foto Cláudia Brino |
Ergo olhar deslumbramento
vejo anjos sobre cabeças
humanas
dentro da catedral;
Anjos de ferro negro,
esculturas na architectura
de formas quase profanas
a romper tradição.
Não
desabe ó
figura
milenar, tu que estás
bem sobre mim ,
que não
rezo orações
prontas
e somente sei usar
o verbo molhado em pranto
ou a metáfora
cheia de luar.
(...)
Que desabem
sobre as cabeças
dos poetas
os passarinhos em alarido
dentro de um mercado,
a parecer kamikase,
suicida em massa,
ao jogar-se do teto ao chão
apenas para bicar migalhas.
São
nosso retrato:
livres, sem sermos canalhas,
videntes com olhos cheios de palhas
a pre/dizer os tempos,
cada fato envolvido
no pacote dos tesouros,
crianças
e sábios
a um mesmo tempo,
a chamar atenção
pelos vôos
inusitados.
(...)
Prefiro os pássaros
vagabundos
das ruas e das igrejas,
mercados e sinais.
Não
são
artes singulares e belas
nem enfeites de catedrais:
os anjos passarinhos
de Brasília
estão
presos a cabos
e suspensos
sobre nossas cabeças
a lembrar talvez pecados ,
talento, criatividade embora.
Já
os pássaros
-anjos
desde o Egito antigo
têm
a missão
de carregar almas
entre a vida terrena
e a morada dos deuses.
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