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Poemas - Ivan Pereira Santos Júnior





PÓRTICO

Minha poesia
tem gosto de sol
tem gosto de céu
tem gosto de sal
e cheiro de mar

Minha poesia
tem gosto de sol
tem gosto de sal
tem cheiro de mar

Minha poesia
tem gosto de som
tem gosto de sol
e cheiro de mar

Minha poesia
tem gosto de tarde
e cheiro de mar

Minha poesia
tem gosto de amor

Minha poesia é a tarde.
POEMA DA VINDA                                                                                                     

— Com a pureza de uma menina que
emerge de um jardim de
                            sombras,
ela vem, ela vem

     a perseguir-me o ideal de um amor
                                 sem  ideal

Ela surge com a leveza de um
pássaro longínquo... divagante... planando

                sobre os ventos e bradando, alto

Ela tange-me o corpo, que desfalece,
                                    absorto

Desperto
Desperto sobre laivos rubros; caminho.
Levito sobre pastos insanos  e platibandas; murmuro.
E que vejo? Não é o negror da
noite, essa terrível senhora que nos
traga qual Saturno à própria progênie?

Ela vem-me, a cantarolar incognoscíveis melodias
                            que lembram dias alegres]

Ela vem para afastar todas essas mortes
Ela vem para celebrar todos meus mortos
Ela vem para aplacar a desigualdade
Ela vem ela vem

Ela vem dizer o que é realmente belo

Ela vem para mitigar todas as fomes
             — principalmente, a fome de novas ideias. —]
Ela vem porque não existe
Vem-me por constituir a mais dura realidade
                                                    possível]
Vem-me, dançando, calma, e a voltear

À luz da quintessência da tarde,
não me julgo outro, senão o reflexo, ou o influxo,
da amiga
A amiga — essa regelada aparição, incrustada de
                                                    esmeraldas —]
me vem; caminha, enleada entre
apetites e paixões, e avulta
Não sigo: procuro vislumbrar-lhe o talhe seminu
ao momento estático
do êxtase

E vem ela, displicentemente, antegozando a ventura
de saber-se mulher, entre ramagens, sêmen e acalanto;
e flana pelos limiares do jardim, quase que
                                                               nubívaga:]
não para empanar ou engelhar-me a alma, e, sim,
qual fosse a santidade encarnada,
invocar-me o nome —
sedenta...
sequiosa...
sôfrega...
já não mais seminua...
a pairar sob um caramanchão
e aguardar-me, para, ali, fazer
perder-me.

Santos, 12/04/2012
TEXTOS (extratos de meu livro "O Poema Tangenciado o Abismo, ou 'Um Livro Para Uma Metafísica da Poética'")


Ivan Pereira Santos Júnior 

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