“Tenho me convivido muito ultimamente e
descobri com surpresa que sou suportável, às vezes até agradável de ser. Bem.
Nem sempre”.
(Clarice Lispector)
“Nesta foto do tempo de criança/o que
mais me encanta/não é nossa alegria de infantes/mas a réstia de luz de uma
manhã/brilhando no chão de uma varanda// Ninguém apaga este sol que nos chega
da infância”.
(Miguel Sanches Neto)
Meu barco me levará até o teu sonho.
Mapeio territórios, procuro bússolas,
cartas de navegação.
Velas ao vento– singrando os Sete- Mares.
(Não quero ser o navegador do
Apocalipse.)
O barco segue comigo – como o mar.
A vela só vale acesa.
E neste barco, penso em regatas e
domingos azuis.
Voltarei a colher flores nas manhãs
orvalhadas?
Vai,
meu barco – esta jornada.
(Cantil cheio, pão de centeio.)
Segue, meu barco!
Segue.
Os veros viajantes estão no exílio?
Não quero só pranto – mas a redenção.
Navega com o meu barco – coração –, navega.
Alvíssaras!
EMANUEL MEDEIROS VIEIRA
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