Não se apresse,
não se apresse, não.
Eu não venho de
táxi,
Não vou arranhar
o verbo
E tampouco
machucar a sintaxe,
Mas trago
estricnina nas retinas
E “napalm” no
natal pro teu coração.
Trago páginas do
“mein kampf”
E capítulos
inteirinhos do “alcorão”.
Venho da noite
corrompida pelos ventos
Que sopram de
Sodoma e Gomorra:
Noite de enxofre
e ranger de dentes,
Noite com
sensualidade de uma orquídea
Embalada pelo
orgasmo dos anjos
E dos bêbados da
cidade.
Venho da noite
Onde o tempo
coagula nas retinas,
O maxilar da fome
nos rumina
E o feno da
volúpia nos engorda.
Venho da noite
vasta,
Onde, no escuro,
o gargalhar sinistro da hiena engasta,
E uma sombra
negra e insone amarra o seu cavalo...
Trago, também,
nessa noite, o meu canto
Igual o crocitar
do corvo
Aguardando o
enterro do povo!
Leonardo Só
poeta clandestino
Comentários
bjo!