PASTICHO - é a imitação do estilo de determinado autor. Muitas vezes elaborado para ser a outra
face do poema original. Não confundir com paródia, pois enquanto um à maioria
das vezes homenageia o autor imitado, a outra imita com intenção satírica.
Eu faço versos
como quem chora
De desalento... de desencanto...
Fecha o meu livro, se por agora
Não tens motivo algum de pranto.
Meu verso é sangue. Volúpia ardente...
Tristeza esparsa... remorso vão...
Dói-me nas veias. Amargo e quente,
Cai gota à gota, do coração.
E nestes versos de angústia rouca
Assim dos lábios a vida corre,
Deixando um acre sabor na boca.
- Eu faço versos como quem morre.
Esperança
Jorge Medauar
Eu faço versos como quem luta
De armas em punho... de armas nas mãos...
Forma ao meu lado, pois na labuta
Os companheiros são como irmãos.
Meu verso é aço. Fornalha ardente...
Peito ou bigorna... Braço ou trator...
Corre entre o povo. Salgado e quente,
Cai gota a gota, por que é suor.
E nestes versos de luta ousada
Deixo a esperança que sempre tive
Nas tintas rubras da madrugada.
- Eu faço versos como quem vive.
De desalento... de desencanto...
Fecha o meu livro, se por agora
Não tens motivo algum de pranto.
Meu verso é sangue. Volúpia ardente...
Tristeza esparsa... remorso vão...
Dói-me nas veias. Amargo e quente,
Cai gota à gota, do coração.
E nestes versos de angústia rouca
Assim dos lábios a vida corre,
Deixando um acre sabor na boca.
- Eu faço versos como quem morre.
Esperança
Jorge Medauar
Eu faço versos como quem luta
De armas em punho... de armas nas mãos...
Forma ao meu lado, pois na labuta
Os companheiros são como irmãos.
Meu verso é aço. Fornalha ardente...
Peito ou bigorna... Braço ou trator...
Corre entre o povo. Salgado e quente,
Cai gota a gota, por que é suor.
E nestes versos de luta ousada
Deixo a esperança que sempre tive
Nas tintas rubras da madrugada.
- Eu faço versos como quem vive.
Comentários
FAZ FRIO. HÁ BRUMA. AGOSTO VAI EM MEIO
(Vicente de Carvalho)
Faz frio. Há bruma. Agosto vai em meio.
E eu ia jurar, bendito engano
Que a primavera veio
Antes do tempo, este ano.
Vi-te. Sob o nublado céu de agosto
Nem os jardins começam a brotar,
Mas há rosas no teu rosto
E azul, azul de céu, no teu olhar.
Que importa o frio? A bruma? Agosto em meio?
Juro, posso-o jurar, que não me engano:
A primavera veio
Antes do tempo este ano.
Amo-te. E assim como se não houvesse
Inverno, a terra nua, a bruma no ar,
O meu coração floresce
E há luz de sol, no meu olhar.
VENTA, HÁ SOL. E O OUTONO CHEGANDO
(Deise Domingues Giannini)
Venta. Há sol. E vai o outono chegando
Tardiamente em meio a este mês de junho.
A primavera, não terá o comando
Das flores, que virão sem acabrunho.
Chegaste. Sob o céu limpo de junho,
Nas árvores os pássaros vindo em bando
E no céu só o azul faz um rascunho
Da cor do teu olhar tão calmo e brando.
Se o tempo é quente? Que importa! É junho!
Juro que não sinto o vento quando
Já nascem folhas sem um testemunho
E enfeitam galhos num total desmando.
Vi-te. E como sinto o ar de junho,
Que não imita o vento frio, normando,
Sinto-te triste, mas qual o mês de junho
Tua alma é de verão, sempre sonhando.
Não me procure mais.
Siga a sua estrada.
Não olhe pra trás.
Deixe a saudade comigo.
Leve o meu coração.
Procure um novo abrigo.
Em mim, vive a solidão
Paulo Diniz
Apelo
Não fique assim calada
Volte logo por fim
Meu corpo é a chegada
Olha apenas para mim
Deixe a saudade distante
Prenda agora meu coração
Meu lar será teu doravante
Em mim vive a paixão!
Clara Sznifer
Poema de Manuel Bandeira
Desencanto
Eu faço versos como quem chora
De desalento... de desencanto...
Fecha o meu livro, se por agora
Não tens motivo algum de pranto.
Meu verso é sangue. Volúpia ardente...
Tristeza esparsa... remorso vão...
Dói-me nas veias. Amargo e quente,
Cai gota à gota, do coração.
E nestes versos de angústia rouca
Assim dos lábios a vida corre,
Deixando um acre sabor na boca.
- Eu faço versos como quem morre.
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poema de Márcia Brabo
Sentimento
Eu faço versos como quem ama
De aconchegos... de beijos molhados...
Fazendo um simples agrado, mas sem drama,
Que possa levar a brigas ou enfados.
Meu verso é só coração. Bate insistente...
Amor ou Paixão... carinho ou prazer...
Cumplicidade e posse em dupla. Terno e quente,
Cai gota a gota, dos lençóis, até o alvorecer.
E, nestes versos, flui duo sentimento: Fogo-água.
Assim, o coração bate em descompasso e proclama,
Cada vez que, num beijo, deságua.
- Eu faço versos como quem ama.
Márcia Brabo
Epitáfio
Aqui jaz o sol
Que criou a aurora
E deu luz ao dia
E apascenta a tarde
O mágico pastor
De mãos luminosas
Que fecundou as rosas
E as despetalou
Aqui jaz o sol
O andrógino meigo
E violento, que
Possui a forma
De todas as mulheres
E morreu no mar.
Vinicius de Moraes
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Gênesis
Aqui nasce a Lua
Que criou o crepúsculo,
Ilumina os amantes sobre a rua
E embriaga, feito lúpulo!
O mágico odor
Derrama-se sobre as rosas
Adornando-as em todo seu esplendor
Deixando-as formosas.
Aqui nasce a Lua
A fêmea sensual
E terna que, nua,
Possui as curvas
De todas as fêmeas
E governa até as chuvas!
Márcia Brabo
SONETO DA SEPARAÇÃO
( VINICIUS DE MORAES)
De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o pranto.
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.
De repente, não mais que de repente
Fez-se do triste o que se fez amante
E do sozinho o que se fez contente.
Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente
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SONETO DO ENCONTRO
( LUDIMAR GOMES MOLINA)
Devagar do pranto fez-se a alegria
Sonora e colorida como a canção
E das bocas unidas fez-se a magia
E das almas espalmadas fez-se paixão.
Devagar da pressa fez-se a calmaria,
Que dos lábios brotou a primeira canção
E da explosão criou-se o contentamento
E do tempo móvel fez-se o
Devagar, não mais que devagar
Fez-se de alegria o que se fez semente
E de união o que se fez gozar
Fez-se do amigo próximo o presente
Fez-se da vida uma causa estelar
Devagar, não mais que de repente
DESENCANTO
Manuel Bandeira
Eu faço versos como quem chora
De desalento...de desencanto...
Fecha o meu livro se por agora
Não tens motivo algum de pranto.
Meu verso é sangue.Volúpia ardente...
Tristeza esparsa...remorso vão...
Dói-me nas veias. Amargo e quente,
Cai gota à gota do coração.
E nestes versos, de angústia rouca
Assim dos lábios a vida corre,
Deixando um acre sabor na boca.
Eu faço versos com quem morre.
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DÚVIDAS
Eu faço versos como quem grita
da dor de algemas...nessa prisão
Entro no astral...então medito
Com meu parceiro, nesta amplidão!
Meu verso é ouro. Tesouro ardente
No forno quente, a se expandir
Fala a verdade, âs vezes mente
Cai gota á gota, só quer partir!
E nestes versos, algemas rotas
Palavras correm, soltas ao vento
E deixam dúvidas , no amanhecer!
Eu faço versos, no outro mundo!
Edite Rocha Capelo
Santos, 01/07/2015.