Roteiros: entre
o cinema e a literatura
O
cinema ama as palavras ou as palavras amam o cinema? Esta pergunta sugere uma
relação encantada entre o mundo audiovisual e o mundo literário. Os roteiros
podem ser considerados manifestações literárias? Tentarei responder esta
pergunta usando alguns exemplos.
A
relação entre o cinema e a literatura no Brasil é antiga. Muitos textos
literários foram adaptados para o cinema. Posso citar um antigo exemplo: O
Pagador de Promessas (1962), baseado na dramaturgia do grande Dias Gomes e um
exemplo recente, A Máquina (2004) baseado em livro homônimo de Adriana Falcão.
O fato é que a literatura sempre foi uma fonte importante para o cinema
brasileiro. Textos que desvendam a identidade brasileira investigam a nossa
realidade, descrevem nosso cotidiano e tem uma sólida trajetória permitem aos
mais variados diretores encontrar um porto seguro para seus trabalhos, para a
criação de roteiros adaptados consistentes que unem a narração literária aos
elementos próprios do cinema (definição de ambientes, descrição de planos,
etc.).
Além
disso, um fenômeno importante nos últimos anos é o envolvimento cada vez mais
frequente dos escritores com o mundo audiovisual. Posso citar exemplos como
José Roberto Torero, Fernando Bonassi e Marçal Aquino. Torero escreveu o
roteiro para “Pequeno Dicionário Amoroso”, Bonassi escreveu roteiro para
“Cazuza” e Aquino escreveu roteiro para “O Invasor”. Es-sa relação tão própria
do nosso tempo leva até a imaginar a figura mais nova da criação cultural: o
escritor-roteirista.
A
literatura como uma antiga e rica fonte para o cinema e o envolvimento cada vez
maior de escritores com o mundo audiovisual são fatos que demonstram a profunda
relação entre as manifestações audiovisuais e as literárias. Penso que neste
contexto a inclusão de roteiros para o meio audiovisual no universo dos gêneros
literários é um movimento pertinente, pois a literatura ficará enriquecida com
esta inclusão e, por outro lado, o mundo audiovisual solidificará uma parceria
para todas as horas.
postagem enviada por José Vieira de Almeida
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