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Como o Brasil é visto - por Manoel Hygino


Manoel Hygino

publicado Jornal Hoje em Dia


Emanuel Medeiros Vieira, nome respeitável nas letras brasileiras, perguntava em Brasília e se respondia: “Pessimismo? O Brasil já é um dos países mais violentos do mundo”. Comentou ainda: “Não será com propaganda ufanista que se convencerá o país das maravilhas de uma Copa do Mundo certamente festiva nos estádios e problemática fora deles”. “O tempo dirá quem foi “pessimista”, como gosta de dizer a presidente, num discurso que beira um tipo de fascismo tupiniquim”. Emanuel foi um dos perseguidos pela ditadura, embora não pleiteie indenizações.

Lembre-se Ruy Castro, que também se tornou autor nacional por biografias importantes, inclusive de Garrincha. Ele escreveu: “Nosso passado recente inclui prisioneiros metralhados às centenas numa cadeia, homens fritando seus semelhantes em ‘micro-ondas’ nas favelas ou abatendo helicópteros com fuzis. Chacinas são vistas como faxinas. Outros degolam companheiros de cela, chutam cabeças de adversários caídos nas arquibancadas, agridem moradores de ruas e gays e vão às ruas para destruir, queimar, matar”.


O quadro que se tem presentemente do Brasil no exterior não é sentido só lá fora. Quem leu, com mais cuidado, os noticiários da imprensa escrita no finalzinho de abril, encontrou certamente uma informação que preocupa. O Ministério de Assuntos Exteriores da Alemanha divulgou relatório sobre a segurança que nosso país oferecerá na Copa do Mundo. O enfoque parece tão grave que o prestigioso “El País”, de Madri, repercutiu:

“O relatório do Ministério, em sua seção ‘serviços ao cidadão’, que é lida com atenção por todas as grandes agências de turismo do país e pelos turistas que compram pacotes de férias, oferece uma imagem desoladora do Brasil, uma nação onde as leis não são respeitadas e onde o turista corre o risco de ser vítima de ladrões, sequestradores ou simplesmente de se envolver em confrontos entre a polícia e grupos criminosos, como aconteceu recentemente no Rio de Janeiro”. Continua o jornal: “... o Brasil se transformou em uma perigosa armadilha para viajantes desprevenidos que desconhecem a realidade do país. O Ministério recomenda que os turistas alemães não usem roupas chamativas e joias quando saírem a passear pelas ruas, que evitem levar grandes quantidades de dinheiro e escondam artigos eletrônicos, como telefones celulares e computadores portáteis. “Em caso de ataque, não resistir, porque os ladrões geralmente atuam sob influência de drogas, estão armados e não se amedrontam com ações violentas”.

Com ou sem Copa, o Brasil se tornou um campo de morticínio. Mata-se por qualquer motivo... ou sem razão alguma, inclusive crianças indefesas, grávidas, idosos, em todas as regiões e em todas as horas. Caso recente, por exemplo, foi a de um presídio na Bahia em que detentos foram enrolados em colchões pelos companheiros de cela, ateando-lhes fogo. Nada mais dantesco. E, mutatis mutandis, não se trata de caso isolado. No Rio Grande do Sul, no Paraná ou no Maranhão, o mesmo terror.

O governo federal preparou 10 mil homens para apoiar as polícias militares nas doze cidades-sede dos jogos da Fifa visando conter protestos violentos durante o campeonato. E quem protegerá o resto da população?

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