Molha
a terra, inunda o canto
Sufoca
o berro, o grito, o riso
Chuva
que chove tanto
Tanto
que chove que me cala
Me
emudece e deixa triste
Chuva
que chove tanto
Que
podia regar, fazer crescer
Também
mata, maltrata
Me
deixa em pranto
Chuva
que chove tanto
Chove,
chora, pranteia
Me
faz espanto
Chuva
que chove tanto
Molha
as mentes, rega os olhos
Faz
lágrimas choverem também
Querendo
os filhos de volta
Chuva
que chove tanto
Apaga,
enxuga, meu pranto
Me
dá plantações
No
lugar de inundações
Faz
meu povo crescer
Ao
invés de matar e morrer
Oh,
chuva que chove tanto
Leva
minha tristeza pra longe
Enche
o mar e os rios com meu chorar
Derruba
minha fome
Não
come minha plantação
Não
quebra minha casinha
Não
mata minha cachorrinha
Oh
chuva que chove tanto
Por
que não lava a mente suja
De
quem não cuida do meu país?
Lava,
varre, enxagua e apaga
Toda
a injustiça que me sufoca
Oh
chuva que chove tanto
Vamos
fazer um trato
Chove
onde precisa
Para
onde não quer
E
deixa meu povo seguir
Feliz,
contente, pra onde quiser.
Valdeck de Jesus
Em
homenagem ao povo de Moçambique vítima das cheias do Chibuto
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