O fervor literário de
Iracema Régis parece mesmo que não para. De tempos em tempos, eis que essa
inquieta escritora abre suas gavetas, polindo os cristais do seu imaginário e
transformando em livros aquilo que lhe foi ditado pelas suas pesquisas ou pelos
alforjes da sua oficina criativa. Cearense de Limoeiro do Norte, encontrou em
São Paulo o destino da sua visão de andarilha, dali agitando o cenário
cultural, não apenas do ABC paulista, mas também e especialmente de Mauá, com
ressonância em vários Estados do Brasil. Integrante do Colégio Brasileiro de
Poetas, ali fez-se figura de relevo. Abraçou a poesia popular e destacou-se
como cordelista, mas nunca perdeu a sua condição de poetisa de linguagem
erudita e de ensaísta e crítica literária que se reinventa, desde o início da
sua produção. É autora de mais de uma dezena de folhetos de cordel e, entre os
seus livros de poemas, eu destaco: Argamassa (2005) e A Palavra Exata (2012),
sendo de 2006 o seu livro Babilônia de Babel, no qual ela se revelou
conhecedora do texto literário e analista vivaz da sua estrutura semântica.
Agora Iracema Regis volta ao ensaio literário e me escolhe como prefaciador do
seu livro – Sociologia dos Trópicos (São Paulo: Giostri, 2016) –, reatando os
Fios de Ariadne com que tecemos a nossa convivência e com que nos irmanamos na
seara do intercâmbio de ideias. Em A Sociologia dos Trópicos pulsa o estro da
sua visão de ensaísta, nos domínios da crítica, da cultura popular e do
memorialismo, estudando a obra ou a personalidade de expoentes da nossa
Literatura e da nossa Sociedade. Nesse conjunto de artigos de Iracema Régis não
faltou o seu olhar sobre a Música, a Política, a Cidadania, a Sociologia e o
Imaginário, mostrando-nos a autora a sua formação polimorfa, a sua cultura
humanística e o seu amor pela militância literária. A sua produção cultural não
paga tributo à cultura acadêmica. É despojada e talvez tributária da cultura
que apenas almeja a audiência franca ou a força emotiva da compreensão e da
cumplicidade. E nisso se resume a sua percepção criativa, a sua interação com
os leitores e a afirmação da sua experiência no campo literário. Iracema Régis
é escritora que se firma no contexto da sua geração, honrado a cultura
brasileira a partir das suas raízes fincadas no nosso Ceará, Província Universal
da Luz, Terra do Sol e dos Ventos e da Resistência Cultural.
do livro Resenhas e Perfis de Dimas Macedo
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Pamela Andrade