Enquanto ontem, domingo, Noia tirava uma soneca sobre a poesia, nós estávamos trampando na edição do livro PONTE NECESSÁRIA de Ernani Fraga - ed. Costelas Felinas
http://artesanallivros.blogspot.com.br/
confira a apresentação e os poemas que compõem o livro.
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O poeta que conheci um dia em Sampa, tantos
anos depois reaparece e me entrega folhas trans-bordantes de poesia. Preciosidade
nesses tempos in-fames: poemas!
Pede que prefacie seu livro. Pedido
irrecusável.
E me ponho a ler/ouvir/ver/sentir.
De pronto, como sinaliza o título do poema Com um murro de calor, Ernani, “mãos
enterradas nos bolsos”, resiste “dentro do silêncio onde o incêndio
vive”.
Confesso: temi
pelo poeta nesses caminhos tor-tuosos; que o advogado, avocando seu direito,
sufocasse a poesia. Constato, feliz, que tal fato não ocorreu. Ao contrário: o
poeta se aprimorou, se temperou, e aprendeu com os disfarces.
Se em seus versos transparece niilismo também
revela o solidário que enxerga “a multidão imensa, silenciosa e tensa, /alimentada
de tapas e trapaças/
obscuramente
adormecida”.
Felizmente o poeta não dorme: acordado, vive
a poesia. E nos concede a graça de a compartilharmos com ele.
Só temos a nos
enriquecer com isso (por Valdir Alvarenga)
COTIDIANO
catando o amanhã
o dia de hoje prossegue
o de ontem
mesma luta
mesma trégua
tantas ruas
tantas rusgas
e mesmos
continuamos nós
em gruas
apesar dos maxilares
quebrados
mas levantamos sempre
e mastigamos
toda hora
toda vida
toda a vida
emerge inteira
toda rascunho,
toda ilusão
: dá medo
sempre recomeçar no limite
das brigas
sobretudo das brigas
com nosso eu escondido
ETERNIDADE
enquanto
no oceano da eternidade
me
dissolvo
em finitude
a vida vivida
atenta à certeza
do mal que me espreita
replica
e procria
ajeita o futuro
todo dia
na manhã dos tempos
e do corpo que se enfeita
com a ilusão da liberdade
nos instantes breves
dos dias
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