*Silvério
R. da Costa
“A mulher do Neves” é um livro do consagrado
Nelson Hoffmann, autor gaúcho que investe, no caso em tela, na temática
policial, apostando no trabalho do seu detetive Landblut, um expert na arte de
investigar crimes cabeludos, revelando-se um profissional arguto, perspicaz,
determinado, que, com seu faro canino e auxiliado por uma equipe de respeito,
não desiste nunca de ver nas pequenas coisas os preciosos indícios que levam à
descoberta do crime.
O que temos aqui é uma história enigmática,
narrada num ritmo de mistério e suspense, do começo ao fim, quando tudo se
esclarece, graças ao detetive “nelsonhoffmanniano”, Landblut.
O livro é o retrato do caminho percorrido,
mentalmente pelo autor, o que denota a sua capacidade imaginativa. Ele investe,
como dito acima, na temática policial, mostrando o trabalho do seu
investigador, um ser lúcido e capaz das maiores proezas, seguindo critérios de
raciocínio que nada têm a ver com as costumeiras sofisticações policialescas.
Fumante inveterado, Landblut está sempre
“chupando um cigarro”, como se fora seu maior e fiel confidente. Landblut é um
homem sisudo, mas cordato e dedicado ao que faz. Exige a verdade acima de tudo.
Foi assim que chegou ao seio da família Neves, descobrindo e esclarecendo quem
matou a matriarca da casa, D. Zefa.
O livro vem perpassado por alta voltagem, dentro
de um processo criativo que encanta os leitores, prendendo-lhes a atenção,
dados os elementos cênicos e a trilha seguida pelo autor, revelando a dimensão
do seu trabalho, sem descambar para os desregramentos da imaginação, muito
comuns na temática policial.
A história versa sobre um crime cuja trama
parecia indecifrável. Os personagens viviam num universo aparentemente normal,
no seio familiar, mas que no decorrer das investigações, mostra outra realidade,
uma realidade de traição, contrabando e prostituição, entre outras; enfim, um
conjunto de revelações perigosas que só poderiam terminar como terminaram e
cuja revelação, ao final, surpreende até o mais cético dos leitores. E tudo se
deve a Landblut, ao denunciar que dona Zefa, a mulher de Osório Neves,
encontrada morta sobre a cama, fora vítima das tramoias que se escondiam por
detrás das atividades comerciais, aparentemente normais, no cerne da família.
A linguagem, aliada ao jogo de palavras, é
tipicamente gaúcha, mostrando seu pendor para o regionalismo policial. Nelson
Hoffmann é um autor tarimbado, que passou há muito, e folgado, pelo crivo da
crítica, porque não se faz concessões à mediocridade que anda por aí. Está,
pois, de parabéns!…
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*Escritor,
Crítico Literário
Cx.
Postal, 262
89801.970-Chapecó-SC
´postagem enviada por Nelson Hoffmann
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