O
CAÇADOR DE BORBOLETAS
Cláudio
Bento não escreve. Ele sonha palavras e vai arrumando-as, com jeito menino,
como se plantasse todos os tipos de sementes, num jardim da realidade. Fico
pensando como pode um menino de beira de rio, onde seus sonhos descem pelas
ondas mansas das águas turvas do Jequitinhonha, com canoas iluminadas, desenhar
nas areias claras, essa sua poesia, que parece nascer dos céus! Fico imaginando
o mundo que esse menino carrega! Os conflitos, as dores, os amores, o luar do
sertão mineiro, as danças debaixo das bandeirolas, as pescarias, os traques, o
pé de moleque, as mangas tiradas com as mãos e ali mesmo consumidas, como se
consome o feijão, o arroz e a farinha! O menino que bebia leite nas tetas das
vacas e caminhava descalço sobre os bengos. O caçador de