Fábio se sentou impaciente na sala de espera
do Hospital Geral da cidade. O melhor da região. Encostou a cabeça na parede
respirando fundo e inflando os pulmões, como se o ar que respirasse nunca
fosse suficiente. Abriu um caderno velho, surrado, de capa dura vermelha e
muitas páginas escritas, talvez todas. Recomeçou uma leitura que repetia
insistentemente, como se buscasse uma pista.
“Nunca
tinha visto aquela garota antes. Juro! Acho que ela se mudou para a escola há
alguns poucos dias. Desde que chegou, porém, não consigo tirar meus olhos dela.
Não penso em mais nada que não naquele azul oceânico que habita seus olhos.
Será que algum dia eles se dariam ao trabalho de olhar para alguém como eu? Um
garoto franzino, de cabelo repartido, de músculos nada atléticos? Descobri que
ela era nova na escola, chamava-se Amélia e faria as aulas de laboratório com
minha turma. Eu mal podia esperar para vê-la de perto, para, quem sabe, fazer
parte de seu grupo.
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