Um pouco sobre o "poetinha" Vinicius de Moraes, que completaria 100 anos no próximo mês de Outubro
(trechos da última entrevista)
O que pensa sobre a morte?
Bem, a morte sempre me preocupou, e ainda me preocupa. Mas hoje, de uma maneira muito mais simples, como uma espécie de saudade da vida, uma pena de deixar isso aqui com todas as cagadas e confusões, porque sempre vivi dentro de uma grande plenitude. Sobretudo por causa das mulheres: tenho muita pena de deixá-las. Sei que a velhice pode ser uma coisa legal, mas não gosto da ideia de envelhecer porque perderia tudo o que as mulheres ainda podem me dar.
Você nunca conseguiu, ou quis, viver sozinho, não?
Não. Eu aceito a solidão bem, mas não por muito tempo. Realmente, para mim, a mulher é um ser indispensável. Não posso viver sem mulher. Houve uma época de minha vida que achei que esse negócio havia terminado, que as coisas não estavam dando certo, que talvez fosse melhor eu me isolar e parar de brincar com esse bicho tão perigoso. Mas não deu. Não deu mesmo. Eu sou um namorador inveterado.
Você vê muita diferença entre o Vinícius dos 18 anos e o Vinícius de hoje?
Não vejo muita diferença entre os meus sonhos de ontem e de hoje, entre certa parte lúdica que sempre tive, sempre em fermentação. Acho que hoje eu sonho mais do que sonhava antigamente. Quer dizer, a viagem é permanente, não é uma coisa de um dia ou um momento, com paradas e fases de descrença. Não sou de ter fases de descrença.
por Clara Sznifer
Comentários
Como gosto de ler e ouvir Vinícius de Moraes.
O nosso querido “poetinha” vivia intensamente, e essa força sempre é percebida em sua arte, seja no poder das sucessivas ondas ou na coesão das marolas incansáveis desse lindo oceano de poesias que ele nos deixou
Ótimo presente.
Abraços do Emanuel