Arroz e feijão são mais que grãos,
São sonhos nas mãos da cigana,
São realizações nas mãos do artesão,
esperança na terra verdejante,
presença perene na mesa da gente.
São sons no chocalho do berço,
no maracá ritmado, canção.
Motivo de risos ou desespero
quando saltam procuram o chão.
São estrelas que surgem do mar escaldante
Borbulhantes, caldo em erupção.
Um se solta com um breve banho acalorado,
E ou outro com esforço e muita pressão.
Cozidos, servidos, dormem no prato.
Esfumaçados, quentes, salgados.
Ora doces, frios e orientais
Ou cobertos de um fino salmão.
Arroz e feijão
Quando para uns são normais
Para outros um desejo desesperado.
Que imploram por alguns poucos grãos
Estando-os ou não temperados.
Ari Mascarenhas
Comentários
tão necessária quanto arroz e feijão
gostei Ari.
João Carlos
Abraços
"São estrelas que surgem do mar escaldante" e "Quando para uns são normais - Para outros um desejo desesperado"
É um poema inusitado e delicioso - Parabéns!
que brotaram de um cidadão
com uma preocupação na mão:
A verdadeira fome de nossa nação!
fome de espírito, medo de inanição.
Fome que vai muito além do fogão...
São versos que imploram por digestão!
Nunca me senti tão satisfeita, alimentada,
de coração!!!
Cinthia Mascarenhas, com gratidão.
Obrigado pelas palavras. A ideia foi mesmo uma provocação degustativa e social.
Valeu!