Ainda ruminando a emoção de ser honrado com o pedido de Dartagnan para
fazer apreciação de seu livro: “O lagarto também pensa poema”, comecei a
devorá-lo e logo me bateu a ânsia de pontuá-lo, vício oriundo dos meus mais de
trinta anos trabalhando em revisão de texto.
Todavia, caí em mim, desistindo do intento, por lembrar-me de que todo
poeta deve ser respeitado em sua Verve.
Constatei que Dartagnan fala muito em solidão, não contei às vezes, posto
que nunca tivesse simpatia por números, uma vez que dois mais dois são
sempre quatro, não muda nunca, e eu adoro novidades.
Voltando à solidão, parece-me ser aquele momento em que nos sentimos sós
ao tempo em que todos cantam “Parabéns pra você” no dia do nosso
aniversário. Mas cada um tem a sua solidão
particular, e penso que o Poeta nunca está sozinho, pois há sempre uma Musa
inspirando-lhe o peito que, até quando sangra, o faz em versos.
O poeta nasce feito, e para provar aí temos Dartagnan chorando amor
perdido já aos treze anos de idade, além doutros pescados na “folia da vida”.
Dartagnan surfa pelas ondas do imaginário, transformando em versos todos
os sentimentos de um ser dotado do mais puro lirismo, por estra-das e abismos,
rompendo aldravas que prendem no fundo da alma os mais belos poemas que
transbordam de um coração sofrido.
Parabéns, prezado amigo, doravante, quando indagarem seu nome, pode
responder com todo orgulho, meu nome é Poeta. - por Fernando Teófilo
À Sombra do Medo
O medo é
suor
abismo
sombra
É
distância da luz
borrão
deserto
É
silêncio que sangra
se
derrama
e
envenena o ar
Amarga a
saliva da boca
enrijece
os músculos
e salga
a sacrossanta vontade de continuar vivendo
À sombra
do medo
eu me
desfaço
sobro
passo
Permaneço
de mãos para o alto
o
coração em sobressalto
à espera
de que tudo seja
apenas
um
terrível pesadelo
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