PEQUENOS POEMAS
OU DOCINHOS DE COCO BAIANO? ...
Aristides Theodoro
O poema, em si mesmo, não passa de uma coisa
abstrata. Insossa, incolor, inodora. Porém, paradoxalmente, para mim, esses poemetos
de Neli Maria Vieira possuem cor, cheiro e um gostinho de doce de coco baiano.
Não são agridoces, enjoativos, como doce de leite ou goiabada, nem sensaborões,
como doce de cidra ou de fruta-pão. São pequeninos, suculentos, olorosos e
agradáveis ao paladar de qualquer cristão. Então, degustemos
“Os diabos que comiam a tarde;
Não critico o mundo se ele me carrega;
Se o poema é leve/sou sempre dele/
Um recorte do universo”.
Como
vemos, estes são alguns fragmentos dos poemas de Neli Maria Vieira contidos em
“O Signo da Borboleta” – primeiro livro de versos da autora, epigrafado com
frases de Clarice Lispector, onde lemos o seguinte: - “Suponho que me entender
não é uma questão de inteligência e sim de sentir”. O que leva o leitor a
pensar que para melhor entender a poeta de “O Signo da Borboleta” precisa
apenas abrir o livro e degustar os seus pequenos poemas, assim como se degusta,
vagarosamente, um saboroso docinho de coco baiano.
Iracema
M. Régis, falando sobre a obra de Neli Maria Vieira, disse: ... “uma poesia
intimista, às vezes trágica, crítica, pessimista e que revela a filosofia de
vida da autora”.
A
arte de Neli Maria Vieira me fascina desde que a vi pela a primeira vez, numa
sala de aulas, onde assistíamos a um Curso de Literatura, intitulado Extensão
Universitária e tive o privilégio de ver a poeta/pintora, em tom de
brincadeira, executar um dos seus trabalhos plásticos, dentro do seu estilo
INISTA. Coisa que até ali não ouvira falar. Após presentear-me com o pequeno
mimo desenhado na hora, falou-me minudentemente sobre o movimento INISTA, que
tem sede na cidade de Pescara, na Itália, do qual ela é representante e uma
das pessoas mais ativas em nossa terra.
Como
sempre ando de olhos em gente que possui queda para as artes; não vacilei em
convidá-la para que ilustrasse meus livros, como também os textos publicados
numa coluna literária, que mantenho há vários anos no jornal A Voz de Mauá e
que esses desenhos fossem estendidos para algumas revistas, onde a Neli, com
seu traço límpido, inova-dor, passou a colaborar. Há mais de 7 anos mantemos
essa parceria, um complementando o trabalho do outro.
Neli
pertence ao Conselho Editorial da revista BÉRÉNICE, editada na Itália e tem
visto suas ilustrações espalhadas por esse mundão de deus nossos senhor jesus
cristo afora, ora pongando
na garupa da Internet, ora nas páginas dos livros, jornais e revistas por ela
ilustrados.
Tenho
plena certeza de que Neli Maria Vieira veio para ficar no mundo das artes não
somente como pintora, porém como poeta, ensaísta e contista, talento,coragem e
responsabilidade é o que não lhe faltam. Portanto, “para frente e para o
alto!...”, Dona Neli Maria Vieira; só assim é que se alcança o pináculo da
“montanha mágica!...”.
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