ERA...
(Narrativa da esperança)
EMANUEL MEDEIROS VIEIRA
(OUVINDO “JESUS, ALEGRIA
DOS HOMENS”, DE JOHANN SEBASTIAN BACH)
PARA CLARICE E PARA LUCAS –
E PARA AS CRIANÇAS DO BRASIL
“Opte por aquilo que faz o seu coração vibrar. Apesar de todas as
consequências”.
(Osho –
1931–1990)
Era tudo ao contrário.
Seria tudo melhor?
O Sagrado estava no mundo,
e andávamos todos sem medo.
Não, não há bichos
pré-históricos,
Nem história há.
Mas não havia matanças,
obuses, morteiros pernas arrebentadas, a cobiça maior, tantas guerras- – o
poder é tudo.
(Eu sei: sempre houve. Mas preciso “mentir” para ser “sincero” no que
escrevo.)
Reservo-me ao direito de
por hoje – só por hoje – de ser ingênuo.
E de repactuar-me comigo
mesmo, com os outros, com o cosmos.
(Tudo anda tudo tão
melancolicamente grave e desgraçado. Mas abraçamos a vida – intensamente.)
Eu sei: vivemos numa época
de absoluta regressão ética.)
O mundo era outro, havia
risos – era tudo sonho.
“Saudosista – dizes que
tudo era melhor porque já passou”, adverte-me um promotor interno.
Hoje não, por favor: nada
de narrativas estilhaçadas – quando todo
mundo morre no final.
Um piquenique, campinhos de
futebol, praias limpas, morros onde podíamos andar à noite,
E o melhor de tudo: não
tínhamos medo.
Ou não? Não sei. Sim: tínhamos outros medos.
Termino com Carl Gustav
Jung (1875–1961): “O sentido torna
suportável uma grande parte das coisas – talvez tudo. Ele nos conecta com a
realidade, inunda as trevas com luz e nos faz atravessar o sofrimento.”
(Salvador, junho de 2015)
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