conto poema inédito
rojão
1
ruas
milharais
meia
dúzia de rostos
queimados
de tédio e sol
aí
rebenta rojão
equino
pampo-pedrês
que conta
dança
desata
nós
palhaceia
2
tem 11
anos
a pata na
pedra
arranca
11 faíscas
gira a
corda na boca
laçando
joaquim
três
seu amo
as
narinas palhaceiam
nos
relevos
femininos
e
deita
como defunto
3
rojão
invade
todos os rodeios destes brasis
depois
jornais
e cinema
enchendo
a burra
de
joaquim três
4
políticos
e
starlets
querem
fotos
com rojão
e um
prêmio nobel
itinerante
é urinado
no retrato
5
rojão
invade
todos os rodeios do mundo
os reis
d’inglaterra
recebem
rojão
de rincho
caipira
em seus
aposentos
querem
subtraí-lo
de nosso
rincão
por
milhões de libras
mas
joaquim
bate o pé
em
buckingham
rojão
é a
consciência nacional
6
rojão
no
maracanã
ou no
madison
square
garden
é sempre
rojão
conta
dança
desata
nós
palhaceia
fingindo
a morte
e um
ventríloco
lhe faz
dizer
qualquer
semelhança
com
alimária
é pura
coincidência
7
mesmo
entre guerras
120.000.000
de aplausos
mesmo
entre guerras
anos
de
mirabolâncias mundanas
rojão
cansado
deita
como defunto
longe do
show
e há
lágrimas
alemãs
pela tv
8
o único
herói
de taquarituba
foi
um
cidadão de ferraduras
a câmara
o
prefeito
o padre
os
populares
erguem
uma
estátua equestre
sem
o homo
sapiens
9
entrou
por uma porta
saiu pela
outra
quem
souber
que conte
outra
mas só se
conta esta
em
taquarituba
cláudio
feldman
Observação:a
parte 6 vai de rojão
no
maracanã a é pura coincidência
Comentários
Regina Alonso
Edson Bueno de Camargo
Janice bifulco