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Misticismo em épocas antigas - (breve resenha) ** Trabalho e pesquisa de Carlos Leite Ribeiro

Desde a mais longínqua antiguidade e em todas as partes do globo, têm-se registado trabalhos místicos considerados miraculosos, isto é, aparentemente inexplicáveis.
A Arqueologia, tem encontrado vestígios de práticas místicas, nas antigas Civilizações, como: Mesopotâmia; Persas; Egito Antigo; Hebreus; Hititas; Grécia Antiga; Roma Antiga; Creta; Povos Bárbaros; Celtas; Etruscos; Astecas; Maias; Incas; etc.
A faculdade mediúnica (mística), tanto natural como de prova, acompanha a vida humana, pois desde que o homem existe, um Deus Superior, os Espíritos (ou Entidades) estão sempre prontos a se comunicar com ele. Um estudo da mediunidade através dos tempos exige uma ampla pesquisa no sentido de resgatar as contribuições dadas pelo homem da caverna, pelas pitonisas, pelas bruxas e pelos médiuns/videntes em cada etapa do desenvolvimento da sociedade.
No Egito dos faraós e dos Ptolomeus tinha templos de Ísis e de Serápis consagrados à realização desses prodígios miraculosos. Os mais famosos e os mais frequentados eram os de Mênfis, Canopo, Alexandria, Busíris e Abido. Além de curas físicas, Escreve Diodoro de Sicília: os filtros de amarrações amorosas (entre homem e mulher) tinham êxito pela confiança que depositavam na deusa Íris. Muitas inscrições dessas práticas foram encontradas também, no desaterro do Serapeu de Mênfis. E em Canopo descobriu-se um registo completo das curas miraculosas atribuídas a Serápis. Os ex-votos encontrados são seios e matrizes de mulher, falos e testículos de homem, braços, pés, pernas, olhos, ouvidos, normalmente feitos de pedra, de mármore ou de terracota, sendo provável, contudo, que se oferecessem também ex-votos de prata e de ouro, que desapareceram como é natural.
Na época do Império Romano, além dos serapeus que tratavam segundo o rito egípcio, numerosos templos eram colocados sob a proteção de vários deuses ou semideuses greco-romanos. Havia assim, os que eram consagrados a Apolo, pai de Esculápio, a Palas-Minerva Hígia, a Artemis-Diana, a Anfiarau, o médico-adivinho dos Argonautas, a Calcas; aos deuses Sotor, Ino, Hemetea, etc. Pesquisas importantes feitas nos séculos XIX e princípios do XX, permitiram aos arqueólogos reconstruir parte de alguns desses santuários, frequentados desde o século V antes de Cristo até ao ano 426 da nossa Era.

Glossário (pequeno) deste trabalho:


Ptolemeu: Cláudio Ptolemeu ou Ptolomeu, foi um cientista grego que viveu em Alexandria, uma cidade do Egito. Ele é reconhecido pelos seus trabalhos em matemática, astrologia, astronomia, geografia e cartografia.
Ísis: Na antiga mitologia egípcia, Ísis era a deusa do amor e da magia, considerada também a mãe de todo Egito. Era filha de Geb (deus da Terra) e mulher do irmão Osíris (deus da vida no além e da vegetação). Teve um filho com Osíris, Hórus (deus do Céu). A deusa egípcia Ísis tinha os seguintes títulos (epítetos): "Rainha dos deuses", "Grande deusa Mãe" e "Força fecundadora da natureza" e "deusa da maternidade e do nascimento". 
Serápis: Nos tempos dos Ptolomeus precipita-se a decadência, ainda que exteriormente o culto brilhasse com inusitado vigor. Nos centros cosmopolitas, em Alexandria principalmente, as pessoas cultas se desprendiam insensivelmente das antigas crenças, ou então pretendiam modernizá-las, dando-lhes cunho helenístico. Os gregos, então, representavam a ciência, a filosofia, a civilização mais requintada. Os deuses do Olimpo participam do panteão egípcio. Zeus-Amon domina. Em Alexandria Osíris cede o lugar a Serápis, cuja origem ainda não se logrou explicar. Segundo tradição duvidosa, teria sido trazido por Ptolomeu lI, em virtude dum sonho; o novo deus foi ricamente instalado num templo e logo se tornou o favorito dos alexandrinos. Deus híbrido, parece que o nome deriva de um anagrama de Osíris e Apis.
Diodoro de Sicília: Sabe-se, com razoável certeza, que esteve no Egito, entre 60 a. 57 antes de Cristo, aproximadamente, onde iniciou as pesquisas necessárias para suas atividades de historiador, trabalho que se prolongou durante os 30 anos seguintes . Parece que em 56 antes de Cristo viajou para Roma e lá ficou durante muito tempo, certamente consultando os arquivos e registros disponíveis.
Apolo: Como se lê em Homero, os primeiros de seus atributos foram o da morte súbita com suas flechas infalíveis, a música, a vingança e punição de violações da lei sagrada, o causador de doenças, e apenas secundariamente curador. Com o passar do tempo seu mito foi sendo enriquecido, e a enorme quantidade de epítetos que foram associados a seu nome o prova. Seu caráter primitivo, marcado pela violência, tornou-se mais brando, e ele foi erigido em um deus civilizador, curador, protetor, harmonizador e organizador, num justiceiro mais equilibrado e em um profeta completo. Pitágoras teve um papel nessa transformação. Ele era considerado por uns um filho de Apolo, por outros uma encarnação do próprio deus, que descera ao mundo dos homens com uma missão terapêutica, e é significativo que Pitágoras só sacrificasse em altares de Apolo, chamasse a si mesmo de um curador, tocasse a lira e desse grande importância à música e à divinação.
Esculápio: Deus solar e da saúde, que com o nome latinizado de Esculápio, era o deus romano da medicina e da cura, herdado diretamente da mitologia grega, na qual tinha as mesmas propriedades. Filho de Apolo com a mortal Coronis, segundo reza uma narrativa mitológica cantada pelo poeta Píndaro (522-443 antes de Cristo), foi tirado pelo pai do ventre da mãe no momento em que esta se encontrava na pira funerária, conferindo-lhe o simbolismo da vitória da vida sobre a morte. Nascido como mortal, aprendeu a arte da medicina com o centauro Quirón e uma serpente ensinou-lhe como usar uma planta para dar vida aos mortos. Mas depois da sua morte foi-lhe concedida a imortalidade. Entre seus filhos com Epione foram particularmente importantes Panacéia, Hígia ou Higéia, as quais foram intimamente associada ao culto a seu pai.
Minerva: Era filha de Júpiter, após este engolir a deusa Métis (Prudência). Com uma forte dor de cabeça, pediu a Vulcano que abrisse sua cabeça com o seu melhor machado, após o qual saiu Minerva, já adulta, portando escudo, lança e armadura. Era considerada uma das três deusas virgens, ao lado de Diana e Vesta. Deusa da sabedoria, das artes e da estratégia de guerra, era filha de Júpiter.
Higia: Era a deusa da saúde, limpeza e sanidade (e posteriormente: a lua), exercia uma importante parte no culto do pai. Enquanto seu pai era mais associado diretamente com a cura, ela era associada com a prevenção da doença e a continuação da boa saúde.
Artemis: É representada, como caçadora que é, vestida de túnica, calçada de coturno, trazendo aljava sobre a espádua, um arco na mão e um cão ao seu lado. Outras vezes vemo-la acompanhada das suas ninfas, tendo a fronte ornada de um crescente. Representam-na ainda: ora no banho, ora em atitude de repouso, recostada a um veado, acompanhada de dois cães; ora em um carro tirado por corças, trazendo sempre o seu arco cheio de flechas.
Diana: Na mais famosa de suas aventuras, transformou em um cervo o caçador Acteão, que a viu nua durante o banho. Indiferente ao amor e caçadora infatigável, Diana era cultuada em templos rústicos nas florestas, onde os caçadores lhe ofereciam sacrifícios. Na mitologia romana, Diana era deusa dos animais selvagens e da caça, bem como dos animais domésticos. Filha de Júpiter e Latona, irmã gêmea de Apolo, obteve do pai permissão para não se casar e se manter sempre casta. Júpiter forneceu-lhe um séquito de sessenta oceânides e vinte ninfas que, como ela, renunciaram ao casamento.
Anfiarau: Era um adivinho da corte de Argos, casado com Erifila, irmã do rei Adrasto. Anfiarau era filho de Oicles, filho de Antiphates, filho do adivinho Melampo. Casou com Erifila, filha de Talau e Lisímaca. Sabedor de que a guerra que o cunhado pretendia mover contra Tebas (os Sete contra Tebas) redundaria em sua própria morte, tentou dissuadi-lo, em vão, por meio de Erifila. Morreu quando seu carro foi tragado num abismo aberto por Zeus, durante a guerra.
Mênfis: Acreditava-se que Mênfis estava sob a proteção do deus Ptah, padroeiro dos artesãos. Seu grande templo, Hut-ka-Ptah ("Recinto do ka de Ptah"), era uma das estruturas mais destacadas da cidade. O nome do templo, transliterado para o grego pelo historiador Mâneton, seria a origem etimológica do nome atual do país nos idiomas ocidentais, Egipto. A história de Mênfis está fortemente ligada à do próprio país. Acredita-se que sua eventual queda estaria ligada à perda da importância econômica ocorrida na Antiguidade tardia, que se seguiu à ascensão de Alexandria, no litoral. Sua importância religiosa também diminuiu com o abandono da religião egípcia antiga, ocorrida após o Édito de Tessalónica. As ruínas da antiga capital oferecem, nos dias de hoje, uma evidência fragmentária de seu passado magnífico.
Canopo: Era situada em cercanias do porto moderno do Alexandria, a 25 quilômetros do centro de aquela cidade e dois ou três quilômetros de Abukir. A cidade antiga cumpriu a função do porto principal egípcio até a fundação de Alexandria em século IV, antes de Cristo. Suas ruínas estão localizadas numa ilha sedimentar ocidental do delta, em desembocadura do braço localizado no extremo Oeste da formação fluvial, também chamado braço Canópico, Canóbico ou Hereaclótico, um dos sete braços antigos do Nilo (o Canópico, o Bolbitínico, o Sebenítico, o Bucólico ou o Fátnico, o Mendésico, o Tanítico (seco no século IX antes de Cristo) e o Pelúsico (coberto com areia no século XII antes de Cristo).
Alexandria: Nos tempos antigos, Alexandria foi uma das cidades mais importantes do mundo. Foi fundada em torno de um pequeno "vilarejo" em 331 antes de Cristo, por Alexandre, "o Grande". Permaneceu como capital do Egipto durante mil anos, até à conquista muçulmana do Egipto, quando a capital passou a ser Futsat e que foi depois incorporada no Cairo. Alexandria era conhecida pelo Farol de Alexandria (uma das sete maravilhas do mundo antigo e talvez onde pela primeira vez fosse utilizado o petróleo), pela Biblioteca de Alexandria (a maior do mundo antigo) e pelas catacumbas de Kom el Shoqafa (uma das sete maravilhas do mundo medieval). 
Busíris: A terra de Busíris, no Egipto, estava sofrendo com fome após nove anos de seca, e o rei chamou adivinhos da Grécia. Thrasius, filho de Pigmalião, irmão de Busíris, ou Phrasius de Chipre, anunciou que a chuva chegaria se um estrangeiro fosse sacrificado, e provou suas palavras quando ele mesmo foi sacrificado. Segundo Pseudo-Apolodoro, o oráculo de Phrasius foi que a seca cessaria se um estrangeiro fosse sacrificado todo ano. Busíris continuou sacrificando qualquer estrangeiro que chegasse ao Egito no altar de Zeus, seguindo o oráculo. Héracles foi capturado, levado ao altar, mas quebrou as correntes, e matou Busíris e seu filho Amphidamas. Na versão que (Pseudo-)Plutarco atribui a Agathon de Samos, Héracles atacou Busíris com seu cajado e o matou.
Abidos: Foi o centro religioso de maior veneração popular em Egito. O culto a Osíris, no que se produzia ritualmente a morte e a ressurreição do deus, atraía peregrinos de todos os cantos do país. Muita gente desejava participar nas cerimônias nas quais se fazia referência a passar por processos de dor e morte para depois ressurgir ou reviver num mundo e uma consciência completamente novos. Na zona entre o templo de Osíris e os cemitérios, que se estendia 1,5 km aproximadamente ao sudoeste de Kom el-Sultan, até o templo de Seti I, os cemitérios são muitos mais extensos do que outros jazigos funerários locais. No Império Médio os faraós começaram a construir cenotáfios em Abydos, culminando na XIX dinastia com os templos de Seti I e Ramsés II.

enviado pelo autor da pesquisa
Trabalho e pesquisa de Carlos Leite Ribeiro – Marinha Grande – Portugal

Livro de Visitas do Portal CEN - "Cá Estamos Nós"

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