MEU FILHO
CRESCEU
Quando nasceu certifiquei-o
atleta lindo alto castanho olhos azuis pele clara sol nem-pensar todo vermelho.
Amontoava fotos engraçadinhas lindo tudo fazia poses variadas histórias
diversas vontade de crescer logo meninas sexo experiência tudo eu preocupada
ansiosa medrosa de tudo e nem-sei-quê mais ainda quando entrou pra faculdade
direito queria fazer direito. Direito? Dá dinheiro juiz promotor até delegado
sei lá alguma-coisa-assim. Vez em quando roçam-me a memória inesquecida, a
primeira medalha... o primeiro troféu... o primeiro diploma... Jardim III para
a primeira série do ensino fundamental. O primeiro beijo a menina quase engoliu
sua língua pavor raiva preocupação ódio lambisgoia piranha puta vagabunda Vai... vai engolir a língua do meu filho...
meu filhinho... engoliu... engoli... u!!! O que é isso? O que vou fazer
agora? Meu filho cresceu. Precisava.
Restaram-me conversas
infindas no divã terapias inconclusões medos buscas dúvidas falações médico
camisinha.
O primeiro marido pai do meu
filho; o segundo marido ódio do meu filho; o terceiro marido busca solidão
tristeza desespero carência... meu filho único filho piloto de kart moto dirige
automóvel é um homem.
Eu perdida no seu crescimento.
Dezoito anos. Qualquer dia serei avó.
(Hilda Curcio,
1º lugar no Concurso Literário Contos Curtos, Via Literária, 2010, Porto
Seguro) - texto enviado pela autora. - envie o seu também
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