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"Luiz Vaz de Camões - 10 de Junho - Dia de Portugal". Trabalho e pesquisa de Carlos Leite Ribeiro.

enviado por Carlos Leite Ribeiro

Luís Vaz de Camões – 10 de Junho – Dia de Portugal

Descendente de uma família galega, ignora-se o lugar em que nasceu. É provável que tenha estudado em Coimbra, vindo para Lisboa, cerca de 1542. A sua cultura e talento deram-lhe acesso à Corte de D. João III. Em 1549 parte para Ceuta, onde fica até 1551, aí perdendo um dos olhos. De regresso a Lisboa, pratica uma vida boémia, tendo-se envolvido numa rija em que feriu um moço do paço, Gonçalo Borges, o que lhe vale a prisão. Liberto por carta régia de perdão, embarca para a Índia na armada de Fernão Álvares Cabral, que sai de Lisboa a 24 de Março de 1552. Em 1554 viaja pelo Mar Vermelho. Não lhe foi agradável essa época, tendo sido nomeado “provedor-mor dos defuntos das partes da China”, pelo governador Francisco Barreto, antes de ser novamente enviado para Goa, em fins de 1558, supostamente que terá naufragado na foz do rio Mecom, salvando apenas “Os Lusíadas”, que já começara a redigir. Passa mal em Goa, tendo sido preso por dívidas. Em 1567 vai para Moçambique, onde Diogo do Couto o vai encontrar vivendo de esmolas, revendo “Os Lusíadas” e trabalhando no “parnaso”, cujo manuscrito lhe foi roubado. Já em Lisboa, publica “Os Lusíadas” com a ajuda de Don Manuel de Portugal, em 1572, recebendo graças a isso uma tença de 15 mil réis concedida por Don Sebastião, a quem o poema é dedicado. Em 1580, depois de assistir à partida de Don Sebastião para o Norte de África, onde o rei se perde com a derrota do seu exército, na Batalha de Alcácer Quibir, morre num casebre da Calçada de Santana (Lisboa, sendo enterrado em campa rasa com mais dois corpos, numa igreja próxima.
 
Amores de Camões

Camões foi um homem que, entre a sua vida na corte, entre a sua vida boémia e, entre muitos poemas, ainda conseguiu amar, mas amar de uma forma como nenhum outro o fez. Este grande poeta era um apaixonado pela mulher e pelas suas características únicas, independentemente da raça, religião ou origem.
Supõe-se que, Camões, tenha tido uma paixão pela Princesa Dona Maria que era irmã do rei D. João III. Dona Maria ocupava uma posição bastante elevada e por isso, só se poderia casar com alguém que também pertencesse á família real. Mas, como era riquíssima, não a deixaram casar com nenhum príncipe estrangeiro para a fortuna não sair do país. Esta princesa era solteira, cultíssima e linda de morrer e despertou assim uma paixão em Camões. Diz-se que, Camões lhe dedicou alguns poemas em segredo. O romance entre estes dois era completamente proibido mas por vezes, quanto mais proibido, mais forte se torna!                                                          
Uma outra paixão de Camões foi a Dona Violante de Andrade que pertencia à alta nobreza. Ela era nova, bonita e cheia de vivacidade. Conforme os costumes daquele tempo, Violante de Andrade tinha casado por acordo entre famílias com um homem muito mais velho que ela chamado D. Francisco de Noronha.
Este casal tinha filhos e habitava num palácio estupendo e, como era bastante costume naquela época esta família tinha bastante gente ao seu serviço. Diz-se que Luís Vaz de Camões terá sido escudeiro, pajem ou mestre de um dos filhos do casal e, por isso, ter-se-á apaixonado perdidamente por Violante de Andrade. Há quem diga que ela correspondeu ao seu amor e viveram um escaldante romance às escondidas.
Dona Joana era uma das filhas de Violante. Quando o romance com a mãe terminou, diz-se que Camões se apaixonou pela filha, já adolescente.
Dona Francisca era uma das mulheres mais importantes da Corte e a dama preferida da rainha. Linda, loira e de olhos azuis, despertou paixões assolapadas e a sua beleza foi cantada por vários poetas que frequentavam o palácio. Pensa-se que Camões pode não ter escapado aos seus encantos, mas também pode acontecer que se tenha limitado a envolver-se com ela em jogos de poesia, que eram muito habituais na época.
Nestes jogos, geralmente as senhoras davam uma frase (o mote) e os poetas, a partir dessa frase, compunham um poema e recitavam-no em voz alta e em público.
 
Sua Obra
 
Além do “Os Lusíadas”, só cerca de quatro poemas (uma ode, dois sonetos e uma elegia) foram publicados em vida, integrados em livros alheios. Assim, a sua lírica é recolhida a partir de manuscritos vários e de várias épocas.
Cultivou a poesia lírica, a épica e o teatro. Dos seus autos. “Os Anfitriões” e o “Filodemo” foram publicados em 1587, e “El-Rei Seleuco” em 1645. A sua lírica é marcada por uma forte influência de Petrarca, a que acrescenta um registo próprio, no qual se advinha uma intensa vivência amorosa, que tanto se prestou a especulações. Em que muitas vezes fantasiosas interpretações deram um fundo romancesco aos nomes femininos da sua poesia, tendo Natércia e Dinamene sido identificadas com as mais altas damas do seu tempo. O exílio acrescenta um tom pungente ao amor, que vai buscar ao arquétipo a Ovídio, sendo uma canção como “junto de um seco, fero e estéril monte” o momento mais alto (se é que, em Camões, esta palavra tem sentido) desse afastamento determinados pelo Destino, em que o poeta rememora os instantes felizes num excesso de sofrimento e que, por outro lado, se entrega à saudade como forma de sublimar a dor. O tema adquire uma projeção filosófica ímpar nas redondilhas “Sôbolos rios que vão” amplificando com a ressonância bíblica o drama da condição humana de que o poeta é o ator trágico por excelência. Este protagonismo da voz coletiva, já aqui presente, encontra em “Os Lusíadas” uma formulação que acabou por incarnar, através da síntese perfeita entre o passado da história portuguesa, da fundação até à descoberta da Índia por Vasco da Gama, e o presente, em que Don Sebastião, a quem o poema é dedicado, representa a esperança num futuro imperial (que a morte do rei virá desenganar). Essa conceção cósmica da história encontra o seu apogeu na “Ilha dos Amores”, em que os navegadores, no seu regresso da Índia, recebem a recompensa (o dom de Eros na entrega das ninfas), e também a visão da máquina do mundo, que completa o seu saber iniciático. Deste modo, o poeta ganha o seu lugar de privilégio na identificação com a Pátria e a Língua, vindo a tornar-se um símbolo desses valores. É para além disso, o autor de uma obra que ultrapassa todas as circunstâncias para se elevar à categoria do Universal.
 
Os Lusíadas
 
Obra central da literatura portuguesa, em dez cantos e oitavas em verso decassílabo. Inspirado nos modelos das antigas literaturas grega e latina, é seu desígnio cantar os feitos dos portugueses. Partindo da viagem de Vasco da Gama à Índia, é uma epopeia da história portuguesa, misturando fatos reais e fabulosos, com o recurso à mitologia greco-latina. Obra de vasta erudição, traduz a experiência de Camões, ele próprio conhecedor do Oriente, e reflete um espírito novo, interessado em transmitir não só os grandes mitos nacionais, como: o amor de Pedro e Inês ou os episódios das batalhas de Ourique, Salado e de Aljubarrota, como criar outros que se destacam o Velho do Restelo eo o Adamastor. Mas também ali se encontra a tragédia marítima, como o naufrágio de Sepúlveda, ou episódios cómicos, como o do Veloso. O próprio uso da mitologia revela uma forte originalidade criadora, com a oposição entre Baco (inimigo dos portugueses) e Vénus (que os protege), culminando com o episódio da Ilha dos Amores em que os navegadores recebem o prémio pelo seu esforço. Impresso em 1572, em vida do poeta, o livro tornou-se emblemático dos valores pátrios. Os Lusíadas continuam a atrair a atenção de estudiosos, investigadores, críticos, artistas ou simples leitores, em busca do seu inesgotável conteúdo.
 

Trabalho e pesquisa de Carlos Leite Ribeiro – Marinha Grande - Portugal

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