A Ed. Costelas Felinas e o Clube de Poetas do Litoral em parceria realizam o concurso Cardápio Poético.
O concurso é aberto a todos os interessados do Brasil ou do exterior (desde que escritos em língua portuguesa).
NÃO HÁ TAXA DE INSCRIÇÃO -
INSCREVA SEU POEMA PARA O MÊS DE JULHO/2014
INSCREVA SEU POEMA PARA O MÊS DE JULHO/2014
INSCRIÇÃO ENCERRADA - CONHEÇA OS AUTORES SELECIONADOS DESSE MÊS E APROVEITE PARA PARTICIPAR DO MÊS DE AGOSTO - CLIQUE AQUI
maiores informações: cacbvv@gmail.com
COMO FUNCIONA:
O concurso inicia em novembro de 2013 e termina em novembro de 2014 -
SELEÇÃO:
Serão escolhidos 02 poemas por mês - O poeta selecionado poderá participar quantas vezes quiser durante o ano.
Ao todo serão selecionados 24 poemas (02 por mês) - o júri será composto pelos integrantes do Clube de Poetas do Litoral (CPL).
COMO PARTICIPAR: ATENÇÃO
TEMA E ESTILO: LIVRES - (não precisa ser inédito)
- cada poeta poderá participar até com 02 poemas
- o poema deverá ter no máximo 15 linhas/versos -
- os poemas enviados para o concurso não serão retirados depois
- NÃO USAR PSEUDÔNIMO - (somente nome verdadeiro ou literário)
- caso contrário será desclassificado pelos jurados.
- deixe seu poema como comentário logo abaixo - inscrição até dia 26/07/2014.
ATENÇÃO: - seu poema não é postado na hora. Confira sua participação olhando mais tarde seu poema no comentário.
Comentários
talvez o sal-
o seu sabor,
num respingo que
respingue em mim,
talvez o dia, a imagem
tardia
o sol disfarçado
teimoso, que
ilumina a cena
talvez a teia do
tempo, este meu lamento
que com seu sabor
salgado, ressurge- saudade:
sua lágrima caída
Distante tanto
meus olhos, à garra,
perdidos em vazios de luz.
Tateiam hesitantes
incógnitas pegadas
sem êxito, de cores, desobrigados.
Arrebatadas miragens,
exíguas imagens ausentes
sozinhas, separadas.
Eu, só...
Francisco Ferreira
Vesti-me do nome mais bonito
das chitas, a mais colorida
calcei de sonhos, as mãos.
Pintei em beijos as palavras úmidas
de minha tímida boca
ornei meu coração – vesti-lhe sacro.
Ergui capelas em meu peito
reguei emoções, plantei-as
ao redor dos olhos – maquiei de amores.
E no altar à sombra do patíbulo
dei-te em relicário rico
minha morte, minha vida, meu espírito.
Francisco Ferreira
Cheirador
O começo da doce noite
Cheirava a dor
Estrelas gritavam
Transmitiam o triste odor
Primeira vez embriagada
Pelo aroma do adeus
Pulmões envenenados
Como o resto do meu eu
Lorena Guimarães
*****
Conforto
E agora?
Resta-me a sensação de que
o céu é azul
As nuvens - nuvens,
O fogo - Arde
O vento - barítono.
E esperar...
Que o verde das florestas
Sejam de esperança!
Josiana Oliveira
Auréolos corpos
tangam na noite:
esses segundos,
quem os fabrica?
Por trás das peles
estranhos fogos
— deus & o diabo
num beijo eterno!
Esses segundos
são mais que séculos,
entanto escoam
por entre os sexos.
Depois do tango
não há mais tempo.
(André Foltran)
Entre rifles, calado,
traduzo runas futuras.
(Os corvos anunciaram
jogos viscerais americanos!)
Lembra gostos mortos
— vermute, vagina —
desterrar debilmente
grossos cabelos brancos...
(André Foltran)
Deixou o laço afrouxado
Com um generoso espaço
Entre uma fita e a outra.
Deixou o laço fácil de ser desatado.
Na dúvida agiu assim.
Quando teve certeza
E o laço quis apertar.
Seu laço lá não estava mais,
Já havia sido desatado
E outro laço havia no lugar.
Muito bem passado,
Mais que duas vezes
Com mais de dois nós,
Impossível de desatar.
Marcelo Albertini
Tremia de frio,
de medo tremia.
Temia o frio
das almas vazias.
Marcelo Albertini
Adeus
É quase noite,
Perdão
É quase dia.
Queria ultrapassar a cortina da felicidade,
Procurar a saída para a esperança,
Encontrar luzes escondidas.
Meus olhos vem mais do que jamais enxergaram,
Advinham o tudo e o nada.
Adeus ! todo mundo.
Eu te verei , talvez, um dia!
Mas si eu te esquecer,
Perdão,
Meu coração não te esquecera jamais.
Não devo muito pensar,
Devo apenas teclar,
Deixar as palavras correrem
Pelo papel se esparramar.
Ás vezes, é bem fácil,
Outras se escondem.
Volto ao silêncio do verbo
Cuja voz, muda,
Grita aos surdos
E se faz entender no silêncio.
A nossa amizade caiu na rotina
Já era de se esperar
Temos lembranças
Temos carinho
Temos conexão
Eu preciso de você assim como a noite precisa das estrelas
Eu preciso de você assim como amanha precisa do sol
Eu preciso de você assim como a musica precisa da melodia
Enfim eu preciso de você!
-Bianka Façanha
O azul não é só azul
O céu é mais intenso
Olho para cima
Vejo um exército
O azul não é só azul
Olho para o mar
Vejo forças
Que fazem as ondas
Quebrarem com toda violência
Em pedras que são bem mais fortes
Eu posso todas as coisas
Naquele que me fortalece
Não temerei as alturas
Nem o mar vai me afogar.
o rio dos seus olhos
é apenumbra do céu dos seus véus
céus abertos
da penumbra que arrasta consigo, seus cabelos no pescoço do luar
ela se define como o desejo
dos rios que eu pudera alcançar
nesta dança quimera do amar
carlos a.c. liberal
Basta uma palavra
Para mais mil surgirem
Um furacão de adjetivos
Verbos da melhor safra
Ah! E se eles interagirem?
Não devo me preocupar,
Logo virão os substantivos
Armados de advérbios, até um cravar
E vai tão fundo este golpe
Que ao invés de dor
A vítima grita: “Que poesia!”
Maria Vitória de Rezende Grisi
A poesia voa, feito borboleta...
Sente o perfume das almas,
E pousa, nos olhos que têm flores!
Autora: (Cléo Alves)
Orlândia - SP
Versando latente poetisa
Tornou-me poema, a brisa
Levou de mim quem sou
Deu-me a sua face lisa
Nesta escrita concisa
Em letras me transmutou
Nascendo de versos e brisa
A poesia como poetisa
Dos versos que me gerou
Autora: (Cléo Alves)
Orlândia - SP
quão alheio estava
a precisar da poesia
para reparar a pura
e azulada pintura
da eterna exposição
desse museu in natura
Raphael Dias
Walt Whitman caminhava pela calçada
noutro dia.
ele tinha a barba e tudo mais,
até a roupa formal fora de época
e o chapéu.
não deve ter tido tempo de se acostumar às modernidades.
passeava tranquilo olhando os arredores,
viu uma placa de restaurante e decidiu entrar,
era hora de almoço.
queria ter pedido pra que ele recitasse
qualquer coisa,
se ele ainda lembrasse das Folhas de Relva,
naquele fim de manhã frio de outono,
mas não quis incomodar,
ressuscitar já é trabalho o suficiente.
Raphael Dias
Com essa centelha imortal.
Instalada em meu coração.
Desde os primórdios tempos.
Refletindo a luz sagrada.
Vivendo em fontes áureas.
Filosofias propostas.
Auxiliando a humanidade.
Desvendando mistérios.
Nivelando as consciencias.
Processualmente.
Gnoses fundamentais.
Para espiritos.
Imortais.
Junior Mansi
*************
IMPORTADOS DEUSES
SENHORES...
O QUE MAIS PRECISAMOS SABER
NÃO VEM DOS GRITOS DOS BACHARÉIS
NEM DOS DEDOS DUROS DE ANÉIS
NEM DAS ESPORAS DOS CORONÉIS
NÃO VEM DOS ENLATADOS
NEM DOS ENGRAVATADOS
NEM DOS DEUSES INDOLATRADOS
NEM DOS PÊNIS IMPORTADOS
O QUE PRECISAMOS SABER
É DO PESO SOBRE OS OMBROS
DOS CIVÍS NOS ESCOMBROS
NAS NOITES DE ASSOMBROS
QUE PASSAMOS ACORDADOS.
Luiz Alberto dos Santos
***************
Sandice
EM SUA COMPLETA ESQUISITISSE
FÉ, LOUCURA OU BABAQUICE
HITLER SAIU QUEIMANDO
QUEBRANDO, CEIFANDO, ARRANCANDO...
ODIAMOS HITLER
ACHAMOS O MONSTRO, UM MONSTRO
PORÉM...
QUE DIREMOS DE NÓS MESMOS
RASGANDO, MUTILANDO, ENTERRANDO
QUEIMANDO, CEIFANDO, ARRANCANDO...
TODAS AS ÁRVORES DO MUNDO!
JURAVA HITLER TER UM IDEAL
QUAL SERIA O NOSSO?!...
Luiz Alberto dos Santos
A lagoa rasa
Qual espelho diamantino
Reflete o azul e o verde
E dos seixos
Que lhe atiram
Que agatanham
Sua fleuma
Não se ressente
Delas guarda somente
Os hurras e vivas
Dos meninos festeiros
Que saltitam
A cada arremesso
E apostam qual deles
Resvalará mais vezes
O silêncio tem o aroma da alfazema
A cor azul-violeta dos campos de lavanda
O toque da brisa que alisa os capinzais
O som do zéfiro que assobia
Como flauta nos gomos dos bambuzais
Tem o peso da pluma que veleja o éter
E para senti-lo tem de mergulhar,
Bem fundo,
Na paz que somente o sossego traz
Para quebrá-lo,
Basta o ruflar das asas de uma libélula
Ou o ruído de uma gota de orvalho que cai
da entrada da porta
á saida da cova
cairam gotas de orvalho
caralho,, caralho não,
foram viúvas de velas em galho,,
nessa noite, peças antigas
rimas de bandalho,
ciúmes de viúvas em centauro
caralho,,caralho não,
as musas velhas do andalho
foram peças ruinas de um boi morto
um touro, um tauro ninguem soube
caralho,, caralho não,
as velhas viúvas morreram viúvas
sem bago,nem vindimas
naquelas campas de restauro
no cemitério do Olimpo
carlos a.c. liberal
Naquele dia de verão,
Ansiava pela brisa do mar
Lambendo meu coração.
Esquentei-me com o calor
Que sua presença causou
Meu sonho coberto de amor.
Leve chuva de verão
Refrescando os corações
Dos amantes quentes.
Guarda-chuva cobrindo
Os corações refletindo
A felicidade que sinto.
Guacira Gonçalves Maffra
E eis o xote, e a valsa, e a polca num só;
Ao erudito do barroco – quase – dá-se um nó!
Toc’o Calado, a Chiquinha, o Azevedo e Jacob;
Chorand’o choro de contente sente dó!
Seja num bar à beira-mar à lua dum farolim,
Unidos ímpio, papa-hóstia, o judeu e o moslim,
Ressoa a flauta, o pandeiro, violões, bandolim;
Chorand’a roda a cirandar em torvelim.
Present’à roda tão airosos o malandro e o mané;
O mais galante exibe logo o lustre do mocassim,
E um chora o choro de chinela arrasta-pé!
Cadenciado, intrincado, meio “lé com o cré”;
E swingado, descontent’e um tanto ledo é assim,
Chora o chorinho ao Pixinguinha e Nazareth! – Rocha Oliveira
Diz-me, amor, – ao menos –, por que cala; e fala-me, outrossim, do seu silêncio. Pois que este corta os ares e o meu peito, qual um Zeus estruge e vibra um céu medonho. Silêncio que incomoda e que ensurdece; que ecoa dentro em mim qual um trovão. Fala-me, que eu, c'o ouvir risonho, direi que não é vão este momento. E o silêncio teu, que hora me enlouquece, vezes há que é pausa em sinfonia... Pianíssimo d’amor e calmaria. Quando pois em me abraçar, enfim, te calas, e reclinas tua cabeça em meu peito. Faz deste meu ombro o teu leito, e adormece a sonhar em meu regaço. Ah e a sussurrar meiguices e ternuras. Se não de sua alcova, faz seu ninho, e arrula (bem baixinho) um afável canto. Mas não me negue nunca a palavra, ó meu bem-querer, meu doce encanto! E se não podes me dizer o quão me amas, fala-me – silente: “Te amo ainda”. – Rocha Oliveira
Diante dos fatos,
O relato dos seus atos:
Sequer sentia se era
Ou não um sopro divino
Aquele ventar aprilino
Que penteava a relva,
Que agitava a selva,
Que levava a gelva.
Sensível,
Sabia-se, sim,
Alvo atingível,
Um talo de capim
Suavemente bordejando ao tempo,
Sujeito ao contratempo,
À espera do derradeiro “enfim”.
(geraldo trombin)
Na exploração,
Extração,
Na peneirada
Dessa tenra maior idade,
Sobrou bruto coração;
Valiosa jazida,
Preciosa pedra,
Sensibilidade qu’inda não medra,
Esperando ser lapidada
Antes da partida,
Da jaz ida
À lápide insculpida,
Ao tumular doce lar.
(geraldo trombin)
Do cangote tu fez a arma
Que me dominou tão ligeiro
Sem tempo pra esconderijo
E nem pra sentir desespero
Eu fui mantido sequestrado
No cativeiro do teu cheiro
(Jefferson Moraes)
O "nós"
É só
Dois "nó"
Juntinho
(Jefferson Moraes)
-**********************
Família
Sentimento misto,
De muitos amores e rancores,
Não sabemos viver sem.
Quando estamos juntos
Não damos o devido valor.
Quando estamos longe
Sentimos saudades.
Sete letras de muitos significados:
F quer dizer Felicidade e Fraterno,
A quer dizer Abrigo e Atenção,
M quer dizer Materno e Magnífico,
I quer dizer Ilimitado e Incondicional,
L quer dizer Lealdade e Liberdade,
I quer dizer Infância e Imensidão,
A quer dizer Amor e Aconchego.
Ilma Alves.
*******
TRIOLÉ
Oh! Amor, vem ver o Mar
Debruçar-se sobre a areia!
Ele a Lua quer beijar…
Oh! Amor, vem ver o Mar
Que fremente serpenteia
Pra alcançar a Lua Cheia!
Oh! Amor, vem ver o Mar
Debruçar-se sobre a areia!
Marta Rosa, 02 de julho de 2014
Tentei
Eu tentei fazer tudo certo,
Mas infelizmente não deu
Eu tentei lutar pelos meus sonhos,
Mas as dificuldades foram maiores,
E mais uma vez eu perdi.
Eu tentei ser melhor,
Mas não deu.
Fui vencida por mim mesma..
Eu fiz tudo o que eu achava que podia fazer.
Fiz tudo o que deu pra fazer,
Mas não foi o bastante,
E mais uma vez fui derrotado.
A vida cobra caro!
E eu não pude pagar o preço
[...]
Janiele Marinho
(Para Janis, Jimi, Amy e muitos outros que se foram)
Não sou um astro do rock decadente
Sou estrela de um filme de terror
Caminhando, pensando no presente
E no passado, onde nunca tive amor
Não sou gênio como dizem por aí
Sou normal e só queria ser mais um
Correndo na chuva até cair
Vivendo recluso, sem temor nenhum
Como um anônimo, em plena liberdade
Rastreado apenas pela natureza
Que não teme o caos que impera na cidade
Aos 27, tenho apenas uma certeza:
– Fujo de um mundo cruel e sem beleza
Sem saber se terão de mim saudade.
Zidelmar Alves Santos
O indivíduo entra para a eternidade,
Abrindo conta em uma rede social;
Virando escravo de uma vida virtual,
Sem ter um corpo, uma mente de verdade;
Pois ao morrer, transfigurado em saudade,
Vira perfil, dados de uma rede trivial;
Que faz da carne um megapixel irreal,
Embalsamado em pró de uma futilidade;
Após a morte: Buddypocke no Orkut,
Uma mostra do poder da imaginação;
Um personagem em app no Facebook,
Enquanto um corpo apodrece no caixão;
– Na internet a realidade é mero truque,
Na tênue linha entre o desejo e a razão!
Zidelmar Alves Santos
sinto tanto tua falta
que até não respiro direito
o pulmão anda cansado
com a dor que pesa no peito.
Michele Caroline Azevedo
as vezes o amor que a gente sente
não é suficiente
a toda gente.
Michele Caroline Azevedo
Devem ser estes versos criminosos
-Há tantas leis no mundo, certamente
Alguma delas inventou de proibi-los-
Estas leis que desconheço não me importam,
Sei de muitas descabidas que existem.
Ah, se os poetas dessem trela às maluquices
(Às sanidades mais loucas que seus delírios)
Que raios de poesia se faria hoje?
Nenhum poema nasce submisso.
Todo poema poetiza um grito.
E outra tempestade vem rompendo,
Através do ar tão cheio de cinzas.
E as portas são lascas remanescentes
De um tempo que cedo cairá.
Aqui eu permaneço junto às ruínas.
Assistindo agora a toda uma vida enterrada.
Sobre o chão de vidro espalhado.
Como uma lâmina brilha vermelha de raiva,
Através da esperança enfraquecida esta noite.
Com uma bandeira posta junto a mim.
Sonhando sabiamente com dias mais brilhantes.
O tempo se move tão devagar.
Como se não houvesse um fim.
Permanecendo com um final.
Para que meu nome continue ecoando.
Diego de Souza Santana
São José dos Campos SP
*******************
Amizade
Chamou, compartilhou.
Está sempre presente,
Nas horas boas e ruins,
Não mede esforços para ajudar.
A partilha é seu dever.
Confiança, respeito são atitudes constantes.
Troca de sentimentos e emoções.
Basta apenas um olhar,
Para que o outro entenda.
Se você tem um amigo,
Dê o devido valor,
É muito difícil.
Ilma Alves
A desatenção
faz soar o apito
e ecoar um grito…
Em vão.
***
(Edweine Loureiro)
****************
quantum
onde estou é os confins da fala.
não há palavra que não me cale
a voz a dor a carta escrita à gala
do teu amor. parei nesse vale
donde não saio para lugar algum.
ouço apenas o eco do teu nome
entre as órbitas. e nesse jejum
sigo apenas a eletrostática. some
todo som. o silêncio é viscoso
como teia e me enreda em pixels
na hora em que te sinto nas entranhas
e me contrasta os dentes das piranhas.
o cume da palavra asa me é infiel,
teu espelho, mas me lambe o pescoço
e isso me basta. grita quem ganha.
Rosa Ramos
Começou com enjoos.
Depois vieram a ansiedade e, por fim, as dores.
Nove meses...
Foi o tempo que lhe dera o diagnóstico.
Nove meses era tudo o que tinha.
Logo, o seu câncer não tinha mais jeito.
(Aparecida Gianello)
EVOLUÇÃO
Da pena às teclas...
Fim das penas: Bibliotecas.
(Aparecida Gianello)
Por vezes é um bálsamo...
No clamor dos ânimos
Por quietude e silêncio...
Por vezes é um fardo
No qual pesam as ausências...
Uma voz, um alô, um olá...
Solidão..
Um bem ou um mal ao coração
Sempre companheira intensa
Coração faminto de emoção
Se abriga em tranquila solidão
Por vezes ou quando briga com a razão
Não importam os motivos então
Importa é a emoção
A embalar solidão...
Mara Kiss Ivanicska (Mara Ivanovic)
Rio de Janeiro - R.J
o ocaso em curva
..... o céu se abre a seu redor
no vão que surge entre o sonho e o infinito
um cão sem asas salta
como um coração pede para morrer.
os cabelos são dias de verão
a noite bebe suas pernas
seus braços feitos de pássaros
no ventre olhos de vento
sorvo-lhe a tez
como quem noite
______________
desço seus poros
em círculos indizíveis
e me ausento de mim
como quem nuvem.
os cabelos são dias de verão
a noite bebe suas pernas
seus braços feitos de pássaros
no ventre olhos de vento
sorvo-lhe a tez
como quem noite
______________
desço seus poros
em círculos indizíveis
e me ausento de mim
como quem nuvem.
Não lhe dou um sorriso
Pois eles podem ser falsos
Não lhe dou um abraço
Nele, os olhos se perdem ao acaso.
Não lhe dou elogios vãos
Impossível é adjetivar o seu ser
Não lhe dou também meu coração
Pois ele nada vale sem você
Dou-lhe apenas um beijo
Que expressa o sentimento
Que nutro dentro do peito
Que me rouba a razão
Alberto Hora
*****************
O Aniversário
Tantas luas se passaram,
Quantos sóis desabrocharam,
E a vida aqui, neste corpo sadio e levado.
Aqueles presentes se esvaíram
Com o tempo de uso,
Muitos amores viram e já foram,
Balões estouraram e bolos cortados,
Assim como meu jovem coração.
Mas nem por alegrias ou tristezas
Os dias deixaram de correr,
E o crescer perseguiu este ser
Pelas estradas incertas da vida,
E mesmo tropeçando, mesmo brilhando
Não deixei de ter a alma agarrada,
E mais um ano contemplada com o aniversário.
******************
Velório do amor
Sem ao menos se despedir
Ele se foi, e partiu meu coração
Deixando toda minha esperança no chão.
Choro de bruços sobre esse amor ingrato
Que se tornou fraco sem explicação.
Partir não é a solução, ao menos para minha alma
Que sempre desejou que a felicidade prosperasse...
Agora, no velório do amor,
Só me resta esperar em vão por uma revolução.
Quero meu rosto limpo, lindo como antes,
Procuro por amantes que me tragam
Sorrisos e mimos.
Nesse velório entrego o fardo e as correntes,
Chega de ser carente, quero viver descentemente
Meu coração cansou de ser doente, e eu, de ser tão paciente.
Gabriela Caroline Alves Claudino.
Tão rápido, como chuva de confete
Que o teu amor caiu no tempo
E perdeu as cores cintilantes
Se esvaindo no vento
Foi rasteiro, como o vendaval
Que atinge a pele da terra
Varre a sujeira como temporal
E transforma lágrima em festa
O teu amor correu ligeiro
Para os buracos do meu coração,
Preencheu minh'alma por inteiro
E eu não consegui dizer não
Tão rápido como chuva de confete
E serpentina enrolada no chão
O teu amor seguiu em frente
E não se lembrou de levar
Minha paixão
Autora: Rafaela Damasceno
Nesta noite veraneia
Visitados pelas estrelas
Teu aroma foi prelúdio
De um passado de certezas
Estavas com fragrância
Dos primeiros segundos
De um amor tão solto
Que enfeitiçou meu mundo
Tal amor, tão feroz
Tão cheio de suspiro,
Emoção, lágrima e arrepio
Hoje não me traz o mesmo brilho
O meu amor paralisou-se
Perdeu-se nas ruas do mundo
Caminhou sozinho, fugidio,
Perdeu do meu coração o rumo
E é por isso, velho amante,
Que este teu perfume novo
Arrancou do meu peito soluço
Ao levantar um peso morto,
Minha dúvida retumbante
Autora: Rafaela Damasceno
As minhas flores não tem caule
Não tem folhas nem flor
Minhas flores não são verdes
Nem multicolor...
Minhas flores são negras e secas
Grafite em papiro
Palavras e signos...
Minhas palavras, tuas flores
Lágrimas e risos...
Palavras minhas: esconderijo.
LEANDRO MARTINS DE JESUS
O que te inspira?
Como nasce sua poesia?
Como você compõe?
Não são perguntas fáceis de responder
Talvez as respostas estejam em você...
Seu olhar...
Seu sorriso...
Sua voz...
Seu perfume...
Em tudo isso vem a lume
Inspiração pra escrever
Isso responde a você?
LEANDRO MARTINS DE JESUS
Você sabia que o amor pode nascer de dentro de um coração partido?
Porque mesmo os corações partidos possuem a essência do amor.
A flor de lótus nasce mais bela num poço de lama.
O cisne, quando nasce, é um patinho feio.
A linda rosa não é nada sem os seus espinhos.
O amor não chega pronto.
É preciso cuidar, cultivar, ter paciência,
e esperar que o tempo cumpra o seu papel.
Mas no final das contas, o amor vale à pena.
Porque o amor, quando cultivado em corações puros e sinceros,
vale mais do que a mais preciosa joia deste mundo.
Você sabia que o amor pode nascer da dor?
O amor é o curativo, a cicatriz e a recompensa.
E, na verdade, o amor não é um ponto de chegada.
É um ponto de partida.
Nancy Keiko
Ela só tinha treze anos...
Sofria sozinha, mas tinha fé.
Já tinha fumado até a ponta,
Fugindo de casa quebrou seu pé.
Começava o dia no ponto,
Esperando o transporte em pé.
Era chutada pelas dificuldades
A fortes e rudes pontapés.
Seu sonho: ser bailarina!
Ter o controle na ponta dos pés.
Sabrina Dalbelo
Lucidez
não me leve a mal
mas eu tenho andado por aí, vagando
sem beira, sem eixo
não é desleixo
nem falta de zelo
mas uma forma de subir os degraus
pouco a pouco
até a lua cheia
linda e brilhante
que me convida para um espumante
à noite.
Eu mereço!
Sabrina Dalbelo
Coloco água com açúcar
num bebedouro
para ver se um colibri
vem me fazer sorrir.
Antes era chamado de
beija flor.
Hoje bebe néctar artificial.
Ouço o som dos carros
passando pelas poças d’água...
A luz do poste ilumina
a rua
lá fora.
Penso no dia que tive
e no amor que está por vir
Agradeço a Deus.
Autor: Raoní Telles
Imagine um mundo sem som...
Imagine um mundo sem cor,
Sem amor.
Como é possível?
Não é possível.
Música pros meus ouvidos
Música pra minha alma
Música me acalma
A flor, a inspiração dos poetas
O mar, amado pelos navegadores
O amor, cantado pelos trovadores...
É ela que me faz pensar, que me faz trocar pensamentos por sonhos,
Que me faz querer viver pra não mais ter que sonhar.
Sim, é ela! Essa moça que faz repouso em minha mente;
É ela que em noites frias, me deixa de corpo quente;
É ela que eu trago em mim, mas nunca comigo sinto.
Moça que me ignoras!
É ela que me prende naquele sorriso lindo,
Naquela simpatia que está me "destruindo".
Àquela que passa rápido! Por que não mais demora?
Me deixa em devaneios assim que vai embora.
Me chamem de louco agora, podem falar de mim.
Não vou desistir, falem o que quiser!
Eu sei que também já sofreram por um amor assim.
Só sendo um padre, um louco pra não saber o que é
Não ser correspondido dessarte por uma mulher.
Flávio Baptista Luciano
Você não está nem aí
Pra mim
Mas eu estou aqui
Pra você.
Fazer o quê?
Simplesmente
Gosto de você.
Que bobeira, meu Deus!
Nem sei por que
Ainda espero algo acontecer...
(Laila de Mauro)
Coloco água com açúcar
num bebedouro
para ver se um colibri
vem me fazer sorrir...
Antes era chamado
de beija flor.
Hoje bebe néctar artificial.
Ouço o som dos carros
passando pelas poças d’água...
A luz do poste ilumina
a rua
lá fora...
Penso no dia que tive
e no amor que ainda não veio...
Agradeço a Deus.
Raoní Telles
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MADRIGAL
Quando surge a aurora,
Zéfiro vai passando entre as flores
E beija a suspirosa
E glamourosa rosa dos amores.
As Dríades contentes, em segredo,
Passam entre o arvoredo
E veem com ventura
Os amantes, na tímida ternura!
Marta Rosa, 02 de julho de 2014
Compus os versos em primavera
expôs a própria carne no verão
entortou os dedos no inverno
aproveitou-se do outono e se repôs,
para depois abrir no seu lar
as estacas em cruz e crucificar
a dor dos santos que abandonam
depois figuram sempre em sombras
querendo ter o som da folha
nas virtudes do criador
do bom e justo corpo com voz
escrevente sem lagrimas nem correntes
sem entregar os dentes
bravo jardim da loucura nunca postergada
por quere-la bem.
Quem disse
Que disse
Que não diria nada
Mas contou tudo
Jurou que não disse
Mas quem contou disse
Que contou tudo.
Dizem
QUE CORAÇÃO É TERRA QUE NINGUÉM ANDA
Porém digo
Que coração é terra
e DEUS caminha por lá
Em passos largos
Com muita pressa
Impaciente
Sem entender
Com tantas chuvas
Que envia
É tão seco por lar.
Escrevas facilmente
Para que toda gente
Compartilhe tua dor
E plante teu poema,
Seja qual estação for.
Hão de viver o amor
Que outrora viveste.
E com tanto êxtase,
Conhecerão o mundo
Debaixo do cobertor.
Tenhas sempre na mente,
Como um mero lembrete,
Bastam tinta, papel e ser.
Para poder escrever
Sentimentos e vida
Em suaves e belas linhas...
Alberto Hora
Poesia não é quimera de borboleta
morta,
não é rima com afeição sadia,
poeira de inseto em voo,
vadias cotas de palavras soltas
ou
um solavanco da Louca musa.
Não ouse profanar o seu sentido -
o castigo será um porre de lodo,
um poço seco sem
fundo.
Angelo Colesel
Encolhido, reduzido feito pó
feito mirra de Jerusalém
feito aquilo que tanto dano causou,
foi teu nome
foi a briga
foi a disputa
nunca mais junta
foi assim em nós,
uma caligrafia de sol
foi assim em nós, cada dia
cada melodia
cada uma em seu tom.
Sinto a falta da tua presença...
O azul celeste refletindo em teus olhos
Numa matiz perfeita na tua íris
Misteriosamente vaga que adentra
As profundezas de um mar revolto
Ah, profundo mar!Ah, profundo céu!
Por que te insistes em permanecer nublado
Por essas nuvens que não são minhas?
Por que te insistes em iluminar de repente
Pelo brilho do prazer mais intenso?
O que queres? Diga!
Sou tua
Mas entre o céu e o mar me sinto num ínfero
Desprovida de luz, de calor
Só o vento me consome e essa terra infértil!
Raquel Lage
Às vezes gosto do modo como as sombras
Se espalham por um cômodo às escuras.
As sombras são mais que as coisas,
São ecos de pura essência.
Eu sou sombria e calada
Embora me torne às vezes
Luminosa como o dia.
No fundo eu não sei quem sou
Mas na semi escuridão
Algo parece dizer-se
E eu entendo.
Nos lábios dele
o talharim se retorcendo
aos olhos dela
e em seus lábios
a pergunta embargada
... e se ele tocasse
sua pele com os lábios,
ela se contorceria
tanto assim...
e arrepiou-se toda
só de pensar
em prazer...
Antonio Cabral Filho - RJ
LETRAS TAQUARENSES BLOG
http://letrastaquarenses.blogspot.com.br/
Construirei meu castelo
Um dia desses
Com cada fragmento que conseguir agarrar
Em meio às tempestades
Que passam velozmente
Diante da minha ilusão.
Paulo Gracino
Não sei passo pelo mundo
Ou se vejo o mundo a passar por mim
Fragmentadamente
Mas sei que busco me agarrar
Em cada minúscula migalha (in)visível
Com o intuito de construir algo sólido
E duradouro
Mesmo que irreal.
Paulo Gracino
No cárcere da mente acorrentado,
Chora em silêncio a dor que é sua,
Vai vivendo no mundo deslocado,
Chaga viva em alma nua.
Claudio Cezar Neves Cordeiro
Lá atrás daquele morro
passa o tempo e a hora,
também passam todos sonhos
dizem adeus e vão embora.
Lá atrás daquele tempo,
passa o sonho, passa a hora,
também passam fantasias
dizem adeus e vão embora.
Bem atrás daquela hora
passa o sonho, passa o tempo.
Passam ali e pela vida
dizem adeus e vão embora.
Isiara Caruso
Saudade
O cupim roeu o tempo todinho
do relógio lá da sala.
Roeu tanto, tanto tempo,
que o tempo virou pozinho.
O cupim roeu, roeu,
o coração da menina,
roeu com tanta vontade,
que o tempo virou saudade.
Isiara Caruso
Ou no que o meu coração mande...,
É que o espelho de mim lance no Universo....
Um meio, uma virtude para preencher um deserto...
Que seja feita a vontade da ideia !
E que a mesma seja á minha maneira...
SEMEANO OLIVEIRA
E milhares e milhões em todo o mundo em perfeita alienação..
Em mais uma perdida ilusão…
Como que nos tiram a nossa razão..
Com este festival travestido,com esta farsa sem sentido..
Deixem nos em paz,basta!
Pensam que somos:
Gente que não aprende?
Gente pobre para sempre?
Porque o nosso espirito é a semente…da vida que criamos,
Não nos querem dar uma rica mente?
SEMEANO OLIVEIRA
Ding, ding ding ding
Posso ouvir os pássaros cantando
Ding, ding, ding, ding
As gotas de chuva as telhas tocando
Ding, ding, ding, ding
O vento as folhas soprando
Música é a mãe natureza falando.
Ding, ding, ding, ding
Que bonito os sininhos de vento tilintando
Tum, tum, tum, tum
Ouço as batidas do meu coração
É o som do amor e da emoção
Um presente de Deus esta pulsação.
Raoní Telles
Na primavera...
Que a alegria dure uma era,
No verão eu quero paz no coração,
E no outono eu vou bolar um grande plano
Para quando chegar o inverno,
Que o desamor não seja eterno.
As quatro estações vão me sustentar,
Assim como o fogo, a terra, a água e o ar.
E quando eu estiver me acabando,
Quando a vida estiver por um fio,
Enterrem meu coração na curva do rio.
Dimas
A minha mente vive tentando me Justificar,
Justificar o que? O fato de eu estar vivo?
Fato, acaso, desastre ou até mesmo destino,
O fato é que me encontro vivo desde menino!
As vezes acertando, as vezes errando ou até mesmo,
Sem saber onde está o certo, onde está o errado,
Ou para onde que estou indo, pra qual lado?
Tentando justificar minha sina, sem justo trejeito ou predicado,
Porém, nunca ninguém me acusou de, nunca,
haver tentado sem arte, mas com teimosia, ouvir o canto da Cotovia.
Dimas
Foi o teu calor que
Inspirou o
Clamor da minha
Alma e nela criou
Raízes.
Como posso
Olhar-te e pedir se posso
Mergulhar neste sonho
Insano, e que tu
Guie-me para
Onde quer que tu vás,
Por tempo indeterminado?
Andressa S. R.
Duas palavras que significam exatamente o que tu representa pra mim.
Abraça-me e deixa que eu descanse em teus braços.
Apaga a luz, deita e vem ter comigo.
Quero sentir teu calor mais uma vez. Olhar em teus olhos e ver o meu futuro. Fazer versinhos piegas e rir de mim.
Vem! Deixa-os! Eu amo-te.
Cala minha boca, que diz asneira, da maneira que te agradar.
Teu nome tem uma pincelada de azul da prússia em seu meio, a alegria no principio, e um misticismo no seu final. Mas nada disso transmite a sensação de dizer teu nome. O leve tocar de língua de seu meio, o beijo do seu principio e a entrega de seu final.
Mas tu não vens. Fico a tua espera, mas tu me nega a alegria de ter-te junto a mim.
Escrevo tentando aliviar o fardo do meu coração, mas isso não adianta. O que me satisfaria era ter tua boca na minha, minha mão na tua coxa, tua coxa sobre a minha, minha mão na tua cintura; tu no meu colo. Nada tenho.
Andressa S. R.
Fé, é o que ainda temos.
Acreditar, é o que nos resta.
Temos que ser o dono da festa.
Olhar para frente, sem recuar;
Levantar a cabeça, e ver o futuro.
Pisando bem firme, no solo mais duro.
Alice F. Morais
Em tempos sem fim
Por teu chamado esperei.
Há tempo sem ti
Sem teu amor
O meu viver suportei.
Em tempos nos teus braços sonhei.
Há tempos
Tua voz a chamar meu nome
Escutei.
Não sei mais que tempo foi o da espera.
Não mais em algum tempo te vejo.
Sei que do tempo me restou à tristeza.
Sei que do tempo te restou à saudade.
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Me reclamas
Parece que empezamos de nuevo
a tragar el hambre de tu vientre,
al dos por uno
nada a cambio
pintar un retorno
colgado de otra manera.
Otro rumbo
a fijado la pertinaz lluvia,
la niebla
que se desploma tranquila
sin recoger los despojos
de sus mudas carcajadas.
Reinaldo Armesto Oliva.
É no simples que habita o feliz, a grande lacuna,
entretanto, está entre o homem e a simplicidade
este homem que, abitolado em sua vaidade
Esvazia o próprio eu, sua única fortuna
É tanta coisa para aprender, para fazer e dizer
É relógio, celular, é gravata, laptop, televisão
Tanta coisa pra pensar tanta ata sem reunião
Compromissos alheios na omissão do próprio ser
E o que realmente deveria vir à tona, não vem
Fica escondido, em algum canto do ser, atolado
A futilidade é um imã, que assola o essencial
Nas páginas do hoje, ser simples está aquém
do visado, pois de tão culto e civilizado,
o homem virou atrocidade, dentro do natural
André Mascarenhas
Pau de arara
Nas asas do bicho
Esvaecia a esperança
Lembro como hoje
O tempo de criança
Na madeira tinha fome
Enrolada em corda bamba
O pão que roçava a boca
Era o agouro de lembrança
Era Maria sem Destino
Tinham Severinos peregrinos
Povo da terra esquecida
No pau de arara sorrindo
Lorena Guimarães
Seria grito, se não deixasse rouco.
Completaria, mas há sempre um oco.
É calmaria, mas também sufoco.
Seria inteiro, se não fosse pouco.
Seria nó, se não fosse solto.
Seria teu se não houvesse o outro.
E se não fosse louco, não seria amor.
A luz do teu sorriso cala a noite,
Se desprende surda qual uma flecha
Acerta meu peito vertendo estrelas
Enfim, a saudade do olho seca
Essa tua lua tão crescente em mim
Me faz toada sem verso rimado
A sinestesia da melodia
Envolve o ar, e não se ouve mais fado.
Teu riso é mais que lábios, dentes,
É o marfim mitológico dos sonhos
De algum deus impressionista.
Lua, fogo, marfim, estrela e luz...
Minha vida por este sorriso
E mais nada.
Cícero Christino
O pé devora
A estrada,
A mente
Digere.
Dirige
O passo
O andante;
O caminho
É andar pra dentro.
Cícero Christino
Parece-me que sabias...
No versejar amoroso
à musa e à pátria, saudoso,
poeta Gonçalves Dias,
parece-me que sabias...
que partirias no mar!
Viveste grande paixão
por tua terra, tua amada,
mas o mar corre mundos...
É água salgada, não doce,
como se lágrima fosse
recheio de poesia.
Parece-me, que sabias...
Poeta Gonçalves Dias,
que partirias no mar!
( Cris Dakinis )
Quando os anjos acenaram
com um caminho róseo,
um cruzeiro percorria os astros
apagados pelo alvorecer.
Flores exóticas brotavam da antiga casa,
chovia, ouvia-se Chopin, tudo era poesia,
um cacto-lavanda florescia...
E a saudade enfim se despedia.
( Cris Dakinis )
Exijo que me ame como espero de ti, nem mais nem menos.
Exijo que me embale nos braços, que se preocupe comigo,
Que pense em mim, em como estou e por onde andei.
Exijo que seu amor por mim seja ímpar, sem equações e sem definições.
Que seja previsível mas não determinístico,
Que ultrapasse as barreiras do espaço-tempo.
Exijo que lembre-se que existo e que preciso de ti,
Que me ligue só para me perguntar como estou.
Senão por ti, que seja por mim,
Para acalentar minha alma e acalmar minha inquieta e perturbada mente.
Exijo de ti todo amor que julgava me pertencer.
Antes que a brisa passe, antes que a alma se encolha,
Antes que seja necessário te dizer sussurrando
Que já não preciso mais de teu amor.
(Mariana A. Aguiar)
Procrastino a execução,
Procrastino o término,
Permaneço com o hipócrita,
E aumento meu sofrimento.
Procrastino a entrega,
Procrastino a esperança,
Procrastino as análises,
E permaneço na dor.
Queria procrastinar minha procrastinação
Para enfim, livre e em devaneios,
Alcançar minha própria salvação!
(Mariana A. Aguiar)
Quem me dera ser no teu cofre aberto
Um tesouro vistoso e resplandecente
A espada brilhante, o afago certo
A carícia suave e inebriante!
Quem me dera ser brasa, ser lume
Um glaciar derretendo no teu oceano
A doce fragância do teu perfume
E no teu traje de festa o fino pano!
Quem me dera na tua língua
Ser onda, ser rochedo, ser ilha
A transparente e pura água
Que enche a tua vasilha!
Quem me dera ser a chuva de Agosto
Que rega o teu jardim de ternuras
E escorre lentamente pelo teu rosto!
(Graça Mendes Doutel)
Ser e ter são em contos e fantasias
São contextos de hipocrisia
Conjugados por clichê, em demasia
Ser ter e não querer
Ter que ser pra poder ter
Ter, querer, poder, ser
Meros índices fúteis
Dogmas em almas “vazias”.
Murilo Melo
São tão vazios
Olham tão melancolicamente, o vazio!
O vazio cheio de tristeza inconsciente
São pobres, alma!
Alma? São pobres de ti
Enxerga-os, melhora-os, reviva-os alma!
Os diz como ficar ricos, de alma
Conscientiza-os que a riqueza que vier
Não há de se avarezar
Não há de se amostrar
Faz crescer neles a tua luz, alma!
Deixa-os alvos
Alvos de cor, e de mira para tua grandeza
A vossa grandeza, de alma!
Murilo Melo
São tão vazios
Olham tão melancolicamente, o vazio
O vazio cheio de tristeza inconsciente
São pobres, alma.
Alma? São pobres de ti.
Enxerga-os, melhora-os, reviva-os alma!
Os diz como ficar ricos, de alma
Conscientiza-os que a riqueza que vier
Não há de se “avarezar”
Não há de se amostrar
Faz crescer neles a tua luz, alma!
Deixa-os alvos
Alvos de cor, e de mira para a tua grandeza
A vossa grandeza, de alma.
MURILO MELO
A que todos os
homens tendem ?
Direi-lhe eu: a porta
Para onde tu vais
de onde tu saíste
Porta lá está
Ou serás tu
andarilho de deserto ?
Cá conversando com pedras,
Não saíste antes
de uma porta ?
Nasceu... entrou
Morreu... saiu
Seja de pau a pique
singelo buraco
madeira real
branco mármore
palha branda
Estás condenado
a teu último
fim
Entrarás e não sairás.
Giovanna Querido
Todo mundo almoçando
E eu escrevendo
Todo mundo dormindo
E eu almoçando
Todo mundo escrevendo. E eu? Dormindo
Todo mundo amando. E eu lamentando
Todos lamentando
E eu aqui sonhando
Todo mundo sonhando
E eu? Aqui! Só amando
Estou sempre atrasada?
Ou sempre adiantada?
Nesse eterno descompasso, vou seguindo a passo
Uma vida às avessas, sempre em compasso
O meu descompasso.
Lara Winter
A graça do ficar sem graça
é que ele comove.
Comove com bochechas vermelhas
que zombam de si mesmo.
Aquele minuto,
olhos ao chão,
tudo parou.
Éramos só eu e ele
e Graça.
Vou deixa-los a sós – insistiu.
Supliquei – Não faz isso não.
Ela sorriu.
O amor é de graça.
João Luiz dos Santos
cada dia
vai ser o mais
comemorado
um dia
todo dia
vai ser útil
como um feriado
Mauro Bartolomeu
(AntennaParanoica.blogspot)
o dedinho do meu pé
enquanto escrevo este verso
ela é tão pequetitinha
que me faz lembrar da minha
importância no universo
Mauro Bartolomeu
(AntennaParanoica.blogspot)
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Devorando Poesias
Folheio as páginas
Devorando as poesias
Garfo e colher na mão
Poesia tem sabor
Que alegra o meu paladar
Comia as palavras com o olhar
Mantenho-me através da poesia
Que mata minha fome
No prato de todos os dias
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Café com Leite
Bebia na Xícara
Um gole de café
céu da noite
A lua mergulhava
Como uma gota de leite
Mistura de cores
Chovia estrelas
Que adoçavam o céu
grãos de açucar.
_Wesley Jose Rodrigues Pio
Deixo o sapato de lado.
Sento na cadeira dançante.
Toca um disco, um fado.
Canto a vida amante.
Descanso a alma, adormeço.
Olhos fechados na pauta.
Problemas do mundo esqueço,
Recordo o carinho que salta.
Deparo-me com doces lembranças
Sorriso de pássaro cantor.
Gargalhadas das muitas crianças
Que hoje choram de amor.
Musa sussurra ao ouvido
Transcende a noite a voar.
Sofrimento daqui foi banido
Fico sonhando ao luar.
Márcio Daniel Nicodemos Ramos
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‘En Passant’’
Um suspiro de menina.
Um olhar recém nascido.
Sorriso na neblina
Ou no sol efervescido.
O calor na madrugada,
Despontar da juventude.
Passos de uma estrada,
O sonho, a amplitude.
Rapidez, senhora cega.
Passageira e destemida
Minha história, aqui navega.
Vai compondo esta vida.
Márcio Daniel Nicodemos Ramos
Amo-te por toda eternidade,
Sem nunca ter visto teu sorriso.
Amo-te com todas minhas forças,
Sem nunca ter te abraçado.
Não pude te ver crescer,
Mas sonhei como seria.
Não pude olhar teus olhos,
Mas a vi através do meu coração.
Tu és alma pequenina
Ficou como uma luz em minha vida.
Tu és um anjo que Deus me emprestou
Ficou arrependido e levou de volta.
Máris Cilene Miranda Nicodemos Ramos
Meu caro leitor
Versos a parte
Eu o transformei numa obra de arte
ARISTIDES PEREIRA
Uma sinceridade escondida
O beijo primaveril da abelha
Um enxame de pólen
Pairam vagarosamente no ar
Cai uma chuva de cristais dourados
Um espetáculo para os insetos que não podem voar
O toque de Deborah!
No temor de uma porta entreaberta
Eu tranco minha vontade
E pinto o cadeado de esperança
O mistério agora é azul marinho
Minha mão sonha com seus dedos
Teu riso desembrulha meus cabelos
O corredor se alastra
Seu adeus prateado e sorridente solta a última faísca
Teus sorrisos dizem tantas coisas
Acabo por não fazer nada
Um gesto inesperado
Seus dentes caem cinzas
ARISTIDES PEREIRA