OS ANTIGOS COMPANHEIROS
: dele
ela tenta reaver
um gesto anterior
que o resgate ao coma
dos dias entorpecidos
: dela
ele tenta recordar
a imagem que o possa
acomodar à mulher à sua frente
e em lados opostos do tempo
como num tango miram-se
dos recuos, impulsos e esperas
tortuosos de nostalgia imprecisa
e a tênue linha da solidão de cristais
borra a arquitetura anoitecida
na casa vazia de modos comparsas
poema do livro PONTE NECESSÁRIA - que em 2017 chega à 2ª EDIÇÃO
http://artesanallivros.blogspot.com.br/
A TÍTULO DE PREFÁCIO
A TÍTULO DE PREFÁCIO
O poeta que conheci um dia em Sampa, tantos
anos depois reaparece e me entrega folhas trans-bordantes de poesia. Preciosidade
nesses tempos in-fames: poemas!
Pede que prefacie seu livro. Pedido
irrecusável.
E me ponho a ler/ouvir/ver/sentir.
De pronto, como sinaliza o título do poema Com um murro de calor, Ernani, “mãos
enterradas nos bolsos”, resiste “dentro do silêncio onde o incêndio
vive”.
Confesso: temi
pelo poeta nesses caminhos tor-tuosos; que o advogado, avocando seu direito,
sufocasse a poesia. Constato, feliz, que tal fato não ocorreu. Ao contrário: o
poeta se aprimorou, se temperou, e aprendeu com os disfarces.
Se em seus versos transparece niilismo também
revela o solidário que enxerga “a multidão imensa, silenciosa e tensa, /alimentada
de tapas e trapaças/
obscuramente
adormecida”.
Felizmente o poeta não dorme: acordado, vive
a poesia. E nos concede a graça de a compartilharmos com ele.
Só temos a nos
enriquecer com isso.
Valdir Alvarenga
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