O jornal O CAPITAL edição 273, traz uma página inteira com os poemas da revista Cabeça Ativa.
Transcrevemos o que foi publicado na página 2 do jornal:
"Veja uma parte da seleção de poemas feita pelos editores de "Cabeça Ativa" - uma revista temática que nesse número fez foco em equinos e nós tomamos a liberdade de editar alguns poemas do número 36 para ampliar a visão dos leitores sobre a editora Costelas Felinas."Na página 16 - (contracapa) do jornal alguns poemas que compuseram a revista tema Equino:
Rédeas
Vem subindo a Lua
cavalos saltam cercas
o cheiro morno do Verão
entra pelas estrebarias.
Vem redonda a Lua
um seio imenso
no peito azul.
sombras douradas, dragões.
Na madrugada
inúteis todas
as rédeas
que tentam
domá-los.
Jurema Barreto de Souza
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Impunidade
O castigo
vem a cavalo
e a
corrupção de trem bala.
Regina Coeli Nunes
Cavalos
Pela grande campina deserta passam
os cavalos a galope.
Aonde eles vão?
Vão buscar a cabeça do Delfim que
rola nas escadarias.
Os cavalos nervosos sacodem no ar
as longas crinas azuis.
Um segura nos dentes a branca atriz
morta que retirou das águas,
Outros levam mensagens do vento aos
exploradores desaparecidos,
Outros carregam trigo para as
populações
abandonadas pelos chefes.
Os finos cavalos azuis relincham
para os aviões
E batem a terra dura com os cascos
reluzentes.
São os restos de uma antiga raça
companheira do homem.
Os homens vão substituí-los pelos
cavalos mecânicos
E atirá-los ao abismo da história.
Os impacientes cavalos azuis
fecharam a curva do horizonte
Despertando os clarins na alvorada.
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por você eu ia
onde o cavalo olhava
por mim eu cavalgava
Alice Ruiz
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Nunca
vi
Nunca vi
um jumento de cabeça erguida.
Esse bicho
tão calado, tão calado,
tão ascético
E que
chora em lamentação lancinante
a sua libido,
a sua
única e desesperada comunicação
com o
mundo:
o choro
arrependido de sentir desejo –
O jumento,
esse camelo
cor de
pele, cor de pó, cor dos desertos –
Carregaria
nas feições a dor humana?
Presumiriam
o seu silêncio e o seu zurrar
o que é a morte?
Nunca vi
um jumento de cabeça erguida.
Carlos Nóbrega
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Os
cavalos sentados
Na sala
dos candelabros amarelos
quatro
cavalos sentados pastam nosso ódio.
Meus olhos
se demoram nos cavalos
sentados à
mesa e coroados de flâmulas.
Não
lembram os unicórnios inocentes
na
primeira manhã do mundo. Não,
não
lembram os potros da infância
pelos
úmidos currais cheirando a esterco.
São
gigantes de crina penteada,
com o
símbolo cruel de seus rebanhos
fincados
como esporas em suas ancas.
Diante dos
grandes espelhos
se espojam
e relincham seu orgulho
de animais
de raça.
Bueno de Rivera
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cavalo com guizos
sigo com
os olhos
e me
cavalizo
Paulo Leminski
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