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DESABAFO DE UM PAÍS - por Heloisa Crespo

 DESABAFO DE UM PAÍS

Na calada da noite fui, 
mais uma vez, enganado 
pelos meus próprios filhos 
que não reconheço mais.
Tenho por eles vergonha, 
mais que isso, tenho nojo,
uma ira incontida...
Filhos desnaturados, 
hipócritas, mentirosos 
que só pensam em vantagens, 
tirar proveito de tudo.  
Verdadeiros sanguessugas.
Teve um que ousou dizer 
que político é profissão, 
tal qual um professor, 

um médico, um policial, 
um ator, um agrimensor... 
Mas que profissão é essa 
que além de um alto ‘salário’, 
só comparece ao ‘trabalho’ 
uns três dias na semana. 
No mais tudo conta extra, 
até para atraiçoar, 
votando na madrugada, 
ente cochilos e roncos, 
medidas indecorosas 
que causam indignação 
a mim e a todo o meu povo 
que já não aguenta mais 
tanto deboche, cinismo, 
cilada e depravação 
no Congresso Nacional 
e, em todas as instâncias, 
nos Municípios e Estados, 
culminando em Brasília, 
que ao invés de dar exemplo, 
ensina tudo que é sórdido, 
grandes negociatas, 
conduzindo-me ao caos, 
numa desordem total, 
como aconteceu agora 
na Câmara Federal, 
numa votação marcada 
com a intenção de enganar, 
de ludibriar o povo 
como vem fazendo e faz, 
aproveitando o momento 
de dor e de sofrimento, 
quando o meu povo chorava
pela perda de irmãos, 
na tragédia do avião 
com o time chapecoense, 
agindo às escondidas, 
pela madrugada afora,
com as portas bem trancadas 
numa reunião pública 
a qual deveria ser 
aberta à população. 
Mas não. Traiçoeiramente
os senhores deputados
legislavam em causa própria, 
distorcendo a punição 
que poderiam sofrer, 
assim como os senadores, 
o atual presidente
e ex-presidentes também, 
para punir quem os julgam, 
desmascaram os seus roubos, 
mostram as caras que eles têm, 
arrancando-lhes as máscaras.
Será que eu aguentarei 
tanta armadilha e traição
da enorme classe política?

Vá, meu povo, para as ruas 
clamar pelos seus direitos, 
exibir nome por nome 
dos políticos indignos, 
em faixas monumentais, 
ao som do Hino Nacional, 
vestindo verde e amarelo, 
gritando: Brasil! Brasil! 

Heloisa Crespo
30/11/2016 
postagem enviada pelo autora 

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