BOLHAS URBANAS
Clara Sznifer
Um roubo de que fui vítima trouxe à tona
algumas reflexões sobre a cidade em que vivemos e a convivência entre os
indivíduos nos dias de hoje.
Ao retornar normalmente
numa tarde ensolarada de Abril dos afazeres cotidianos, deparei-me com uma cena
dantesca. O apartamento todo revirado como se um furacão o tivesse assolado.
Não havia sinais de arrombamento porém jóias e dinheiro haviam sido furtados. A
sensação imediata foi de revolta e impotência.
Após os tramites inicias de
praxe, tais como boletim de ocorrência, reforço da segurança,levantamento dos
bens subtraídos, restou muito desgaste emocional e alguns problemas de saúde
relacionados ao stress.
Para tornar ainda mais
insuportável a situação, a vizinhança , que na sua maioria, convive no
imóvel desde a construção, ou seja, há mais de 35 anos, agiu e permanece até
hoje completamente indiferente à situação; fato que me leva a pensar que tal
procedimento está associada ao “alívio” que todos sentiram por terem
escapados ilesos do nefasto acontecimento.
Ora, todos sabemos quanto é
importante o apoio e o conforto das pessoas, quando nos encontramos desolados
diante de uma situação insolúvel. Principalmente se considerarmos que os mais
próximos são aqueles que podem nos atender mais rapidamente quando se faz
necessário. Afinal, qualquer um deles poderia ter sido a vítima ou pode vir a
ser a qualquer hora!
Será que a nossa gente santista, outrora
tão bem cantada em prosa e verso,pelos escritores regionais, pelos seus valores
humanitários, já não mais se comporta como os antigos? Será que a luta pela
sobrevivência, a violência urbana, nos tem tornados tão frios e calculistas a
ponto de estarmos perdendo a solidariedade?
Todos parecem se enclausurar em
seus lares, mesmo vivendo em condomínios,acuados e descrentes de que quando se
compartilham as dificuldades o fardo a carregar parece mais leve.
Espero estar enganada e que
tudo não passe de um evento esporádico!!!!