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NATAL
EMANUEL MEDEIROS VIEIRA
Naqueles natais não havia
peru defumado
E sim presépio,
missa do galo, brinquedos de madeira, ternura.
Os shoppings estão cheios – como as novas
catedrais do consumo.
Pacotes, gente estressada,
barulho.
As pessoas só querem
eletroeletrônicos de última geração.
Tudo descartável:
gente, bolsas, joias.
O passado escorre úmido,
contamina o presente.
O menino talvez esteja
naquele pela enrugada.
O que é o tempo?
Tento congelá-lo– para ele ficar sempre comigo:
convertendo o instante em sempre.
Mas o menino continua no
outro natal:
e a esperança que não se desgruda da pele.
Natal.
É preciso
brindar à vida – sempre.
E saberei rir nesta outra
ceia –
tantos anos depois.
(Contemplando um natal mítico que
nunca morrerá.)
O rio?
Segue o seu curso.
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