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PREFACIAL - Ventos de Chuva

Capa brochura  74 páginas rosana_banharoli@hotmail.com

Martin Heidegger é absolutamente decisivo quando afirma que a Arte é, por essência, Poesia, onde a verdade acontece como espaço de combate ocultante/des-velante. Na sua essência repousam o artista e a obra de arte, pela qual a verdade é posta em obra de um modo que nos transporta para além do habitual, quer dizer, para além do cotidiano dos homens que não nomeiam, como o Poeta, a originalidade do ser de todos os entes que são.
O poeta chileno Vicente Huidobro cita em seu discurso: "(...) Toda poesia válida tende ao limite último da imaginação. E não só da imaginação, mas do espírito mesmo, porque a poesia não é outra coisa senão o último horizonte, que é, por sua vez, a aresta onde os extremos se tocam, onde se confundem os chamados contrários.


Ao chegar a esse limite final, o encadeamento habitual dos fenômenos rompe sua lógica e no outro lado, onde começam as terras do poeta, a cadeia se refaz em uma lógica nova (...)." É uma poética de construções que desafiam o leitor, convocam sua mente e sentidos. Assemelhado à relação diante do espelho 'antes só visto através da imagem refletida no espelho', no qual o reflexo é o inverso fiel do objeto refletido. As imagens vão ao encontro de novos sentidos 'trazem crianças sem rostos' : Procede a uma destruição da significação que é criação de novos significados, com seus deslocamentos e condensações. A significação não é destruída, porém renovada. A palavra é um caminho 'ainda não encontramos dentro de nós', o caminho privilegiado que nos permite pensar, através do depoimento existencial que transmite, o Ser do ente, quer dizer, o Ser daquilo que realmente é 'ávores dançam árias', com frequência escondido no nosso discurso cotidiano 'e me recita horizontes e margaridas sorriem', no seio do qual as palavras perderam o seu referente primordial, remetendo umas para as outras e não mais para o Ser.
Entrego-me na busca de Rosna Banharoli - encontro-me na encruzilhada junto ao caminhante (Antonio Machado): não há caminho, / faz-se caminho ao andar. / Ao andar faz-se o caminho - 'na intimidade com o tempo... onde se olha e não se vê e meu rosto se afasta de mim. No caminho lavo meus pecados que não alimentam a terra'.

José Geraldo Neres


50 anos, segunda idade

Minha terra está sempre
no mesmo lugar
enquanto meu rosto
se afasta de mim

Fim

Na tatuagem rasgada
Prantos e tintas
Diluem nomes e vidas 

Guardados

Uns guardam roupas
Outros pactos
Há aqueles que guardam lembranças
Outros dinheiros
Ainda tem os que guardam raiva
Outros poemas
Eu prefiro, nos meus guardados,
As idiossincrasias

Ouroboros

Sob um céu sem estrelas
Luas certezas e poemas
Queimam os dias nas
Tristes horas incertas e vorazes
A deixar mentes irrequietas
Entre a razão e a ilusão
Nas horas que comem horas

do livro Ventos de Chuva - Rosana Banhoroli

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