ACREDITE SE QUISER...
SE PUDER
Mario Rezende
capa dura - Ed. Costelas Felinas
Confesso ao(à) leitor(a) que levei um baita susto agradável
ao ser convocado por Mario Rezende para prefaciar o seu então mais novo rebento
literário. Sim, eu encaro com o uma convocação a solicitação de prefaciar um
livro alheio, não como um mero convite. O autor e eu temos já uma história em
comum nas letras brasileiras, uma vez que somos confrades, tivemos parte em um
mesmo sítio virtual de literatos, ministramos uma oficina de poesia, tomamos
parte no evento nacional “Um poema em cada árvore”, fomos juntos a um dos dias
da Bienal do Livro do Rio de Janeiro em 2013 etc. Ou seja, a cumplicidade é
grande! Mario é um tremendo amante da poesia e da prosa, além de ser
indubitavelmente competente nos projetos em que se aventura.
Neste
livro, o autor de cara se lança em um conto futurista (mas com temática bem
atual), uma vez que o protagonista Marcel Ruby Third tem dificuldades de
relacionamento e procura uma androide (ou melhor, uma ginoide) para seguir uma
doce vida a dois. Aí o(a) leitor(a) pode se questionar: por que procurar uma
“robô” em vez de uma mulher? E eu lhe digo: “descubra por si mesmo(a); garanto
que irá gostar!”
A jovem
Melanie realiza uma busca por si mesma, procurando a resposta a uma pergunta
que vários de nós nos fazemos alguma vez na vida: “quem eu sou?”. O conto é bem
curtinho, mas o tema é interessante, por abranger uma dúvida que muita gente se
faz.
Uma viagem
a Paris é o sonho de muitas pessoas românticas e, mais usualmente, de casais
apaixonados ou em busca de reacender a flama que os uniu um dia. Todavia, o que
ocorre com o protagonista é uma estória clássica de que muitos já ouviram
falar, mas, como sempre, contada com riqueza de detalhes, ou seja, com o padrão
Mario Rezende de qualidade.
Quem será
que deixou uma caneca de plástico cair no quarto de Geovana? Se não foi ela,
sua mãe nem seu pai (os ocupantes da residência), quem terá sido? A janela
estava fechada, de modo que vento algum poderia ter chegado da rua e soprado ao
chão o tal objeto! Aliás, não apenas uma caneca aparecerá inesperadamente...
Cristiano
e Angélica são noivos. Castos como uma vazia folha de papel plana. Todavia, as
carícias superficiais entre os dois durante o namoro fazem com que tenham o
desejo da carne. O pecado vem em decorrência (natural?) e, com ela, vem a
culpa. Mesmo porque Martha, tia da moça, é dona de um lupanar. Algo inesperado
ocorre, o que aproxima Cristiano e Martha.
Um casal
se conhece numa balada, como tantos. Tem então uma paixão súbita durante a
dança sensual. Por conseguinte, eles se entregam reciprocamente a uma tórrida
noite de prazeres na cama. Foi realmente algo normal o que se sucedeu no caso
trazido à baila? Não neste conto...
Uma moça
quase maior de idade (...) tem sua primeira noite de paixão. Com um homem da
idade de seu pai. Este fica sabendo e de fato não aprecia o ocorrido. Esses
tópicos por si já põem fogo num texto, não é mesmo? Uma estranha pedra cai do céu em uma proprie-dade rural.
A partir de então a morte se espalha a todos que descuidadamente tocam o objeto
ou que têm contato com quem o tocou. A partir daí dá-se uma corrida contra o
tempo. Não para curar os atingidos, que morrem rapida-mente, mas para
exterminar a ameaça alienígena.
Um rapaz
retorna dos Estados Unidos economicamente bem e se estabelece no Mato Grosso,
tornando-se um partidão. Tudo vai bem até que sua namorada some de repente.
Depois desse caso ele segue se relacionando com outras moças, mas logo depois
das relações sexuais elas sempre apresentam distúrbios neuropsíquicos. Qual
seria o motivo?
Severino é
completamente obcecado por uma moça, a qual, além de não lhe corresponder aos
sentimentos, ainda por cima desdenha-lhe da feiura. Isso faz o pobre coitado
passar a atuar justamente da forma como ela o vê... Literalmente.
Mouna é
uma jovem iraquiana de família humilde que, após ver seu país ser invadido, se
refugia e se vê na necessidade brutal de se prostituir para ajudar no sustento
da família. Mas isso é somente o princípio, uma vez que seus pais morrem de
desgosto... literalmente. Mas ela se vingaria, por certo!
Chico é um
porco. Não, não é ofensa, caro(a) leitor(a)! Ele é um porquinho que tem seus
amigos igualmente suínos. Entretanto, a vida deixa de lhe ser uma maravilha
quando ele é retirado do contato com os iguais e levado a um outro local, o
qual lhe proporcionará cenas inolvidáveis... Uma reflexão para nós mesmos!
Cínthia
ama Raulino, que ama Verbena, a mãe daquela. Tudo na base do puro platonismo.
Esta, entretanto, falece, mas jamais deixa de estar perto do casal...
Soraia e
Mike; Karen e Willy. Duas brasileiras e dois estrangeiros. O acaso os uniu; o
acaso os separará...
Uma
senhora some das vistas das vizinhas fofoqueiras. Estas nem imaginam o que se
deu... até acionarem a Polícia.
Em suma,
por considerar que este livro conta com diversos atrativos, sinceramente sugiro
a você que comece a lê-lo imediatamente. Trata-se de mais uma obra de grande
qualidade de um contista de mão cheia que sempre encontra lugar entre os dedos
para uma caneta repleta de tinta, uma vez que a cabeça é repleta de boas
ideias.
OLIVEIRA CARUSO
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