“A LÁGRIMA DA MÁSCARA”
é o titulo de
um poema três vezes premiado em concursos pelo Brasil afora e que, agora, passa
a ser o título deste livro. O poema nos faz refletir sobre a nossa trajetória
pela estrada da vida, as nossas dores e as marcas por elas provocadas. Ele
aborda as transformações ocorridas em nossos sentidos, nossa visão e as marcas
que deformam o nosso maior órgão, a nossa pele. Mesmo enrugados e acabrunhados
pelo peso do tempo, jamais devemos pensar em desistir ou sentirmos diminuídos
diante da ação devastadora dos anos. Muito pelo contrário: cada idade possui uma
beleza peculiar. O que precisamos é manter a chama da nossa infância acesa
dentro de nós para iluminar o interior de um templo que, por fora, expõe as
marcas do bisturi do tempo. No entanto, por dentro, continua intocável como no
início da nossa existência. - pelo próprio autor
confira o poema que deu o título ao livro
A lágrima da máscara
Uma incômoda,
dolorosa e impertinente lágrima
continua a
marcar a minha sensível máscara.
Borrando a
pintura e deixando suas marcas tão visíveis,
com os fortes
sinais que tatuaram minha alma,
provocados
pelo bisturi do tempo de lâmina afiada.
Como um palhaço,
um triste palhaço de cara pintada.
Um palhaço de
alma marcada, amplamente, torturada.
Por dores
sufocadas ao longo de tenebrosa estrada,
penosa
estrada, que a vida moldou a ferro e fogo.
Sinto-me um
palhaço sem graça, um joguete do jogo.
O tempo fez
dos meus olhos dois opacos faróis,
enfadados
faróis, de luzes cansadas, quase apagadas,
mas, apesar
de tudo, ainda faróis de tímido brilho,
o brilho que
reflete o fim, o fim da jornada, enfim.
Rompendo minha máscara e roubando-a de mim.
Quando a luz
se esvair na última fenda do meu olhar,
quando o
último brilho se apagar, o breu, então, se fará.
E aí, a
minha, até então, inseparável máscara me olhará,
de lá para
cá, pois já não haverá mais olhar de cá para lá,
um novo ciclo
recomeçará, com a máscara a me olhar.
Costelas felinas - livros e revistas artesanais
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