enviado por Emanuel Medeiros Vieira
LIVRO IMPRESSO E
DIGITAL
(E outras
reflexões)
EMANUEL MEDEIROS
VIEIRA
Há cinco anos –
lembra Alexandra Alter, do “New York Times” –, o mundo dos livros foi tomado
por um pânico coletivo quanto ao futuro incerto da impressão.
Leitores
migravam para is novos equipamentos digitais e as vendas dos livros eletrônicos
disparavam, até 1.620 por centro entre 2008 e 2010, “alarmando os livreiros que
viam os consumidores usarem suas lojas para encontrar títulos que comprariam on-line”.
“Os ex-books
eram um foguete em disparada”, disse Len Vlahos, ex-diretor executivo do Grupo
de Estudos da Indústria de Livros.
Resumindo: o
apocalipse digital não aconteceu.
Em 2015, as
vendas digitais desaceleraram acentuadamente.
Segundo
Alexandra Alter, há sinais de que alguns adeptos dos livros eletrônicos estão
voltando para os impressos.
As vendas de
e-books caíram 10 por cento nos primeiros cinco meses deste ano, segundo a
Associação de Editores Americanos, que coleta dados de quase 1.200 editoras..
“A queda da
popularidade dos e-books pode indicar que o setor editorial, embora não seja
imune à revolução tecnológica, suportará o maremoto digital melhor que outras
formas de mídia, como a música e a televisão”.
Eu sei, eu sou
absolutamente suspeito. SÓ LEIO LIVROS IMPRESSOS.
Não consigo
imaginar alguém lendo “Guerra e Paz”, de Tolstoi (e muitos outros livros), via
e-book.
Nostalgia? Pode
ser.
Pode ser mais,
como a lembrança dos sebos, de tocar nos livros, de folhear, de anotar (como sempre faço – só leio com duas
canetas) Sim, o cheiro, a lombada. Alguns dirão que é um lugar-comum, que é
mania ou falta de adaptação aos tempos
novos – pode ser.
Mas lembro-me
que as pessoas falavam da morte do livro físico. O velório já estaria avançado.
Alguns
executivos de editoras– lembra a jornalista –AFIRMAM QUE O MUNDO MUDA DEPRESSA
DEMAIS PARA SE AFIRMAR QUE A ONDA DIGITAL ESTÁ PERDENDO FORÇA.
Uma nova geração
poderá achar que o livro impresso morreu. Pode ser. Quem sabe.
João Ubaldo
Ribeiro dizia que o bom do futuro é que ele não estaria mais aqui (ele, João
Ubaldo)...
Como disse
alguém, é tão importante a literatura na sociedade que quanto “mais frágil ela
for”, o povo estará em vias de perder o rumo de sua identidade e de seu país.
“A literatura é
a expressão mais completa do homem, como ente que pensa e sente”, afirmou Cyro
de Mattos.
Como salientou
Jaime Pinsky, “com os papiros e pergaminhos, inicialmente, e mais tarde com o
papel, (...), a cultura, no sentido de patrimônio acumulado, passou a alcançar
um número cada vez maior de pessoas,
democratizando o saber e dando oportunidades a uma parcela importante da
população. Sem a palavra escrita, em geral, e sem o livro, em particular, a
história não teria sido a mesma.
Como observa o
historiador citado, “jogamos no lixo milhares de anos de avanço civilizatório e
nos transformamos em meros consumidores de softwares”.
Seria preciso
uma novo Renascimento: da esperança,de
utopia, através da resistência da cultura contra a barbárie.
(Salvador,
outubro de 2015)
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