Unilateral
Vamos
dividir as náuseas, querido.
Somos um
casal sem expectativas de vida
pior, sem
chance de saída!
Por isso
querido, o estranho nos guia;
esse
caminho é aparentemente mais cômodo
só
aparentemente.
Dividimos
a cama:
cada um
tem seu aposento
nos
amamos sem querer regredir,
se o gozo
é a morte
ainda não
morremos inteiramente,
nossos
poucos sobrevivem aos fins
restantes,
me custa acreditar nisso!
Em vez do
fogo, vivemos na chuva
em vez de
música, cantamos pássaros
em vez de
sorte, nos apropriamos da lua.
Como amar
o sopro do teu perdão?
Construímos
nosso lar no frio,
o largo
vazio dos teus olhos me aquece.
** “Cacos do Infinito”, de Shauara David, é
um livro abrupto. Sim, não esperem os românticos por uma poesia suave, nos
moldes em que se enlevam os espíritos apaixonados em suas hastes de rosas ou
nas agruras do amor. Não! É um soco no estômago. Um choque térmico. - por Hilário
Francisconi
** Nos seus poemas mantém
a expressão de um lirismo atinado, ou seja, o sentimento e a emoção contêm-se
nos limites do equilíbrio e da harmonia. A poetisa pertencente à novíssima
geração da poesia potiguar – vale reafirmar - marcada por questões existenciais,
filosóficas e pela ânsia de liberdade de expressão; como tal privilegia a
riqueza do léxico, numa linguagem que explora símbolos e imagens. por Thiago
Gonzaga
CACOS DO INFINTO - Shauara David
ed. Costelas Felinas - livros e
revistas arteanais
FACEBOOK/artesanal.livro
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