Cláudio Feldman Mãe extremada (14/4/08) Era mãe extremada, mas infeliz com a dubiedade de sentimentos, desejos físicos, estremecimentos, espasmos, que os corpos de seus oito filhos-homens lhe provocavam, fazendo seu animal dar sinal de vida. “ Seria isso vida?” Esse desejo maluco, essa carência de tremularem-se-lhe as carnes lá, no íntimo...? Sua culpa era tanta, capaz de mortificá-la. O que fazer se...? Cada hora era um a surpreendê-la sem cueca ou colocando a sunga ou tomando banho de porta aberta... “ fecha essa porta, seu exu!” ou dormindo nu ou se masturbando esquecido do mundo ou de quaisquer olhos ou sem o respeito devido àquela mãe já tão cheia de pecado. “Por que será que nossa mãe reza tanto? Pra que tanta oração nessa casa sem roupas, sem calçados, sem água, sem comida...? Ninguém vai trabalhar mesmo, estudar... nem pensar, procurar serviço... o que temos dá pra comer de vez em quando, ver televisão, andar por aí...” Decididamente, sua família nascera acabada...