRE O LÍRICO E O ABSURDO
ENTRE conhecer LUDIMAR num ambiente formal, de
escola, no relacionamento professor/aluna, a nos tornarmos amigos e atuantes em
vários fronts culturais, como a Casa do Poeta Brasileiro de Praia Grande,
decorreu um tempo que se prolonga até os dias de hoje, e nos quais vislumbro, na
sua pessoa querida, dois principais traços, mais marcantes: HUMILDADE E VONTADE.
Já na epígrafe deste seu livro, de frase atribuída ao lendário JAMES DEAN, esta
vontade voraz, esta voracidade, é assumida sem erro, pela nossa poeta. Para quem
decide, e luta, pela aquisição dos prazeres da cultura, e pela dedicação
aos estudos, e lança-se à Criação, a vontade, como fonte, nunca seca – pelo
contrário, só aumenta e expande. Tudo, então, lhe interessa: as artes plásticas,
o cinema, o teatro e, mais ainda, a literatura! Em cada manifestação das artes,
já tem seus eleitos, que lhe vão anunciando um Norte e Ludimar os segue,
absorvendo-os em seus próprios textos, como em GALERIA.
QUANTO á humildade, traz em si, aquela de quem
sabe ouvir – ouvir para aprender o ofício da palavra, o afeto da amizade, o
momento de ser ouvida.
De ir com seus poemas, sem cachê, às escolas públicas e particulares, em trabalho silencioso a levar a voz da linguagem poética, tão despedaçada, fora de moda, neste mundo de hoje, de poesia suja nos avessos e valores invertidos. Esta tão necessária poesia, para um mundo só de formas e pouco conteúdo.
De ir com seus poemas, sem cachê, às escolas públicas e particulares, em trabalho silencioso a levar a voz da linguagem poética, tão despedaçada, fora de moda, neste mundo de hoje, de poesia suja nos avessos e valores invertidos. Esta tão necessária poesia, para um mundo só de formas e pouco conteúdo.
ASSIM, pelo viés do tempo, eu vi LUDIMAR GOMES MOLINA ganhar
prêmios – e acertou em publicar aqui, seus poemas, vencedores de importantes
concursos literários do país – a ser participante/integrante de expressivos
grupos de estudo, pesquisa e divulgação da Literatura, a namorar o teatro e nele
se aventurar, em performances e pequenas encenações, a desnudar-se em seus
poemas, destemida, a ganhar coragem: “que eu possa para o céu olhar/ e enxergar
muitos sóis”, promessa ou determinação que, em versos simples e bonitos, trazem
reflexões poéticas, carregadas de significação.
E TOCA na lira dos seus infernos: dores, mágoas, medos, fica
de mãos dadas à morte e impulsiona um feroz duelo diário, entre Tanatos,
o deus mitológico da morte e um Eros Triunfante, o deus do amor, da vida,
do prazer e não será, acaso, neste meio-fio de luz e sombras em que andamos
todos nós?
POR FIM, merecido livro publicado, que seus amigos e
admiradores há muito já pediam, e seus poemas... Exigiam!
LUDIMAR GOMES MOLINA tem aquela alma de estudantes, daquele
estudante fascinado com a busca do conhecimento, sua descoberta/seus
desdobramentos. E que lhe propiciou resgatar alma ainda mais antiga, de artista!
– Estes grandes sonhadores de olhos abertos, deste mundo que dorme e não sabe
sonhar. Seu espírito estará atento Às inquietações e vislumbres, presságios e
humor – e devolverá EM POESIA – como elo desta cidade lúdica onde, quem sabe?
Habitam os poetas. Esta LUDICIDADE.
Beto Massoni