O satânico Fernando Jorge
Texto de Aristides Theodoro
e Iracema M. Régis
Ilustração Inista: Neli Maria Vieira
Publicado em A Voz de Mauá nº 2283 – 09/12/2016
Não é de hoje que conhecemos esse valoroso escritor e jornalista fluminense, Fernando Jorge, que também é definido nas enciclopédias e dicionários de literatura brasileira, como ensaísta, biógrafo, cronista, romancista, dicionarista, crítico e no dizer do professor da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), Mário Sérgio Cortella, “um contraversista militante”. Fernando Jorge, de quem possuímos quase toda a sua obra devidamente autografada. Livros como:
Vida dos Grandes Pintores do Brasil; Vida e Obra de Olavo Bilac; Getúlio Vargas e o seu Tempo; Um Retrato com Luz e Sombra (sobre o qual fizemos uma merecida resenha literária, por ocasião do lançamento); Água da Fonte (poema em prosa); Lutero e a Igreja do Pecado; A Academia do Fardão e da Confusão; Cale a Boca, Jornalista!; Vida e Obra do Plagiário Paulo Francis; Se não fosse o Brasil, jamais Barack Obama teria nascido, etc. A partir dos títulos, podemos constatar que são todos livros polêmicos, truculentos, escritos por um homem cultíssimo, corajoso, irreverente, que vive debruçado em pesquisas a fim de bem documentar aquilo que escreve e comunicar-se com segurança através do texto. Já disse um jornalista a seu respeito: “ele apura as informações até o fim do caminho, para ser preciso, claro, simples, objetivo e honesto, para veicular a verdade, desfazer mitos ou inverdades, derribando-os por terra”
O exemplo vivo de que Fernando Jorge assume publicamente a sua posição na sociedade fora a publicação do seu Cala a Boca, Jornalista! (hoje na 5ª edição), onde o autor de forma extremamente documentada, denuncia as arbitrariedades cometidas pela ditadura militar de 1964, que tentou por via sanguinária calar toda a imprensa nacional e outros meios de comunicação, prendendo e processando jornalistas de norte a sul do país. Mostra, ainda, em dois alentados volumes, a ditadura Vargas com seus avanços e retrocessos.
Sem preocupar-se em agradar ou não a A ou a B, o tarimbado escritor Fernando Jorge é bastante premiado e elogiado ao mesmo tempo. Por várias vezes, tem sido processado devido às suas afirmações desassombradas, prenhes de verdades gritantes e sabedorias que sufocam os mais aguerridos e fanáticos contendores. É um direito que o leitor tem de discordar dos seus pontos de vista, o difícil é refutá-los de modo convincente. É o caso de A Academia do Fardão e da Confusão, em que o autor, a exemplo de um Tobias Barreto, de um Silvio Romero ou, modernamente, de um Agrippino Grieco ri, à bandeira despregada, de alguns figurantes, líderes medíocres, hilários que desde o início da instituição infestam os salões da Academia Brasileira de Letras. É surpreendente a maneira de Fernando Jorge tratar celebridades do porte da romancista Nélida Piñon, a qual, entre outros adjetivos, a chama de “vaidosíssima”, “deslumbradíssima acadêmica”, “pré-cadáver”, etc. O satânico FJ riu-se na cara do Celso Furtado, de Afrânio Peixoto, Rachel de Queirós, Lygia Fagundes Teles, Josué Montello e Marques Rebello que recebeu vigorosos pontapés na bunda, aplicados por Osvaldo Orico, um outro acadêmico. Em síntese, trata-se de uma obra mordaz, das mais contundentes, que saiu da pena rombuda desse terrível jornalista. Revelando todos os desconcertos dos velhinhos neuróticos, desastrados da Casa de Machado de Assis. Um trabalho infame, carregado de agressividades, que se lê do começo a fim com um sorriso zombeteiro, afivelado.
Como fora dito, Fernando Jorge prima pela mordacidade e desbanca alguns figurões empavonados das letras, da política e do jornalismo. Tais como Paulo Francis, talvez um dos mais desmoralizados por ele, que, além de acusar os plágios, aponta os erros gramaticais, a megalomania, preconceitos contra negros, nordestinos, ciganos (os diferençados). Segundo suas palavras, Paulo Francis é o “campeão” em nossa imprensa, na arte de cometer plágios. Ele roubou frases de Olavo Bilac, Machado de Assis, Arthur Azevedo, Manuel Bandeira, Nelson Rodrigues, Sérgio Porto e outros mais. Em termos de plágio FJ cita até Antonio Carlos Magalhães que num discurso copiou fragmentos de autoria do tradicional político mineiro, Affonso Arinos de Melo Franco.
Retornando às publicações: Pena de Morte: Sim ou Não? Um livro polêmico, nervoso, para o qual convida o leitor a emitir suas opiniões e tomar uma posição. Por sua vez, Hitler, um livro terrível em que o biógrafo narra a vida e obra de um maluco, um verdadeiro animal em forma de gente, pois, infelizmente, nasceu do ventre de uma mulher e que através de sua prepotência repugnante desgraçou o mundo, causando malefícios até hoje irreparáveis. O final desse degenerado não poderia ser deferente: cercado de inimigos por todos os lados, isolou-se covardemente em seu bunker, mergulhado a cinqüenta metros no fundo da terra onde pôs fim à própria vida com um tiro de pistola disparado no céu da boca. Com o corpo embebido em óleo diesel foi incendiado pelos seus subordinados. Antes, porém, envenenou sua cadela de estimação (que dormia na cama com ele e lambia-lhe a boca). Quantos aos demais cães, ordenou que os matassem. Aqui no Brasil, a ex-presidente Dilma Rousseff não fez por menos: antes de deixar o Palácio do Planalto (sacudida pelo impeachment), assassinou um cãozinho indefeso que lhe fora presenteado pelo ex-ministro Zé Dirceu (que hoje pena na Lava Jato de Curitiba).
É interessante observar que Fernando Jorge não perde a oportunidade de ser um crítico mordaz, instigante até nos seus autógrafos. Por isso, fazemos questão de transcrever um deles, grafado na primeira página de seu livro Se não fosse o Brasil, Barack Obama jamais teria nascido: “para Iracema M. Régis, escritora de talento, merecidamente elogiada por Aristrides Theodoro que ao contrário de Paulo Coelho sabe escrever com brilho, concisão e originalidade, este exemplar da 6ª edição do livro cuja tese foi plagiada pela ignorante e mediocríssima cantora Adriana Calcanhoto, mais conhecida, agora, após seu roubo, de Adriana Calca em Outro... Eu a destruí, esmaguei-a. Homenagem do seu admirador Fernando Jorge, SP 30/10/2015.
postagem enviada por Aristides Theodoro
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