"A obra de Jorge Amado nunca excitou a
academia. Os críticos implacáveis, apontavam personagens caricaturais, vazias,
enredos melodramáticos, com soluções sobrenaturais, apelando ao sincretismo
religioso, para conflitos sociais concretos; conteúdo panfletário,machista, folclórico;
linguagem popularesca,com pornografia gratuita; pano de fundo populista mais que
socialista. Havia defesas veementes de Roger Bastide, Albert Camus, Jean Paul
Sartre, Pablo Neruda, dentre outros. Para os estrangeiros, seus romances são
uma espécie de carteira de identidade do Brasil. Jorge seria um simples
contador de histórias, antiintelectual, criador de personagens que ganharam vida
própria até em outros campos da arte. Não mediu esforços para chegar ás
massas.O sucesso de público foi imediato. De certa forma Amado foi canonizado
pelos leitores, acredita Eduardo de Assis Duarte autor de "Jorge
Amado: Romance em tempo de Utopia "Ele colocou o povo como personagem para
ganhá-lo como leitor para levá-lo a se identificar com as figuras e ações
representadas em seus romances". Durante muito tempo J. Amado e Erico
Veríssimo, politicamente opostos, foram os únicos escritores independentes do
Brasil. Viveram da literatura e para ela, sem necessidade de servir ao Estado
como funcionários públicos ou lidar com censuras e autocensuras"(Sergio
Villas Boas).
DETETIVE LITERÁRIO - Jorge Amado - por Sonia Adharias