enviado pela autora
Temporais
Amélia Luz –
Terra molhada
Pés descalços
Poças de lama,
Vida que chama!
Dedos amassando o barro
Entre as folhas caídas.
Sopra o vento frio
Brincando de moleque-saci
No telhado de sapé,
Em dia de tempestade.
Transito os quintais da minha infância
Encontrando teimosa,
O que sobrou da borrasca.
A mulher magra de olhar tristonho.
O varal vazio a casa descoberta
A força das enxurradas...
O pomar destruído
O gado desalojado...
Da porta da choupana
Em meio às palafitas
No imenso alagado
Uma pequena varinha,
Que deveria ser a mágica,
Tenta pescar o almoço
Nas mãos desajeitadas
Do menino franzino,
Que tem fome!
Os rios vazam de suas caixas
O caminho barrento e escorregadio
Não oferece acesso ao arraial.
A natureza continua zangada
Os trovões ameaçando com fúria
Prometendo novas chuvas.
Na janela do casebre humilde
Um pequeno altar e muita fé.
A imagem de Santa Bárbara,
Velas acesas e um ramo bento
Queimando devagar
Como incenso para proteger
O sertanejo das regiões ribeirinhas.
Fé, oração e devoção!
Esperança em Deus
Nos dias de temporais.
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